terça-feira, 24 de julho de 2007

A herança do "herança maldita"

Quem trabalha em produção de eventos sabe disso: a massa é burra! Se alguém der um tiro em meio a uma multidão não adianta o cara em cima do palco ficar gritando "calma pessoal, não feriu ninguém"... Todos irão correr apavorados. Quando se está diante de algo, como o caos aéreo, há dez meses anunciado o melhor a fazer é tentar prevenir o inevitável, o erro, o acidente, o horror. É a lei de Murphy em ação. Foi assim com o acidente dos fogos em Copacabana, o furacão Katrina no EUA. Outra tragédia anunciada que espero não ver são as multidões que se aglomeram no Rio de Janeiro em shows de rua, sem a mínima estrutura, sem áreas de escape, em meio ao tráfego de carros e residências. E olha que volta e meia o MP entra na história e tenta interditar. Mas vem o interesse econômico e libera. É interessante notar que, por trás de todos esses eventos trágicos tem aqueles que inflam as expectativas. Quantos não foram os que ufanisticamente se vangloriaram do crescimento da indústria aérea, economistas, jornalistas, etc. Nessas horas o crítico é sempre visto como um chato, o mané natureba com visão politicamente correta de tudo. Tem uma propaganda rolando por ai, promovida por uma associação de propaganda qualquer que esse indivíduo, crítico contumaz, acaba sendo confundido com o censor. Temos que cultivar a humildade, sermos menos arrogante, admitirmos o contraditório de maneira equilibrada, sem pintar o outro como inimigo logo de cara. A droga em política é que ela funciona assim, sempre radicalizando. Um candidato a presidência que lute para atingir o comando de uma nação como o Lula lutou tinha que ter começado conclamando a todos por um governo de união nacional, e não com aquela história de "herança maldita", como se não fosse necessitar mais adiante da autocrítica daqueles que governavam, e dos planos que tinham para melhorar o país. Deu no que deu: um país dividido, difícil de consertar.

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