segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Ainda o fim da CPMF

Poucos conseguiram entender o significado político do fim da CPMF. Quando a questão ainda estava na Câmara dos Deputados falava-se que se o governo conseguisse aprovar a medida não precisaria mais do legislativo, pois teria dinheiro suficiente para continuar com seus planos de investimento, e chegar a 2010 com um conjunto de obras que dificilmente deixaria de dar uma vitória a qualquer candidato que Lula apoiasse. Na Câmara foi difícil a aprovação. Tomados pelo sentimento de que seriam deixados de lado assim que a CPMF fosse aprovada, deputados de toda a base aliada tentaram tirar do governo (e conseguiram) tudo aquilo que faltava para dar-lhes a cara de "aliados": cargos e recursos os mais infinitos. Célebre a manobra do Deputado Eduardo Cunha para tirar a nomeação de Luis Paulo Conde e Moreira Franco, ambos do PMDB para os cargos que haviam sido indicados há meses, e que o presidente insistia em cozinhar. Conde até a pouco era aliado do Garotinho e Moreira de FHC. Atendidos em suas pretensões deputados aprovaram a CPMF em grande maioria dando a prova ao governo de que estavam satisfeitos nos seus pleitos, indo para casa dormir tranqüilos. Nessa fase pouco se deu ouvido a oposição. Crescia o movimento contra a CPMF nas ruas, e o único a dar-lhes voz na Câmara era o Deputado Paulo Bornhausen, de Santa Catarina. Ai a coisa chegou ao senado. Com um PSDB disposto a aprovar a prorrogação com uma alíquota de 0,20%, e com a destinação de todos os recursos para a saúde a coisa parecia andar na direção da vitória pela aprovação. Poucos prestaram atenção a uma entrevista de FHC à Folha de São Paulo, em que ele dizia que no seu governo a CPMF já tinha sido aprovada uma vez em janeiro, depois de muita negociação. Era o mote para o governo, como se dissesse: "Na marra não vai". Lula, montado numa aprovação gigante, e ancorado na aprovação que tinha conseguido na Câmara só fazia bradar contra a oposição, tachando de sonegadores todos os que se diziam contra, esquecendo-se que o malfadado imposto atingia muito mais aos pobres, posto que não tem pra quem repassar, do que aos ricos. Até que veio o "dia D" da votação. Sabendo-se perdido, o governo tentou retomar a discussão apelando para os governadores Serra e Aécio para que pressionasse suas bancadas. Queria que demonstrassem força, e fizessem talvez o mesmo que ele fez com os Deputados: recursos e cargos de montão. Serra e Aécio, baseados na máxima conservadora nascidas nas hostes do governo "faço oposição ao governo e não ao país" bem que poderiam ter ficados calados. Achando que já tinham conseguido os votos para entregar ao governo saíram para o abraço e botaram a cara nas tevês com efusivas e vitoriosas declarações. Quebraram a cara! Perderam feio para uma bancada de senadores unida, que rejeito peremptoriamente a velha política do "café com leite". Com isso o imposto acabou. E com ele a empáfia e a arrogância de um governo que "se acha", pensando que o charme, a simpatia e a popularidade de Lula são eternos. Agora vai ser difícil governar na base do "arrastão" da fórmula "cargos + recursos". Qualquer projeto que for apresentado aos deputados vai exigir muito mais fôlego financeiro. E se Lula não cair na real, baixando a bola da sua ira, e não reconhecer que política se faz com quem realmente tem poder vai ficar difícil. Ou senta pra conversar com "partidos" (leia-se senado, que são as vozes coroadas de suas siglas) e abandona o varejo, ou... Babau!

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