O governo fala que está sendo vítima de uma "conspiração". Mas que "conspiração" é essa, e como ela se deu?
Deixemos as firulas técnicas e jurídicas de lado, e vamos aos fatos:
(1) O procurador Rodrigo Janot foi indicado para o cargo por Dilma Roussef. Desconfiada, a oposição se interpôs a nomeação, e esta só foi consumada com o beneplácito do PMDB de Renan Calheiros. Durante todo o episódio da queda de Eduardo Cunha, sua maior reclamação era por que ele havia de ser o alvo da PGR, já que Renan Calheiros acumulava quase uma dezena de inquéritos e ainda não tinha virado réu;
(2) No cargo, Rodrigo Janot mesclou um time de assessores, com procuradores petistas em sua maioria, e os da casa, que conquistaram posições sem necessidade de coloração política. Os procuradores petistas eram alinhados ao ex ministro da Justiça de Dilma, Eugênio Aragão. Janot nunca se contrapôs a ação dos dois grupos, que vazam depoimentos nunca investigados, ficando assim de bem com ambos os lados;
(3) No tempo, a PGR se concentrou quase toda no PMDB adversário de Renan, e tida pelos petistas como aquele time que conspirava contra Dilma, todos ligados de alguma forma ao presidente Temer. Sua postura durante o impeachment, uma hora pendia para um lado, outra hora para outro, já que a opinião pública nas ruas tinha o apoio da grande imprensa;
(4) Um outro elemento da trama é o ministro do STF, Edson Fachin, nomeado por Dilma em troca da sua declaração de voto a favor da candidata em 2014. Entrou na trama sem ter autonomia para ocaso, pois é corregedor da Operação Lava Jato, que não tem nada a ver com esse caso da JBS, ou seja, extrapolou suas funções;
(5) O terceiro elemento da trama é o grupo Globo, não por ideologia, partidarismo ou lá o que valha, mas por interesse comercial. A Globo nunca engoliu a extinção do Ministério da Cultura por Temer, um braço comercial importante no faturamento do grupo, e nem posteriormente a faxina na instituição levada a cabo pelo ministro Roberto Freire;
(6) E assim foi dado início ao ataque que encurralaria o governo Temer;
(7) Joesley Batista busca Eugênio Aragão, um dos comandantes da grita contra o governo "golpista" de Temer, que lhe oferece o apoio de um dos procuradores da equipe de Janot,
(8) Este se demite da equipe da procuradoria na Lava Jato, e no dia seguinte já está a postos a serviço da estratégia da gravação da fita que abalaria a política nacional;
(9) Com todos os elementos principais na mão, a gravação com Temer, a conversa com Aécio e o flagrante do dinheiro ao deputado Loures, Janot "oficializa" a delação, e faz o ministro Fachin autorizar o inquérito contra Temer;
(10) Faltava o apoio da "opinião pública". Este é conseguido pela amizade do petista Eugênio Aragão com o jornalista Lauro Jardim, que divulga de maneira totalmente truncada o conteúdo das gravações, e com a anuência dos seus patrões da Globo;
(11) Só que logo no dia seguinte a notícia, por pressão da presidência da República, e dos demais setores da imprensa, o ministro Fachin libera o áudio da gravação, e a conspiração começa a ser entendida. Jornalistas questionam a postura do colega, perícias levam a constatação de fraudes, e o presidente parte para o ataque;
(12) A essa altura, já envolvida até a última raiz do cabelo, e vendo ameaçados seus interesses de, numa eminente renúncia do Temer em que pudesse influir na escolha do candidato eleito numa eleição indireta, o grupo Globo sobe o tom, publica um editorial pedindo a renúncia, e faz a trágica edição do JN de ontem, em que deixa patente sua participação na trama, assim como fez no passado no famoso debate Lula/Collor, até hoje lembrado por muitos.
Hoje temos uma guerra entre os dois lados, aqueles que correm atrás de provar a conspiração, mas não a assume, e do outro, a PGR, o grupo Globo e o ministro Fachin.
Se dará certo ou não, só o tempo dirá.
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