quinta-feira, 19 de junho de 2008

Há controvérsias...

Embora continue achando que a ação do Exército aqui nada tem a haver com o que acontece no Haiti - lá a ação das "gangues" tem pano de funfo a política, aqui o tráfico de drogas -, logo a presença do Exército, em tese poderia se justificar analisei o post do prefeito Cesar Maia em seu ex-blog e encontrei algumas semelhanças que passo a comentar. Primeiro a transcrição do post:

"O HAITI NÃO É AQUI!

1. Se alguns imaginam que a presença do exército brasileiro no Haiti o capacita para a repressão ao narcovarejo nas favelas do Rio, está completamente enganado. Nada tem a ver as gangues de lá, com as gangues de cá. Rigorosamente nada, nem origem, nem organização, nem método, nem objetivos, nem espalhamento...
2. As gangues do Haiti são conhecidas pela denominação genérica de “Chimères” - nome em francês e creole, que significa "garotos maus". São bandos de jovens armados, que antes lutavam em defesa do governo do ex-presidente Jean Bertrand Aristide e que agora estão usando seu arsenal apenas para o crime. Foram organizadas por Aristide para enfrentar a oposição e manter-se no poder. Originárias das mesmas gangues que controlam a maior favela de Porto Príncipe (“Cité Soleil”), continuam a receber apoio de Aristide e estiveram por trás das grandes demonstrações em prol de Aristide e do movimento Família Lavalas.
3. Os Chimères estão sendo considerados aliados do Partido da Democracia do Haiti, liderado por James Morrell e fundado pela Família Boulos de marcada inclinação direitista. Mas as gangues que atuam na Cité Soleil não têm um ideal político preciso. Lutam pelo poder, debaixo do pretexto de desejar a volta de Aristide ao governo. São, em sua grande maioria, jovens, adolescentes e crianças do sexo masculino, pobres, ou miseráveis, e sem esperança. Mantém uma relação muito complicada com os demais moradores das favelas.
4. Os chimères são filhos dos moradores, mas a violência por eles promovida desarticula as redes de solidariedade e atrapalha as poucas instituições que funcionam, como escolas, igrejas e centros religiosos. Por outro lado, o povo também odeia a polícia nacional, que promove o terror, cobra propinas, mata e fere com impunidade. Fica essa população, então, em meio ao fogo cruzado entre os chimères e a polícia. Parte da população pobre e miserável ainda vê o poder de Aristide como a única força política que procurou estabelecer uma comunicação verdadeira com eles. Além disso,
os Chimères, embora envolvidos pela criminalidade comum, não atuam no mercado ou no transporte de drogas ilegais."

O HAITI TAMBÉM É AQUI
Por Bira Di Oliveira

Embora a garotada do Haiti não atue na criminalidade comum, ou seja, no tráfico de drogas são violentos, garotos maus, nascidos ou envolvidos com "famílias" que há muito se estabeleceram por lá.
No Rio de Janeiro a chamada “criminalidade” ligada ao tráfico de drogas, como todos sabem nasceu da convivência dos ex-presos políticos com os criminosos comuns nos porões da ditadura.
Foi naquele momento, nos presídios que os traficantes de drogas da época receberam noções "políticas" de organização e começaram a se organizar em facções.
Estas facções, no entanto se não se comparam a "máfia" no refinamento das lideranças também geraram enormes "famílias". Comando Vermelho, ADA, Primeiro Comando, etc., etc. tiveram como "capos" grandes traficantes de drogas que se tornaram conhecidos na década de 80, e que a polícia prendeu quase todos em Bangu I.
Uma das principais características desses meliantes era a de ter muitas mulheres. Tiveram vários filhos, gerações de parentes surgiram, e se tornaram os "ídolos" de muitos até se iniciar a política de confronto do final da década de 90.
Há de se observar a capacidade de reação e mobilização das "comunidades" a qualquer ação de covardia do estado contra um dos seus "familiares”.
Como acontece nas elites, onde uma qualquer ação covarde contra um dos seus "filhos" gera imediata repercussão na imprensa, também nas favelas os "familiares" reagem às ações covardia policial contra os seus "filhos”.
Dificilmente se vê alguma reação quando a vítima é um sujeito trabalhador, de origem nordestina, por exemplo, sem nenhum relação "familiar" de amizade com o grupo.
Sempre a reação é contra um "familiar", primo, sobrinho, amigo... Sei lá, de um daqueles que conviveram com os grandes criminosos dos anos 80.
Tenho certeza que ao se pesquisar o origem dos grupos que protestam irá se confirmar esta relação.
Minha intuição me remete ao biótipo do grupo - em geral jovens grávidas com filho no colo, e uma garotada com cara de mau e rosto coberto.
Assim, sob certo aspecto o Haiti pode ser aqui, sim.
Existe um poder no morro, exercido por "garotos maus" que tem relação “familiar” com as facções, e que, assim como os da elite costumam dar suas carteiradas com a célebre frase: "Sabe com quem você está falando?".

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