Queria pedir desculpa ao povo brasileiro. Ninguém tem de pagar por eu ser um grande pão duro.
Errei mas quem não erra? Quem nunca pegou a merenda do colega da escola e guardou a sua para ter mais na hora do jantar? Quem nunca sentou na mesa de um bar para tomar uma cerveja, e no entrou no racha da conta dizendo que esqueceu a carteira em casa?
Antigamente quando minha patroa pedia dinheiro para as compras, ligava para a venda para pedir fiado. Certo que nunca paguei, mas o portuga também não morreu de fome.
O certo é que me acostumei a ter grandes amigos, gente com grana que eu nunca quis ver pobre.
Por isso ajudei a todos, uma boquinha aqui, um contratinho ali, e eles me ajudavam com alguma coisinha, que dava colocar os meninos em boas escolas, aprendendo as práticas mais usais do capitalismo, ou dando a patroa o conforto que ela aprendeu a ter com a Ana Maria Braga.
Tudo que consegui até hoje é fruto do meu esforço de conseguir fechar o bolso, e fazer os amigos abrirem suas carteiras.
Nunca roubei, os outros e que roubaram para mim. Nunca corrompi ninguém, nem preciso, sou membro de um partido que em suas alianças sempre esteve em boas companhias.
Aqueles que hoje me acusam querem manchar a minha história de torcedor corintiano, de pescador de águas turvas, de orador dos encontros com os amigos na mesa de um bar.
E para aqueles que me defenestram quero deixar um recado, se me prenderem contrato o José de Abreu e viro herói da próxima novela, se me matarem incorporo o Chávez e viro o mártir da Venezuela. O único risco é me deixarem Solti e eu virar ministro. Aí vou ter que trabalhar, e ao invés de um pedalinho pagar a passagem para Disney dos meus netos. Mas isso eu nunca aceitarei, pois pão duro que se preza sempre será chamado de ladrão. Ou será que sou? O delegado da Federal foi tão cortez comigo que já nem sei mais o que. Espero que essa dúvida paase logo, quem sabe o Moro também não me trata com carinho e eu saio de vez do armário. "
(Carta aberta encontrada no banheiro do Aeroporto de Congonhas pelo Blog do Billy Birão. Estamos investigando quem a escreveu)
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