quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O bispo e a moça

  • Tem gente que nasce feia, outros que nascem ricos. Gente que nasce simples, mas que depois se torna arrogante. Gente que nasce com as mãos limpas, mas quando faz política mete a mão na merda. O governo do PT tem gente de todos os tipos. Mulheres feias, verdadeiros jaburus que fazem plástica para se tornar damas. Ricos virando milionários. Gente simples deslumbrando-se com cigarrilhas e charutos importados de Cuba. Militantes de caráter limpo fazendo o jogo sujo do poder. Tem gente de todo o tipo no governo Lula. Mas outros, de tez erguida, olhos fixos no horizonte, sonhos sonhados na cabeça feita desistiram, e deixaram para trás a estreita babaquice deslumbrante de se tornar elite. Trocaram o poder e a glória de um governo popular, mas que na verdade serve apenas aos seus interesses e de uma classe dominante, para navegar no sentido contrário e continuar a luta do povo pobre nos seus mais elementares anseios. A greve de fome do bispo Dom Luis Cappio, e o desprezo que a ele concedem os áulicos do poder ilustram a retomada da capacidade política de sonhar, de dar a vida por uma causa dentro dos mais nobres princípios revolucionários. Os encagaçados revolucionários do passado, que se esconderam por detrás de identidades secretas para preservar a vida, e que não foram capazes de um só grito em favor dos que outrora lhe libertaram do jugo da ditadura, destilam seu desprezo pela causa da suspensão das obras do rio São Francisco com sonoro tratamento de "senhor" ao bispo, como se Dom Luis Cappio fosse um dos seus mensaleiros, sanguessugas ou compradores de dossiês. Não conseguem ver na beleza do gesto a juventude perdida, a capacidade de sonhar libertariamente. E que acode o santo padre nessa hora? Leticia Sabatela, aquela que da freira de novela se candidata a musa do rio. Pelo seu colo correm as lágrimas de um povo, pelos seus cabelos a sinuosidade das águas do rio furibundo. Seu olhar penetra a alma da canalha petista, como que a lhes cobrar a identidade. Sua voz doce soa fundo nos ouvidos de surdos-mudos dirigentes partidários. E o onde os sindicatos, agora pelegos, onde os cara-pintadas, agora capitalistas vendedores de carteirinhas? Calam-se, perdidos na sua sanha por um modelo econômico em que a vida não tem a mínima importância.

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