quarta-feira, 9 de março de 2016

Carta ao Povo Brasileiro

Queria pedir desculpa ao povo brasileiro. Ninguém tem de pagar por eu ser um grande pão duro.
Errei mas quem não erra? Quem nunca pegou a merenda do colega da escola e guardou a sua para ter mais na hora do jantar? Quem nunca sentou na mesa de um bar para tomar uma cerveja, e no entrou no racha da conta dizendo que esqueceu a carteira em casa?
Antigamente quando minha patroa pedia dinheiro para as compras, ligava para a venda para pedir fiado. Certo que nunca paguei, mas o portuga também não morreu de fome.
O certo é que me acostumei a ter grandes amigos, gente com grana que eu nunca quis ver pobre.
Por isso ajudei a todos, uma boquinha aqui, um contratinho ali, e eles me ajudavam com alguma coisinha, que dava colocar os meninos em boas escolas, aprendendo as práticas mais usais do capitalismo, ou dando a patroa o conforto que ela aprendeu a ter com a Ana Maria Braga.
Tudo que consegui até hoje é fruto do meu esforço de conseguir fechar o bolso, e fazer os amigos abrirem suas carteiras.
Nunca roubei, os outros e que roubaram para mim. Nunca corrompi ninguém, nem preciso, sou membro de um partido que em suas alianças sempre esteve em boas companhias.
Aqueles que hoje me acusam querem manchar a minha história de torcedor corintiano, de pescador de águas turvas, de orador dos encontros com os amigos na mesa de um bar.
E para aqueles que me defenestram quero deixar um recado, se me prenderem contrato o José de Abreu e viro herói da próxima novela, se me matarem incorporo o Chávez e viro o mártir da Venezuela. O único risco é me deixarem Solti e eu virar ministro. Aí vou ter que trabalhar, e ao invés de um pedalinho pagar a passagem para Disney dos meus netos. Mas isso eu nunca aceitarei, pois pão duro que se preza sempre será chamado de ladrão. Ou será que sou? O delegado da Federal foi tão cortez comigo que já nem sei mais o que. Espero que essa dúvida paase logo, quem sabe o Moro também não me trata com carinho e eu saio de vez do armário. "

(Carta aberta encontrada no banheiro do Aeroporto de Congonhas pelo Blog do Billy Birão. Estamos investigando quem a escreveu)

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