sexta-feira, 11 de junho de 2021

O Roto e o Esfarrapado

Outro dia me detive em assistir uma live do BLSNR. Lembrei-me do LILS que vi num palanque em minha cidade, na eleição contra o FCLLR, um cara despojado, anárquico, com a barba que era sua marca, e que em 10 palavras que dizia, 8 eram palavrão. Naquele tempo estava envolvido com a vida cultural, preocupado com a desigualdade e a America Latina, escrevendo letras musicais e poesia de esquerda. Num primeiro momento LILS me pareceu estranho, sentindo por ele o mesmo que hoje uma grande parte da internet sente pelo BLSNR. Mas a sensação de ter visto o grande lider sindical, que encarou os helicópteros da ditadura num estádio de futebol em São Bernardo, conquistou meu voto. LILS era o povo, falava a lingua que eu falava no bairro, e isso calou qualquer antipatia que sentisse. Mas veio o tempo, e ele mudou, foi conquistado pelas frescuras da pequeno burguesas, e sua figura foi se moldando ao gosto da classe média pendurada nas tetas do estado. Do BLSNR na live, lembrei do cara tosco dos programas da teve e entrevistas do CQC, e das bobagens que falava no parlamento. Era o mesmo cara, sem tirar nem por. Nunca o vi de perto, mas com tipo assim já convivi, na mesma classe média, gente rejeitada pela zona sul do Rio, que subiu na marra sem patrimônio ou vivendo do estado, morando na zona oeste e nichos do subúrbio, lugares como Recreio, Valqueire, Jacarepagua e Ilha do Governador, para citar alguns. Sujeito frequentador das redes de praia e dos campos de futebol society, parte de uma classe media meio sem modos e frescuras, para quem já trabalhei e observei os hábitos, com um Chefe de Cozinha pequeno burguês babaca. Da primeira visão que tive dele, a essa da live, é o mesmo jeitão, o que talvez explique esse seu sucesso nas redes nascidas do Orkut, rede que a burguesia rejeitou por muito tempo, assim como rejeitou LILS pra votar no FCLLR. #OEstragaRaça

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