quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Infringente é a impunidade

Uma vez assisti a uma audiência de julgamento.
Interrogava-se uma testemunha, a qual teria presenciado o assassinato do irmão de uma amiga.
O advogado do réu, um policial conhecido e temido na região em que os fatos ocorreram, e para quem a testemunha já havia trabalhado, ficava andando de um lado para o outro, passando diante do sujeito com um olhar intimidativo.
A testemunha, um homem simples e chegado a umas cachaças, quando perguntado pelo juiz, negou tudo o que tinha tido no inquérito.
E lá pelas tantas, diante de tantas negativas e das tentativas de intimidação do advogado, ameaçou prender os dois, ao bacharel caso ele não parasse de intimidar a testemunha, e a essa para que falasse a verdade que os autos gritavam.
Daí por diante, aquele circo já tinha me causado nojo e irritação, com todos os que pranteavam a vítima e clamavam por justiça lançando ao ar o seu olhar de vergonha.
Conto este fato para falar do mensalão.
José Dirceu esteve assistindo em casa ao seu julgamento, na companhia de amigos.
Pela televisão assistiu ministros que lhe pediram favor para a nomeação, outros com quem trabalhou, e demais com quem teve íntima convivência, por si ou por quem os nomeou.
Qual será o peso dessa "intimidade" na sua prisão só ficaremos sabendo quando terminar a análise dos chamados "embargos infringentes".

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Nós os Gepetos, e o Pinóquio do "Mais Médicos"

Acho precipitado o apoio incondicional ao "Mais Médicos" como programa de saúde pública.
Os que o fazem por envolvimento político com o governo, tudo bem. Não fazem mais do que seu papel de manutenção das suas boquinhas ideológicas.
Agora, aqueles que por ingenuidade acreditam no programa a partir da propaganda na televisão, desculpe, mas estão redondamente enganados.
Vamos aos fatos.
Havia uma negociação entre a classe médica e o governo para extensão de melhorias na saúde. Só que esta negociação empacou, por que feita com entidades de classe queriam melhorias para todos os médicos, e não só gratificações para programas específicos.
O governo já tinha uma oferta de médicos cubanos antes do programa no formato anunciado.
Seu contrato com a OPAS é anterior ao programa, e já estava para ser anunciado como opção ao impasse com a classe médica.
Sobre os cubanos um adendo. Já estiveram por aqui quando das primeiras equipes do Programa de Saúde da Família.
Só que naquela ocasião a negociação era feita entre governo de Cuba e Prefeituras, e por diversas questões foi a pique.
Agora Cuba descobriu a fórmula milagrosa. Tem a garantia da OPAS e o convênio é assinado via governo federal, que repassará os médicos para as prefeituras.
Com isso Cuba transformou sua principal escola de medicina numa verdadeira fábrica de médicos para levar divisas ao falido país.
Voltemos ao "Mais Médicos".
Os jornais de hoje começam a apontar o verdadeiro queijo suíço que é o programa.
Médicos desistindo, falta de estrutura e desinformação contratual.
Os que apoiam o fazem sem conhecer a realidade destes rincões para os quais serão mandados os abnegados profissionais que toparam as precárias condições trabalhistas do programa.
Neste quesito posso meter minha colher.
Moro na zona rural de Araruama, cidade da região dos lagos do Rio de Janeiro.
Aqui não é difícil se ver o descolamento entre a propaganda oficial e a realidade.
Em qualquer área que apontada como tendo havido ação do governo nestes últimos 13 anos, não é difícil conferir a mentira.
Transporte, educação, saneamento, energia, moradia, comunicação e saúde tudo é precário quando se trata do mais pobre.
No lugarejo onde fica a propriedade que moro, para não é mais longe a vida mais pobre é muito dura, embora a 20km do centro municipal.
O posto de saúde, que deveria ser um PSF funciona como posto fixo de atendimento ambulatorial, só tendo médico as 2ª e 6ª feiras. Um bando de funcionários auxiliares fica por ali vagando, muitas vezes do lado, pois o local só tem uma mesa e três cadeiras. Ou seja, quando o médico está atendendo o funcionário tem que ir para fora.
O médico que atendia anteriormente levou um beiço da prefeitura e desistiu.
Fosse eu um jovem formando de medicina que chegasse ao lugar desistiria na hora.
E não me venham com esse papo de "boicote". Isso é conversa para boi dormir.
Ninguém se forma numa escola de medicina de primeiro mundo, com a sofisticação dos equipamentos dos hospitais universitários para voltar aos tempos de Hipócrates.
Esse governo, que ai já está há 13 anos já teve tempo e dinheiro para dar uma solução mais consistente do que um simples "Mais Médicos".
Encontrou um SUS formulado, encontrou Programas de Saúde da Família testados e em andamento, e nada fez por pura incompetência, e agora se aproveitando da grita popular, e para dar apoio aos irmão cubanos veio com essa história de "Mais Cubanos", ou melhor "Mais Médicos" para enganar o povo e sobreviver no poder.

Trouxas são os gepetos que acreditam no Ministro "Pinóquio" Padilha.  

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Para entender porque somos contra a intervenção americana na Síria


As vitórias obtidas pelos radicais islâmicos na Líbia, Egito e Marrocos levaram-os a crer que não seria preciso negociar a queda de Hafez Assad na Síria, pois teriam a ajuda da ONU, como tiveram em toda a chamada "primavera árabe". 
Só que esta sublevação só ocorreu contra as chamadas ditaduras laicas, não era contra todas as ditaduras do Oriente Médio, como as da Arábia Saudita, Jordânia, Turquia. Logo não era a favor de mais democracia, mas de interesses distintos na região. 
A Síria vive uma ditadura. Hafez Assad reprime sua oposição com mão de ferro, como fazem todos os países da região - prisões, tortura, confinamento. 
Além disso tem um dos melhores exércitos da região, que já enfrentou Israel e esteve no Líbano durante longo tempo a garantir o modelo laico de divisão de poder que se implantou no país. 
Acrescente-se a isso os interesses de russos e chineses no Irã, que perceberam rapidamente os movimentos que se faziam na ONU pelo "eixo do mal" (americanos, ingleses e franceses) e temos o surgimento de uma nova geopolítica para a região. 
Sem Hafez Assad a Síria viveria uma barbárie pior do que a que está vivendo com esta guerra civil, e o alvo seriam os alauitas e cristãos. 
Logo, qualquer solução para a Síria deve ser negociada, e não será através da guerra que o Oriente Médio terá paz. 
Israel, com sua política armamentista não conseguiu dar paz a Palestina, impedindo por todas as vias a criação de um estado palestino. 
Iraque, Líbia, Egito, Marrocos tampouco, vivem uma sangrenta guerra civil com milhares de mortos em atentados. 
Diversos negociadores passaram pela Síria, e em muitas das ocasiões Assad acenou com reformas, que embora tênues encaminhavam uma negociação. 
No entanto os rebeldes, fomentados pelos agentes do Eixo do Mal, em particular pela Sra. Hillary Clinton e seu lacaio Ban-Ki Moon, juntamente com os aliados israelenses e as ditaduras monásticas do Iemen, Arábia Saudita e Marrocos, que tem assento especial na Casa Branca, querem o contrário. A queda pelas armas ou a renuncia incondicional, o que levaria a Síria a mesma situação de impasse dos outros países em que a chamada "primavera" ocorreu. 
Por isso, e como disse alguém, que não existe um lugar em que os americanos atuem com sua política de guerra que não fique pior, somos contra a invasão americana na Síria.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Governo Cubano Transformou o "Mais Médicos" em uma Grande Indústria

Que há uma grita popular contra diversas classes profissionais que se encastelaram em castas, isso ninguém contesta. 
Há de se levar a mais gente tratamento médico, assistência jurídica ágil, casas construídas com qualidade, ensino superior. 
O que nos causa perplexidade é que qualquer mínima ação em favor da população mais pobre se transforma em marketing, execrando todos os profissionais médicos, advogados, engenheiros, professores como se fossem farinha do mesmo saco, sem vontade de servir a população carente. 
Sabia-se do desejo do governo em trazer médicos cubanos para o Brasil, como força de um contrato ideológico do Sr. Padilha e outros apoiadores dos irmãos Castro. O contrato para trazê-los até aqui é anterior ao anúncio do "mais médicos". 
Montou-se está ação mercadológica do "mais médicos" como balão de ensaio. Tudo já estava pronto muito tempo antes para ser o "mais cubanos" que, afinal, graças as manifestações das ruas transformou-se no "mais médicos". 
Não se monta um plano destes da noite para o dia. Para favorecer os cubanos mexeram até no programa de inscrição. Tudo para que mais médicos brasileiros não se inscrevessem. 
Cubanos, espanhóis, franceses, bolivianos são bons médicos, mas só os cubanos aceitariam sorridentes as subcondições oferecidas nas periferias das grandes cidades. 
O governo cubano, através da OPAS transformou a medicina numa forma de conseguir divisas. Está formando médicos que nem formigas e ganhando muito dinheiro com isto.
E é por isso que seus colegas brasileiros se indignam. E com razão, pois os Conselhos Federais de Educação não aprovam mais escolas médicas, dominados que estão pelo interesse dos medalhões da medicina.