domingo, 1 de outubro de 2006

Saudades de outra eleição

Confesso que votando hoje senti saudade da boca de urna. Do tempo em que a gente corria atrás do eleitor indeciso pedindo voto para o nosso candidato. Naquele tempo era comum você ver gente importante caminhando de zona em zona para colher mais um votinho (lembro-me de ter conhecido o Sen. Amaral Peixoto). Ingenuamente transportávamos o eleitor que tinha seu local de votação trocado para votar. Sujávamos as ruas sem medo, arrancávamos material de campanha dos outros candidatos sem nenhum remorso. Era o que se chamava hoje de "militância", muito mais do candidato do que do partido. Afinal, estávamos em plena ditadura, e naquele tempo não se votava para presidente da república, e de partido só tínhamos dois: MDB e ARENA. Minha vida partidária foi toda construída em torno do MDB, e com a abertura resolvi abandonar a ideologia e caminhar em torno de soluções mais pragmáticas. Meu rompimento definitivo com a vida partidária se deu quando a Ivete Vargas roubou do Brizola a sigla PTB. Fazia campanha para o Jorge Roberto Silveira, e fiquei chocado quando ele me convidou para ingressar no PTB. "Tremenda traição ao socialismo", pensava. Desiludido, ainda participei de uma ou outra campanha ao lado de algum amigo. Mas nada me apaga da lembrança a festa. A mais verdadeira, o comício das diretas na Candelária, com toda a oposição presente. Tenho guardado o jornal que estampou a desilusão, e que deu ao regime militar a capacidade de me roubar o que restava de esperança e juventude.

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