Fico meio chateado por esse sentimento generalizado de frustração que alcançou pessoas amigas. Também me senti assim quando o projeto das diretas naufragou, durante a ditadura.
Foi uma luta dura, apenas com o Jornal do Brasil trabalhando ao lado do projeto, todo construído por grandes nomes da política e desenvolvido com o apoio das ruas.
A morte do Tancredo também trouxe frustração a muitos, a mim nada, era meio que um Temer que surgiu no vácuo de uma situação.
Na queda do Collor também me chateei, não por ele, mas por minhas filhas adolescentes que se envolveram nas manifestações, pintaram o rosto de verde e amarelo, e mais tarde tiveram que amargar sua frustração naquele abraço do Lindberg com o Collor, e na aliança dele com o Luís Inácio.
Mas amarguei outras dores, outros sentimentos de frustração, não por nada daqui, mas por lá fora, vendo uma invasão americana ao Iraque, baseada numa mentira, levando a morte de milhões sem nada resolver ou trazer a paz. Com o genocídio praticado por Israel contra os palestinos, e também com a cínica situação criada pela Sra. Hillary Clinton, que nos levou a um terror e a uma mortandade pior que a ditadura dos Assad.
O mundo agora, mais que antigamente, vive sob a ditadura da Imprensa, e é ela quem conduz nossos sentimentos mais comezinhos de indignação e ódio político.
Até bem pouco a Imprensa nacional estava a caminho do traço, sendo tragada pelo crescimento da internet, que com seus blogs informativos dava a muitos a possibilidade de fazer notícia, deixando para trás a informação tradicional, via jornal e revista impresso, enquanto que no mundo jornais eram vendidos aos borbotões.
Mas sorrateiramente ela, a Imprensa se apossou do conteúdo virtual, foram acertando o passo, seguindo em frente na direção de conquistar as nossas almas. Como bestas caímos na armadilha de produzir conteúdos gratuitos para eles, traídos por nossas emoções mais banais, no afã de querer ter voz e participar do processo político.
Nesta crise eles acertaram a mão de vez e conseguiram atingir em cheio o coração das pessoas, numa incrível conjugação de internet com televisão. Não foi um movimento de fora, mas produzido dentro de um grande jornal.
O estopim da crise se deu na internet, mas como um rastilho de pólvora se espalhou pela televisão, através da ampla janela dos noticiários globais.
Os grandes players da mídia resistiram bravamente nos três primeiros dias àquela gravação, que qualquer editor sério teria jogado no lixo vindo das mãos de um estagiário.
Como o jornalismo de hoje não é feito mais por grandes editores, como os de antigamente, mas por jornalistas âncoras que conquistaram prestígio e credibilidade, independentemente do nome do jornal que os abriga como PJ, pouco importa o mal que podem causar. Seus passes comprados a peso de ouro, dão a eles o direito as manchetes, já que editam livremente seus conteúdos, São como corretores de imóvel que detêm uma rede de porteiros, pronto para lhes dar a preciosa informação que precisam para ganhar milhões com um bom apartamento.
Na minha visão o que aconteceu hoje nada mais foi que a vitória de um poder, o judiciário, sobre um outro poder, a Imprensa. Nada dessa coisa de santos contra demônios, de honestos contra safados, de políticos bons e ruins, mas sim o prosseguimento de uma batalha, dos podres poderes de uma nação construída em cima da hipocrisia daqueles que se beneficiaram das mesmas coisas que criticam, do mesmo compadrio, da mesma corrupção, para ganhar dinheiro em cima da frustração alheia e adquirir mais poder.
E como diria Caetano, somos todos uns bestas, uns boçais que caímos nessa esparrela de um novo modelo de poder.
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