"Fui visitar o triplex do Lula. Fica ali numa quebrada do Guarujá.
Logo na entrada dei de cara com a Flavinha. A mina frequenta o mesmo baile funk que eu.
Contou que a coisa mais difícil era encontrar o manu por ali. Vivia entocado depois que a imprensa descobriu o puxadinho, que aliás fica de cara praquele marzão imenso, repleto de coliformes fecais e outras buzunfas.
Fico me perguntando por que não largam do seu pé. Tudo bem que o cara é do tráfico, afinal com a influência que ele tem nas paradas, quem não ia querer ficar do lado dele, e gozar da sua amizade.
Lula é um cara simples, gente do povo, mas que igual a eu e você gosta de um danoninho, de um frangão assado, de uma goiabada com queijo, esses luxos da vida de quem teve infância pobre.
Só não gostei de ter que deixar minha magrela lá na esquina, e ter ido até o lugar escoltado por um segurança. Afinal, quem compra também vende, e tudo que eu fizesse ou soubesse ali ia servir pro meu ganho, e informação hoje em dia vale ouro..
Lá dentro da construção não vi esses luxos todos que estão falando. A cozinha tinha a cara das Casas Bahia, e a indefectivel escada em caracol pra se chegar na piscina, coisa de serralheiro da comunidade.
E por falar na piscina não consegui botar o pé na água. Tinham esvaziado a própria, pois um vizinho linguarudo denunciou o objeto plástico, por estar se transformando num criadouro da dengue.
Embora Flavinha tivesse me dado a chave para entrar, fiz questão que ela saísse da portaria de entrada daquela comunidade e adentrasse o puxadinho comigo.
Vai que algum jornalista estivesse trepado em alguma laje, e quisesse colher o flagrante dessa minha intervenção.
Perguntei pra Flavinha se tinha comida por ali, já que não aguentava mais de fome. Disse que não, pois o Lula quando baixava por lá o seu negócio era pizza, vício das noites de negociação com os caras do arreglo.
Cheguei até a lembrar com orgulho de uma paródia dele, que dizia que "no Brasil tudo acaba em pizza". O cara era gênio, com um baixo nível moral de fazer inveja.
Confesso que sai dali meio frustado, pois esperava mais, janelas de alumínio, blindex no banheiro, mármore na pia, um quarto com cama giroflex.
Mas, dizem as más línguas, o cara teve que trocar o puxadinho original por aquele, por conta de um arreglo com o construtor, que consumia suas paradas em troca de tijolo e tinta.
Fui dali direto pro presídio. Era dia de visita e não queria deixar o manu Lula sem a proteção moral do povo, pois quem foi rei nunca perde a majestade, e ele como um miliante de primeira não podia perder a sua."
EM TEMPO: essa matéria foi produzida antes da prisão do Zé, pelo pessoal do lava-jato da esquina, policiais disfarçados, que chegaram ao local para flagrar sinais exteriores de riqueza de gente que faz trafico no lugar, embora o blog saiba que pior que o tráfico de drogas é o tráfico de influência, a corrupção que grassa pelo país e na qual o Lula dessa história nunca esteve metido.
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