sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Os melhores anos de nossas vidas

Os quatro anos entre 1994 a 1998 foram os melhores anos para aqueles que, como eu, não se considera da elite e pertencem a chamada classe média, e para uma grande parcela da população que se considera pobre. Íamos aos supermercados cheio de gente fazendo compras porque os alimentos estavam baratos. Consumíamos supérfluos sem nenhum prejuízo do nosso orçamento. O salário mínimo tinha aumentado e o poder aquisitivo do trabalhador também, com uma inflação civilizada. Todo mundo estava empregado ou realizando o sonho de abrir seu próprio negócio. Os pobres não precisavam dos programas sociais pois prestavam serviço para as madames a preços que compensavam, podendo construir sua casa e botar o filho na escola particular. Íamos aos bares e restaurantes lotados nos fins de semana com todo mundo gastando sem parar. Os estacionamentos cheios de carros, todo mundo com o seu comprado a juros zero. Nos shoppings gente se espremendo podendo adquirir os produtos que víamos nos filmes, com a mais alta tecnologia, a preços compensadores. Todo mundo se divertindo, realizando o sonho de viajar para o estrangeiro pela primeira vez. Brasileiros voltavam do exterior às pencas e quase não havia imigração. Não precisávamos das ilusórias ofertas dos cartões de crédito, dos empréstimos bancários e cheque especial com taxas absurdas, e o trabalhador e o aposentando viviam do valor do seu trabalho, sem a faca de dois gumes dos empréstimos consignados, dos juros mais caros do planeta. Naquele tempo os privilegiados banqueiros passavam o maior sufoco com a queda do imposto inflacionário e a falta de clientela. Mas veio 1998, e o governo para se reeleger teve que se juntar ao PMDB e fazer uma atrapalhada desvalorização do real que trouxe de volta a miséria. A classe média começou a empobrecer e o governo teve de criar um "Fundo de Combate à Pobreza" para milhões de famílias que perderam sua renda com o baixo crescimento que viria depois provocado pela volatilidade dos capitais especulativos. E teve de estabelecer políticas compensatórias - que por mal controladas se tornaram assistencialistas -, para combater a fome e a miséria que, primeiro o aumento dos impostos, e depois a corrupção e o aparelhamento do estado criou. Se a máquina pública não fosse tão grande esse dinheiro poderia ser usado para fomentar a pequena e média indústria nacional, os prestadores de serviço, gerar empregos. E a crítica que antes se fazia livre e democrática hoje corre constante risco com o autoritarismo e o populismo, que volta e meia tenta calar jornais e revistas. E a educação, que deveria ser a mola mestra de tudo continua fazendo dos pobres cada vez mais pobres, dando-lhes apenas a ilusão do acesso às Universidades de baixa qualidade de ensino sem transformá-la no entanto, numa prioridade numa verdadeira revolução."
Nota: Para escrever este artigo tive que me valer do comentário de um petista postado abaixo, que na sua míope visão acha que os anos do governo Lula foram os melhores de nossas vidas.

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