terça-feira, 3 de outubro de 2006

Aviso aos navegantes

"É a economia, sua besta!". Todos conhecem a frase e seu contexto. O que mais se dizia antes da eleição é que o Lula seria reeleito graças aos programas sociais, a comida que tinha colocado no prato dos brasileiros e o emprego de milhões que não tinham acesso a ele. Baseado nesta análise Lula chegou a dizer que a elite queria acabar com o povo, e coisa e tal. Os indicadores mostraram a pujança dos programas sociais. Era a revolução dos deserdados por meio das urnas. Silenciosamente a classe média foi pensando, pensando, e como ela é muito mais racional para decidir decidiu no dia da eleição o seu voto. Não foram poucas as vezes em que ouvi a campanha do Geraldo "Xuxu" - agora com sal e camarão - se referir a tal tendência do eleitorado em votar nele. E o que se viu? Nos estados em que a classe média agrícola ou urbana tem um maior papel Alkmin venceu. Ninguém se preocupou em saber o estrago que o cambio sobrevalorizado estava fazendo na vida das famílias. Da influência das taxas de juros no consumo de cada um. Tomaram por base aqueles que vivem da cesta básica e se esqueceram daqueles que, com 1200/1500 reais já tem acesso a um empréstimo bancário, a um cartão de crédito. Querer dizer que os votos do Lula minguaram devido ao caso do dossiê ou a sua ausência no debate da Globo é querer tapar o sol com a peneira. Assim como erraram os institutos de pesquisa na seleção da sua amostragem erram aqueles que vivem de consultar o mercado, os dados do IPEA, da FGV, do IBGE, e se esquecem de ir a campo para aferir a real situação dos segmentos médios da população. Consulte qualquer prestador de serviços de segunda categoria, qualquer microempresário da economia informal e verão a realidade. Talvez o discurso desenvolvimentista do Alkmin esteja pegando e só restará aos analistas a frase para reflexão: "É a economia, sua besta!".

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