terça-feira, 23 de maio de 2017

O fracasso do golpe da Globo contra o Temer

Como acontecem os golpes?
É da natureza dos golpes serem rápidos, pois o tempo joga contra os golpistas.
Recentemente tivemos toda uma gritaria de houve um "golpe" contra a presidenta cassada. Mera apelação, o tempo que levou entre a chamada "conspiração" e sua queda foi longo, e alí de golpe não teve nada, no máximo uma tomada de poder pela via constitucional, o que por si só não caracterizaria um golpe.
O bolivarismo venezuelano está no poder graças a um golpe tentando lá trás pela oposição, mas que não deu certo. Chaves chegou a ser preso por poucos dias e retornou glorioso. De lá para cá a oposição se enchafurdou numa crise que tenta sair pela via constitucional e não consegue.
No Brasil tivemos o golpe militar, que por mais que tentem os apoiadores classificar como uma "revolução" foi um golpe de estado.
Um dos países latino americanos campeão em golpes é a Bolívia. Lá os grupos militares sempre manipularam a política através das chamadas "quarteladas".
Aliás, o continente americano é mestre em golpes, da América Central ao Sul. Muitos já morreram, outros enriqueceram, e a maioria que caiu, voltou.
Temer tem contra si a baixa popularidade e uma oposição que o classifica como "golpista" o tempo todo, mas o que aconteceu contra ele, no sentido clássico, foi uma tentativa de golpe.
Não foi a toa que a primeira coisa que fez foi convocar os ministros militares para saber do seu comprometimento com a democracia. 
Os atores que tentaram a trama, uns por interesse financeiro, outros corporativos, e o terceiro, a Rede Globo, por simples manutenção de poder até o momento não foram felizes no intento. Não houve uma manifestação militar si quer, o judiciário segue firme na manutenção das instituições, e os políticos, pegos de surpresa, ressabiados com o intento se recolheram ao silêncio.
Temer não renunciou como queriam os autores do golpe, e o exército com o qual contavam para manutenção da estratégia, a internet e o restante da Imprensa se pôs a pensar e a investigar as razões para a pressa na solução.
Graças a seu açodamento e erros, os golpistas deram com os burros n'água, e o golpe fracassou!

A crise do jornalismo nas crises

O jornalismo é uma profissão importante para a democracia, deve ser conduzido com seriedade, sem comprometimento com grupos, políticos ou econômicos.
A crise que estamos vivendo, além de ser uma crise moral e política, é também uma crise do jornalismo.
O presidente americano, recentemente, chamou a imprensa de seu país de "desonesta", por estar atuando de maneira preconceituosa em relação a ele.
Nessa crise, o papel do Sistema Globo de Informações está exercendo uma função que vai no sentido contrário a do bom jornalismo. 
Ao invés de checar as informações recolhidas pelo jornalista Lauro Jardim de uma fonte em off, o Grupo Globo tratou de replicá-la rapidamente em suas mídias televisivas em plantões de urgência, tomando seus termos como totalmente verdadeiros, e sem nenhuma falha que necessitasse chegar ou corrigir.
O que aconteceu foi que essa postura com a notícia, que continha falhas graves, além de causar um enorme prejuízo financeiro ao país, levou a paralisação de reformas que dariam aval a investimentos importantes em diversas áreas.
E o que temos agora na sequência dos dias que se seguiram a informação é sui generis. Enquanto a maioria dos órgãos de imprensa se põe a averiguar e investigar a denuncia, seus motivos e personagens, o Grupo Globo sai em campo para desmentir e ridicularizar as matérias investigativas de colegas da própria Imprensa, as quais põe em dúvida as informações das suas reportagens, e a reforçar as teses dos investigadores, agindo não como um veículo de informação fazendo o bom jornalismo investigativo, mas como divulgador de todas as teses da acusação contidas na construção de seu pedido inicial ao STF, reforçando assim como partícipes a visão dos promotores, sem por em dúvida os interesses corporativos que possam estar por trás da investigação, e erros na condução do processo, e sem levar em conta na mesma intensidade a versão dos acusados, como está fazendo a maioria dos outros jornais, sites e revistas.
Para mim, isso é desonestidade. Em nome do combate a corrupção, tentam assegurar para si a audiência e concordância da grande parcela da sociedade que, indignada clama por mudança na política nacional, sem prejuízo da verdade dos fatos.

domingo, 21 de maio de 2017

A conspiração do PT com a Globo

O governo fala que está sendo vítima de uma "conspiração". Mas que "conspiração" é essa, e como ela se deu?
Deixemos as firulas técnicas e jurídicas de lado, e vamos aos fatos:
(1) O procurador Rodrigo Janot foi indicado para o cargo por Dilma Roussef. Desconfiada, a oposição se interpôs a nomeação, e esta só foi consumada com o beneplácito do PMDB de Renan Calheiros. Durante todo o episódio da queda de Eduardo Cunha, sua maior reclamação era por que ele havia de ser o alvo da PGR, já que Renan Calheiros acumulava quase uma dezena de inquéritos e ainda não tinha virado réu;
(2) No cargo, Rodrigo Janot mesclou um time de assessores, com procuradores petistas em sua maioria, e os da casa, que conquistaram posições sem necessidade de coloração política. Os procuradores petistas eram alinhados ao ex ministro da Justiça de Dilma, Eugênio Aragão. Janot nunca se contrapôs a ação dos dois grupos, que vazam depoimentos nunca investigados, ficando assim de bem com ambos os lados;
(3) No tempo, a PGR se concentrou quase toda no PMDB adversário de Renan, e tida pelos petistas como aquele time que conspirava contra Dilma, todos ligados de alguma forma ao presidente Temer. Sua postura durante o impeachment, uma hora pendia para um lado, outra hora para outro, já que a opinião pública nas ruas tinha o apoio da grande imprensa;
(4) Um outro elemento da trama é o ministro do STF, Edson Fachin, nomeado por Dilma em troca da sua declaração de voto a favor da candidata em 2014. Entrou na trama sem ter autonomia para ocaso, pois é corregedor da Operação Lava Jato, que não tem nada a ver com esse caso da JBS, ou seja, extrapolou suas funções;
(5) O terceiro elemento da trama é o grupo Globo, não por ideologia, partidarismo ou lá o que valha, mas por interesse comercial. A Globo nunca engoliu a extinção do Ministério da Cultura por Temer, um braço comercial importante no faturamento do grupo, e nem posteriormente a faxina na instituição levada a cabo pelo ministro Roberto Freire;
(6) E assim foi dado início ao ataque que encurralaria o governo Temer;
(7) Joesley Batista busca Eugênio Aragão, um dos comandantes da grita contra o governo "golpista" de Temer, que lhe oferece o apoio de um dos procuradores da equipe de Janot,
(8) Este se demite da equipe da procuradoria na Lava Jato, e no dia seguinte já está a postos a serviço da estratégia da gravação da fita que abalaria a política nacional;
(9) Com todos os elementos principais na mão, a gravação com Temer, a conversa com Aécio e o flagrante do dinheiro ao deputado Loures, Janot "oficializa" a delação, e faz o ministro Fachin autorizar o inquérito contra Temer;
(10) Faltava o apoio da "opinião pública". Este é conseguido pela amizade do petista Eugênio Aragão com o jornalista Lauro Jardim, que divulga de maneira totalmente truncada o conteúdo das gravações, e com a anuência dos seus patrões da Globo;
(11) Só que logo no dia seguinte a notícia, por pressão da presidência da República, e dos demais setores da imprensa, o ministro Fachin libera o áudio da gravação, e a conspiração começa a ser entendida. Jornalistas questionam a postura do colega, perícias levam a constatação de fraudes, e o presidente parte para o ataque;
(12) A essa altura, já envolvida até a última raiz do cabelo, e vendo ameaçados seus interesses de, numa eminente renúncia do Temer em que pudesse influir na escolha do candidato eleito numa eleição indireta, o grupo Globo sobe o tom, publica um editorial pedindo a renúncia, e faz a trágica edição do JN de ontem, em que deixa patente sua participação na trama, assim como fez no passado no famoso debate Lula/Collor, até hoje lembrado por muitos.
Hoje temos uma guerra entre os dois lados, aqueles que correm atrás de provar a conspiração, mas não a assume, e do outro, a PGR, o grupo Globo e o ministro Fachin.
Se dará certo ou não, só o tempo dirá.

Acabou!

O que dizer? Muitas perguntas ficarão sem resposta, muitas expectativas deverão se calar. 
O Brasil vive suas tragédias as vezes em bons, as vezes em maus momentos.
O suicídio de Getúlio, a queda de Jango, o fim do poder militar, a morte de Tancredo, a queda do Collor, o impeachment da Dilma, e agora essa próxima queda do Temer.
Por trás de todas elas, quase sempre, o mesmo mote moral, a mesma conturbação, que nada mais um rearranjo de forças, onde a indignação ou a tristeza do povo só entra para moldar a cena.
São interesses econômicos que rapidamente mudam de lado para continuar tendo voz, e nos últimos tempos a grande voz desses interesses tem sido as Organizações Globo.
Na queda do Collor o interesse deste em montar um grande grupo de mídia para fazer concorrência a Rede Globo foi a senha.
Arrisco dizer que na queda do Temer a senha foi dada quando Roberto Freire assumiu o Ministério da Cultura.
Mas quem sou eu para arriscar tamanha ousadia dessa previsão, mas que algum interesse foi ferido, foi!
Depois desse pedido de impeachment da OAB quem será capaz de enfrentar o noticiário da Globo em seu JN?
Daqui para adiante, ou vivemos o drama da renúncia, ou o drama da impeachment, e as reformas econômicas que iam bem, ficarão adiadas. E sem essas reformas, que restará ao Temer? Perder seu foro privilegiado e se arriscar a um pedido de prisão pela PGR?
Creio que não renunciará, e seu governo acabado viverá o tempo que viveu a Dilma, até seu juízo final.