sábado, 23 de junho de 2012

A coragem de encarar a realidade

Um lúcido artigo de uma petista de carteirinha, odiada por uns, admirada por outros, Marta Suplicy. 
Leiam e vejam o embroglio que os poderosos de plantão se meteram, contra a moral, contra a ética e promovendo a mais estúpida e suja onda de corrupção e safadeza que esse pais nunca antes tinha visto.



"Realpolitik"


Artigo de Marta Suplicy para a Folha Online


O modelo "realpolitik" se esgotou e parece que nem todos estão percebendo. Não dá mais para viver essa praga que se entranhou no sistema político brasileiro. Erva daninha que corrói valores, exclui a participação, nega a democracia, desestimula o mérito e ignora a ética.


Nascida na Alemanha, a expressão "realpolitik", segundo Luis Fernando Verissimo, é um termo invocado quando um acordo ou arranjo político agride o bom-senso ou a moral.


Os cidadãos eleitores, que ainda se dão ao trabalho de acompanhar a política, não suportam mais essa prática. Podem até entender a necessidade das composições, alianças e acordos que se tornaram imprescindíveis no Brasil muito em função do nosso sistema eleitoral, do número de partidos e do quanto tornou-se precioso o tempo de TV.


Os que criticam essa modalidade e as formas de fazer política, vistas como "normais" há décadas, têm hoje consciência de que elas são um terrível mal que compromete a ação de governar. Mas quando, pela sua simbologia, ferem os limites do bom-senso e têm a marca do estapafúrdio, tornam-se incompreensíveis para a população e são por ela rechaçadas. Encontram-se além dos limites da própria "realpolitik".


Os sentimentos de indignação, insatisfação e, por fim, impotência estão fazendo com que uma parcela grande das pessoas se desinteresse pela política. A maioria dos jovens quer distância. E o povo, mais escolado, começa a achar "tudo igual", o que acaba provocando o mesmo desinteresse.


A luta pela democracia no Brasil conseguiu eletrizar forças e corações que não suportavam viver num país sob ditadura. Cada um reagiu à sua maneira. Mas muitos morreram e sofreram pela liberdade. Esse resgate da democracia é tão importante que não poderia ter sido contaminado por práticas seculares que nos acorrentam à uma malfadada forma de fazer política. Esta mesma que aliena o povo que se vê --e se sente-- excluído e desrespeitado.


Mas nem tudo está perdido. Tem gente formulando, e outros remoendo, novas práticas e métodos, buscando diferentes formas e canais de interação social e política. Um novo modelo que contemple e dialogue com os vários segmentos e forças heterogêneas da sociedade. Uma construção distante dos métodos agonizantes e ultrapassados que ainda hoje vigoram. Uma transição necessária, e imprescindível, que já passou da hora de acontecer.


Não está claro como, e em quanto tempo, se dará o nosso processo de libertação da chamada "realpolitik". Mas, que esse sistema político e eleitoral que vivemos chegou à exaustão, tenho clareza."

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lula, sem entalar

Ruy Castro

O ex-presidente Lula está saindo de um difícil tratamento contra um tumor na laringe, em que se submeteu a muitas sessões de rádio e quimioterapia. Por sorte, não precisou passar por uma cirurgia, mas o rigor dos procedimentos é evidente. Sua histórica barba, por exemplo, está sumida, e não por sua opção --ela deixa de crescer na área atingida pela radiação. Mas o pior é a dor que, segundo o noticiário, ele continua a sentir para engolir sólidos e mesmo água ou saliva.

A rádio provoca também a destruição de glândulas salivares, o que leva à boca seca. Esta dificulta a fala (obriga a ter sempre um copo d'água à mão, para umedecer os lábios e a língua) e, de novo, a deglutição. Uma consequência desse tratamento é o permanente risco de o paciente entalar com alimento que tenha engolido sem mastigar direito --quase sempre, carne.

Daí a surpresa diante da atitude de Lula ao se aliar ao deputado Paulo Maluf (PP-SP) em prol de seu candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Não pela aliança em si --afinal, Lula já acomodou figuras como Fernando Collor e José Sarney em seu cardápio--, mas pela aparente facilidade com que, ao contrário de água ou saliva, ele conseguiu fazer o ex-arqui-inimigo lhe descer pela glote.

Vê-se que, em nome de seu projeto político, Lula consegue engolir até um bife de Tiranossaurus rex. Se isso é um crédito à sua capacidade de recuperação, talvez seja mais difícil de ser assimilado pelas pessoas que sempre acharam Maluf intragável e não têm o estômago de Lula.

O tratamento do ex-presidente, ao contrário do que dizem, ainda não terminou. É importante chegar intacto ao fim do primeiro ano, no qual o risco de recidiva, inclusive nos órgãos próximos, é sempre maior. Mas, pelo menos em termos políticos, Lula sente-se imune a contaminações.

Lecy Brandão, vice de Haddad?

Tive a oportunidade de assistir a artista Lecy Brandão num improviso para 50.000 na Praia de Icaraí quando da vitória do Brasil contra a Polônia por 1x0, gol de Josimar (lembram?). Puro carisma!
Sempre admirada pelo seu talento, teve intensa participação no movimento negro no Rio.
Daí a aproveitar a sua popularidade e respeito em SP para fazer política... sei não!
O paulista precisa parar com essa babação de ovo a cultura "carioca", desde a música ao botequim, e dar mais valor a prata da casa, a barraca de pastel.
Será que no meio do samba e do movimento negro, ou popular não tem paulista pra quebrar o pau na política?
Precisa de importar uma Lecy Brandão ou um Agnaldo Timóteo pra fazer política.
Daqui a pouco os paulistas vão começar a dar voz e votos a qualquer bunduda ou fortão da "Fazenda", só porque é carioca.
Se deêm ao respeito, por favor!

A verdade escondida

Por Eros Alonso

Muito natural a participação do Irã em qualquer negociação sobre a Síria.
Não é natural a participação de países longínquos como EUA e França.
A solução militar é o estopim para uma grande guerra, disso não há dúvidas, porque a Síria não está usando o grosso das forças armadas contra os rebeldes.
O governo de Assad poderia varrer Holms do mapa, mas os rebeldes usam escudos humanos.
Os cristãos sírios já decidiram e pegaram em armas. Não aceitam as lideranças rebeldes e a Sharia que querem impôr a mando do reizinho saudita, o maior déspota do mundo.
Porém, Tartus, é uma questão também iraniana e russa.
Não entendo porque a grande Imprensa do Brasil esconde da população a união e as manobras conjuntas, as maiores desde a 2ª guerra, das forças chinesas, russas , iranianas e sírias, com mais de cem mil homens, 400 aviões e mais de cem navios de guerra, entre destroiers, porta-aviões e submarinos.
As manobras irão testar mísseis em geral, bem em frente ao canal da Suez, por onde 15 navios de guerra chineses estarão passando nos próximos dias, ao lado de Israel , Turquia e e em torno de Tartus.
Não é preciso lembrar que fazem parte das manobras armas de destruição em massa, nucleares e não nucleares.
As manobras conjuntas são uma clara mensagem aos que enviam armas para os rebeldes.Assad pode cair mas o regime na Síria não muda.
Já o Ocidente vai amargar o fato de ter dado armas e apoio aos curdos sírios, porque curdo é curdo e a Turquia terá sérios problemas com eles daqui para a frente.
Querem o fim do último país árabe laico do regime alauita.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lula, o caudilho


JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

Na Rio+20, Lula não passou recibo da avalanche de críticas. Fez piada da foto com Paulo Maluf, dizendo que seu retrato com Dilma Rousseff seria “ambientalmente correto”. Sobre a aliança com o antigo adversário, saiu-se com uma meta-referência: “Pior seria se não houvesse repercussão”. É a versão ambientalmente correta do “falem mal mas falem de mim”, que notabilizou o jeito malufista de ser.

Se o mais importante é vencer, Lula tem razão. Como disse Fernando Henrique Cardoso, também na Rio+20, “(a foto) só terá impacto eleitoral se a oposição usar. Mas nem todos podem usar”. José Serra (PSDB) tem lá seus aliados incômodos, a exemplo do PR de Valdemar Costa Neto. A missão de criticar sobra para as linhas auxiliares tucanas, mas seu tempo de TV é escasso -pela falta de alianças com outros partidos.

Lula, pelo dito, não se arrepende de ter imposto a aliança com Maluf. Nem mesmo de ter posado para os fotógrafos na casa do ex-inimigo. Afinal, pelo raciocínio do ex-presidente, o único problema de seu candidato a prefeito paulistano, Fernando Haddad, é o desconhecimento. Logo, um episódio que rende manchetes mais ajuda do que atrapalha, pois puxa o pupilo do anonimato para a ribalta -não importa em que papel.

Se Haddad ganhar a eleição, Lula corre o risco de ser chamado de gênio -maquiavélico, mas gênio-, por ter arquitetado e implementado uma estratégia criticada por todos. Como aconteceu com Getúlio Vargas, vai ter quem diga “esse pernambucano é mineiro”. Se Haddad perder, a derrota será compartilhada. É o clássico “eu ganho, nós perdemos”.

A eleição de outro neófito pinçado por Lula seria a confirmação de sua doutrina: prévias partidárias são uma bobagem; a coerência política que importa é ganhar sempre; o aliado faz a hora e vice-versa. Seja qual for o resultado da eleição, Lula marcha para o caudilhismo getulista, e o PT, obediente, evoca cada vez mais o antigo PTB. Não existe vitória grátis.

A cara de um Brasil que não sabe o que é honra


do Blog de Augusto Nunes

“O símbolo da pouca vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente. Daremos a nossa vida para impedir que Paulo Maluf seja presidente.” (Lula, junho de 1984)

“Como Maluf pode prometer acabar com ladrão na rua enquanto ele continua solto?” (Lula, setembro de 1986)

“Os administradores do PT são como nuvens de gafanhotos.“ (Paulo Maluf, março de 1993)

“Maluf esquece de seu passado de ave de rapina. O que ameaça o Brasil não são nuvens de gafanhotos, mas nuvens de ladrões. Maluf não passa de um bobo alegre, um bobo da corte, um bufão que fica querendo assustar as elites acenando com o perigo do PT. Maluf é igualzinho ao Collor, só que mais velho e mais profissional. Por isso é mais perigoso.” (Lula, março de 1993)

“Ave de rapina é o Lula, que não trabalha há 15 anos e não explica como vive. Ave de rapina é o PT, que rouba 30% de seus filiados que ocupam cargos de confiança na administração. Se o Lula acha que há ladrões à solta, que os procure no PT, principalmente os que patrocinaram a municipalização do transporte coletivo de São Paulo”. (Maluf, março de 1993)

A foto abaixo informa que, em 18 de junho de 2012, sem que nenhum deles tivesse abjurado publicamente o que disse do outro, os velhos inimigos se juntaram para vender ao eleitorado paulistano a mercadoria que Lula contempla com o olhar orgulhoso de criador e Maluf afaga com o olhar guloso de quem vê um novo filão a explorar.



Fernando Haddad tem o jeito hesitante do filhote que não consegue andar sozinho.

À esquerda, o sorriso de Rui Falcão atesta que o presidente do PT está feliz por confraternizar com o que sempre chamou de “direita reacionária”.

À direita, o vereador Wadih Mutran, negociante de longo curso, avalia quanto vale um Haddad fantasiado de nova esquerda.

O chefe da seita, Aquele que Só dá Ordens, curvou-se à imposição de Maluf: além de outro cofre no Ministério das Cidades, o dono do PP fez questão de posar para a posteridade ao lado de Lula.

É uma foto para se guardar. Desnuda a cara de um Brasil Maravilha que não sabe o que é honra nem tem vergonha de nada. Escancara a face horrível da Era da Impunidade.

Habitação popular não deve ser esmola

Cito parte do comentário de Raul Just Lores em seu blog no Estadão a respeito da hegemonia de Paulo Maluf nos órgãos responsáveis pela construção de casa populares - Ministério das Cidades, CDHU/SP, etc:


"Quem viu ‘Cidade de Deus’, lembra da sina das casas populares construídas longe de tudo, sem previsão de espaços e equipamentos públicos vizinhos (escolas, praças, hospitais), sem contemplar a instalação de comércio. Apenas fileiras e fileiras de casas iguais, onde a monotonia nem é o maior problema.
É difícil criticar o que, para muitos, tem cara de filantropia, mas que tipo de cidade vai florescer a partir desses conjuntos habitacionais? O governo federal e as empreiteiras contratadas criam periferias sem transporte público, onde qualquer emprego fica a horas dali. E onde o sonho dos moradores é melhorar de vida para fugir o quanto antes."

Não é bem assim. Ficar ao lado dos humildes dá IBOPE mas cabe uma reflexão sobre estas populações. 
Na Cidade de Deus, o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, que é arquiteto construiu um conjunto popular que é uma joia de arquitetura. 
Vai lá ver como esta. Dá até pena! O cara que desenhou deve estar angustiado. 
Em Niterói, bem no centro da cidade, um outro é uma podridão. 
O fato de ser longe ou perto não interessa. Faz parte da disponibilidade de áreas para se construir. 
O que importa é que grande parte dessa população ainda não está preparada para conjuntos arquitetônicos. 
Vide os de Niemeyer construídos com Dom Helder no Rio. Tiveram o mesmo fim. 
A pobreza não pede casa dada, que cheira a esmola e só faz prolongar a miséria. Pede emprego para poder comprar uma. 
Se se fizer uma pesquisa verá que desses conjuntos 90% dos moradores não são os originais. Ou vendem e saem, ou deixam um parente no lugar. 
Pobre não é burro! Não precisa de um burguês sonhador para ditar sua vida.
Agora, quanto ao restante (parte) do post assino embaixo:


"Desde 2005, ainda no primeiro mandato de Lula, o Ministério das Cidades está nas mãos do PP de Paulo Maluf. Dilma manteve o ministério com o PP. Mais recentemente, em 2011, o governador tucano Geraldo Alckmin entregou a CDHU, que cuida da habitação no Estado, para o PP também. O ‘Cingapura’ venceu nas esferas federal e estadual. Graças ao apoio de Maluf ao candidato petista Fernando Haddad, Alckmin pensa em tirar a CDHU do malufismo."

A FARSA HISTÓRICA



MERVAL PEREIRA

"A foto que incomodou Luiza Erundina e chocou o país, do ex-presidente Lula ao lado de Paulo Maluf para fechar um acordo político de apoio ao candidato petista à Prefeitura paulistana (o nome dele pouco importa a essa altura) é simbólica de um momento muito especial da infalibilidade política de Lula.

Sua obsessão pela vitória em São Paulo é tamanha que ele não está mais evitando riscos de contaminação como o que está assumindo com o malufismo, certo de que tudo pode para manter ou ampliar o seu poder político.

O choque causado por esse movimento radical pouco importará se a vitória vier em outubro. Mas se sobrevier uma derrota, a foto nos jardins da mansão daquele que não pode sair do país por que está na lista dos mais procurados pela Interpol será a marca da decadência política de Lula, que estará então encerrando um largo ciclo político em que foi considerado insuperável na estratégia eleitoral.

Até o momento, as alianças políticas com Maluf eram feitas por baixo dos panos, de maneira envergonhada, como a negociação em que o PSDB paulista fechava um acordo com o PP em busca de seu 1m30s de tempo de propaganda eleitoral.

A própria Erundina disse, candidamente, que o que a incomodara foi o excesso de exposição do acordo partidário.

Maluf, do seu ponto de vista, agiu com a esperteza que sempre o caracterizou, mas com requintes de crueldade.

Ao exigir que Lula fosse à sua casa para selar o acordo, e chamar a imprensa para registrar o momento glorioso para ele e infame para grande parte dos petistas, ele estava se aproveitando da fragilidade momentânea do PT, que tem um candidato desconhecido que precisa ser exposto ao eleitorado para tentar se eleger.

Lula, como se esse fosse o último reduto eleitoral que lhe falta controlar, está fazendo qualquer negócio para viabilizar a candidatura que inventou.

Já se entregara ao PSD do prefeito Gilberto Kassab, provocando um racha no PT talvez tão grande quanto o de agora, e acabou levando uma rasteira que já prenunciava que talvez o rei estivesse nu.

Agora, quem lhe deu a rasteira foi uma dupla irreconciliável, que Lula tentou colocar no mesmo saco sem nem ao menos ter se dado ao trabalho de conversar antes: Luiza Erundina, que um dia foi afastada do PT por ter aceitado um ministério no governo de coalizão nacional de Itamar Franco, agora se afasta do PT malufista.

E Maluf, que vinha minguando como força política, viu a possibilidade de recuperar a importância estratégica em São Paulo no pouco mais de um minuto de televisão que o PP detém por força de lei.

A sucessão de erros políticos que Lula parece vir cometendo nos últimos meses – a escolha de Haddad, o encontro com Gilmar Mendes, a CPI do Cachoeira, o acordo com Maluf – só será superada se acontecer o que hoje parece improvável, uma vitória de Fernando Haddad.

No resto do país, o PT está submetendo os aliados a seus interesses paulistas, fazendo acordos diversos para garantir em São Paulo uma aliança viável.

A foto de Lula confraternizando com Maluf tem mais um aspecto terrível para a biografia do ex-presidente: ela explicita uma maneira de fazer política que não tem barreiras morais e contagiou toda a política partidária, deteriorando o que já era podre.

As alianças políticas entre Lula, José Sarney, Fernando Collor e Maluf colocam no mesmo barco políticos que já estiveram em posições antagônicas fazendo a História do Brasil, e hoje fazem uma farsa histórica.
Em 1989, José Sarney era presidente da República depois de ter enfrentado Paulo Maluf no PDS. Ante uma previsível vitória do grupo de Maluf derrotando o de Mario Andreazza, Sarney rompeu com partido que presidia, ajudou a fundar a Frente Liberal (PFL) e foi vice de chapa de Tancredo.

Na campanha presidencial da sucessão de Sarney, Lula disse o seguinte dos hoje aliados Sarney e Maluf: "A Nova República é pior do que a velha, porque antigamente era o militar que vinha na TV e falava, e hoje o militar não precisa mais falar porque o Sarney fala pelos militares e os militares falam pelo Sarney. Nós sabemos que antigamente se dizia que o Adhemar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem: Adhemar de Barros e Maluf poderiam ser ladrão (sic), mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República, perto dos assaltos que se faz".

Na mesma campanha, Collor não deixou por menos: chamou o então presidente Sarney de "corrupto, incompetente e safado".

Durante a campanha das Diretas Já Lula se referiu assim a Maluf: "O símbolo da pouca-vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente da República. Daremos a nossa própria vida para impedir que Paulo Maluf seja presidente".

Maluf e Collor tinham a mesma opinião sobre o PT até recentemente. Em 2005, quando Maluf foi preso e Lula festejou, e recebeu a seguinte resposta: “(..) se ele quiser realmente começar a prender os culpados comece por Brasília. Tenho certeza de que o número de presos dá a volta no quarteirão, e a maioria é do partido dele, do PT".

Já em 2006, em plena campanha presidencial marcada pelo mensalão, Collor disse que foi vítima de um "golpe parlamentar", do qual teriam participado José Genoino e José Dirceu,"enterrados até o pescoço no maior assalto aos cofres públicos já praticado nessa nação".

E garantiu: "Quadrilha quem montou foi ele (Lula)", citando ainda Luiz Gushiken, Antonio Palocci, Paulo Okamotto, Duda Mendonça, Jorge Mattoso e Fábio Luiz Lula da Silva, o filho do presidente.

São muitas histórias e muita História para serem esquecidas simplesmente por que Lula assim decidiu."

Quero mamar nessa teta...

Concordo que o texto final do documento da Rio+20 tenha a frase "com a participação plena da sociedade civil". Afinal todos queremos democracia e liberdade. Os ecologistas não podem se arvorar em caga-regras do planeta. O Rio de Janeiro hoje está parado! Em nome de uma causa vai-se contra o interesse de milhares de cidadãos. O meio-ambiente é razão das nossas vidas. Vivo nele e dele! Mas não temos o direito de em nome dele querer vir e colocar a todos a merce dos seus interesses. Ao passar pela Vila dos Atletas e Riocentro no sábado vi a fortuna que está sendo gasta para não se tomar nenhuma atitude.

As alianças enganam...


'Desistência é golpe na imagem da candidatura', diz historiador


Lincoln Secco ressalva que militância, que pode ficar desanimada com saída de Erundina, tem cada vez menos espaço


Gabriel Manzano - de O Estado de S. Paulo

A saída de Luiza Erundina (PSB-SP) da chapa petista “é um golpe na candidatura de Fernando Haddad”, afirma o historiador Lincoln Secco, autor de 'A História do PT'. Se ela sai “cobrindo-se com o manto da indignação ética”, então “a candidatura Haddad representa o quê?”

'A candidatura Haddad representa o quê?' questiona o autor de 'A História do PT'
Mas o historiador alerta que a aliança do PT com o deputado Paulo Maluf (PP) - razão da saída de Erundina - não chega a surpreender. Pois “o PT vem desanimando sua militância desde os anos 1990, quando iniciou sua caminhada para tornar-se um partido da ordem, uma legenda meramente parlamentar”. Essa militância, observa, “tem hoje um espaço muito reduzido dentro do partido”.

Como o sr. avalia a decisão de Luiza Erundina de abandonar a candidatura Fernando Haddad?
É um golpe na imagem da candidatura de Haddad. Depois de aceitar ela decide sair, cobrindo-se com o manto da indignação ética. Ora, se ela encarna essa indignação ética, então a candidatura Haddad é o quê?

Qual o tamanho desse episódio nas mais de três décadas de existência do PT?
Não é novidade que o PT tenha apoio de políticos de direita. O vice na chapa de Lula, em 2002, e depois em 2006, era José Alencar, um empresário tido como direitista. E cabe lembrar que a Erundina apoiou essa chapa nas duas ocasiões. A propósito, ela própria desafiou o PT, ao qual pertencia, quando aceitou ser ministra de Itamar Franco nos anos 1990. Naquele momento, o PT era oposição.

A militância petista não se sente hoje um pouco órfã?
O PT vem desanimando sua militância desde os anos 1990. Aos poucos, ele foi se tornando um partido da ordem, meramente parlamentar. Abandonou suas origens, marcadas pela força dos movimentos sociais. Mas o partido tem um patrimônio que, desde a chegada de Lula ao poder, ele vem gastando. Ainda tem muito a gastar. Esse eleitor não vê alternativas à sua volta.

Ou seja, a militância perdeu seu papel?
Ela tem hoje um espaço muito reduzido no partido. É basicamente formada por funcionários, militantes profissionalizados que são dependentes de deputados e vereadores, uma burocracia partidária.

E o papel de Lula nisso tudo?
Surpreende-me que ele tenha voltado a fazer a “pequena política” dentro do petismo, coisa que tinha abandonado em 1989. Agora, o método que Lula empregou viola os métodos tradicionais da história do partido. Isso pode lhe custar caro.

Acredita que Erundina, aos 77 anos, foi embora porque preferiu cuidar de sua biografia?
É difícil dizer. Os políticos, em geral, vão até o fim da vida pensando no poder. A trajetória dela é a de uma política que passou de uma esquerda radical para posições moderadas.

Mas preservou a imagem de uma resistência a alianças.
Ela foi eleita para a Prefeitura numa época em que as alianças do PT eram muito restritas. Só os partidos comunistas a apoiavam. E o que ela fez, na ocasião, foi empenhar-se em ampliar esse leque de alianças.

Eram alianças com forças ideologicamente mais próximas. 
O critério essencial para o PT, nesse tema, sempre foi outro: ele quer é a hegemonia - ou seja, ser o cabeça de chapa. Não importava tanto quem o estava apoiando. No caso inverso, quando ele é que apoiava, sempre houve problemas, mesmo quando a cabeça de chapa era algum socialista ou comunista.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Lula: de Deus a um Cesar

Lula está se achando um Deus! Está mais pra Cesar, o Maia, que depois de eleger um "poste" no Rio de Janeiro começou a se achar um Deus. Brigou com Conde, se reelegeu, e como todo mundo sabe afundou, envolto em névoas de má administração e corrupção. Na auge do seu pensar santificado tentou eleger um novo poste e virou, ele mesmo um fantoche político. Lula elegeu Dilma, acha que elege Haddad, e quer voltar a presidência. Talvez ai ao invés de Deus comece a se tornar um Cesar (o Maia).