domingo, 4 de agosto de 2013

UM CANTO POR SHAKER AAMER


as águas da liberdade
que banham as praias de Guantánamo
não molham meu pés

as rotas de fuga
de Havana a Miami
não alcançam minha cela

vejo os pássaros em busca do alimento
enquanto cerro os dentes em greve de fome
por meus companheiros
que sofrem
que gemem
que urram de dor
silenciosamente
tal qual sofri para confessar o que não fiz

o que o mundo pensa de mim
o que o mundo faz por mim
quantas vozes se levantam pela minha liberdade

enquanto meu delator sorri eu sofro
por sua mentira não vi meu filho nascer

conto e reconto a minha história
na esperança de voltar a vida que tinha
antes dessa longa espera

conto e reconto a minha história
e ninguém acredita
embora saibam que nada daquilo era verdade

quanto tempo mais
quantas horas mais
quantos pedidos mais
terei que fazer para que me soltem

quando molharei meus pés nas águas de Guantánamo
quando a liberdade não será só brisa
quando ouvirei de novo a voz dos que buscam refugio
quando o mundo saberá de mim

e por mim entoará seu canto

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