quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Jornalista não é anta

Se houve uma imprensa que colaborou para atualizar versões no caso da tragédia da TAM não foi a dos jornais de grande circulação, ou as revistas semanais mais tradicionais. Foram as redes de televisão que giram em torno da chamada classe média baixa e do povão. O trabalho da Record, da Band, da Rede-TV jogou pesado no primeiro momento da tragédia, e fez a grande mídia correr atrás. Culpar Veja, FSP e Globo é coisa da elite política querendo explicar o debate. Assistissem, pelo menos no dia seguinte a tragédia os programas matinais e vespertinos dessas redes entenderiam um pouco mais das notícias que se sucederam. Aquele especialista de bengala, com ar de professor de cursinho, apareceu em todo lugar. Não era difícil se ver um outro, barbudinho de suéter ditando regra sobre isso ou aquilo, aqui ou ali. E assim foi se formando a opinião. Ficar nessa de Globonews, O Globo (TV e jornal), FSP, Estadão e Veja é debochar da classe jornalística, dos radialistas, e de todos outros que atuam nesse segmento profissional, e que não se restringem só a esses veículos. Há de se levar em conta também uma outra mídia, o rádio. Se se dessem ao trabalho (se tivessem tempo ou vontade em razão do papel que exercem de formadores de opinião) de ligar uma CBN, Band, Tupi, Manchete, ou outra rádio qualquer saberiam que os debates que ocorrem ali não se dão em cima do que pauta a grande imprensa ou a Internet. Se dão em cima dos acontecimentos do dia a dia, da vida real. Por exemplo: estou ouvindo ao vivo no rádio um debate entre um deputado do DEM e outro do PT, e eles estão emitindo e formando opinião, e essa só vai refletir na rede muito depois, ou aparecer editada à noite na TV, ou copidescada amanhã nos jornais. E assim que se chega a verdade, e não botando banca de intelectual. Parem com essa história de quer politizar a notícia em cima da grande imprensa. Não se esqueçam que os programas populares, comprados ou não, na TV e no rádio elegem centenas de vereadores, prefeitos, deputados, e até governadores. E a maioria deles de pensamento conservador, de direita que não dão a mínima para o que pensam os comentaristas e blogueiros, jornalistas ou não, a não ser quando, depois de eleitos ou de ter roubado milhões do bolso do povo tem seus mandatos ameaçados.

2 comentários:

ManivelasdaMente disse...

Concordância com o conteúdo? Total! Apenas um erro grave = o título. Chamo-me Manuel Anta e fui jornalista durante 25 anos. E já agora: Anta no Brasil é bicho feio: em Portugal vem de dolmen - sepultura antiga. Daí o Estádio das Antas (agora Estádio do Dragão), que alberga o Futebol Clube do Porto.

Cumprimentos

ManivelasdaMente disse...

Manda o bom jornalista que antes de informar há que apurar. O autor ou autores deste blog não o fizeram. Sou jornalista, desde 1973, e sou Anta. Ou seja, Manuel Anta. Como é óbvio, trata-se da minha parte de uma brincadeira. Sei que Anta no Brasil é um animal e que, em Portugal, é uma sepultura antiga ("dolmen" ou "anta"). Quanto ao resto nada a assinalar. Gostei!