Não gosto muito do Ilimar Franco, de O Globo. Mas desta vez ele matou a pau. Vejam o que escreveu em seu blogue sobre a polêmica do papel da Imprensa a partir da publicação da matéria da Carta Capital. Assino em baixo:
"Querem saber o que acho da reportagem de Carta Capital?
Eu publicaria a foto do dinheiro. É de interesse jornalístico, ponto. Protegeria e ocultaria minha fonte. É assim que funciona a apuração jornalística. Se um jornalista disser para você o contrário pode ter certeza que estás diante de um mentiroso. A tentativa de criminalizar a apuração jornalística é um erro grave. Tem muita gente boa fazendo isso sem pensar nas consequências para o nosso árduo trabalho diário.É o seguinte: os jornalistas que conseguiram as fotos não revelaram a fonte. Tentaram proteger a fonte. Deviam tê-lo feito? Sim. Deviam fazer como a reportagem de Carta Capital, que conta uma história sem citar uma única fonte sequer. O mesmo método dos três delegados da PF da Veja, no governo Lula, ou das quatro fontes do mercado sobre corrupção no Banco Central, no governo Fernando Henrique. É assim mesmo. São histórias sensacionais, que denigrem instituições e lançam suspeitas sobre pessoas, diretorias ou corporações inteiras, mas sem um único patriota disposto a denunciar publicamente.Fazer certo tipo de jornalismo investigativo é o mais fácil dos jornalismos. Alguém produz um dossiê ou uma história, passa a um jornalista, que faz checagens mínimas e manda bala. Há inclusive técnicas, orientadas por Departamentos Jurídicos, sobre como escrever as maiores barbaridades, sem correr o risco de processo. Acho que qualquer jornalista profissional tinha a obrigação de conseguir aquela foto do dinheiro. Publicá-la não é crime nem é conspiração. Contra fatos não há argumentos. Estão errados os que pensam assim. Estão errados os que tentam construir uma história baseada em boatos que se espalham como praga nestas horas. Infelizmente tem muita gente boa que escreve reportagens usando este método ou baseado em fontes de terceira ou quarta mão.O básico nessa história, do delegado e das fotos do dinheiro, é que se os petistas não tivessem tentado comprar um dossiê, se não tivessem sido presos pela Polícia Federal, nada disso teria acontecido. Se o fato existe, como alguém pode tentar enlamear o exercício da atividade jornalística? Na base da suposição e da insinuação tudo é possível. Menos reproduzir os fatos da forma mais fiel possível.Eu estava trabalhando no dia do acidente do avião da Gol. Sei o quanto foi difícil obter informações. Nem mesmos os militares que estavam na base de Cachimbo tinham informações. Naquele dia ninguém chegou perto do avião nem se sabia onde estava. O absurdo seria produzir um amplo noticiário no dia seguinte, ou naquela noite, sobre algo que não se tinha informação. No dia seguinte foi uma guerra para se confirmar as mortes. Acho que muita gente surtou nesse processo eleitoral. Que a sorte me proteja.Mas deve se dizer, para o bem da verdade, que a reportagem de Carta Capital é apenas um capítulo de um processo que tenta empurrar a atividade jornalística para a partidarização. Este processo teve início nas páginas da revista Veja. É a lei da selva. O que dá para rir dá para chorar. Tinha gente que estava se divertindo com a valentia do covarde, agora todos temos que dormir com um barulho destes.Só tem uma coisa, quem aposta no jornalismo insinuativo, quem se acomoda preguiçosamente nas elocubrações sobre intenções, ao invés de ir aos fatos, não pode reclamar. Quem não aceita a crítica sincera que enfrente as metralhadoras giratórias."
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