Meu amigo Luis Nassif vai me perdoar mas hoje vou abrir espaço no meu blog para um post recolhido seu blog sobre a morte da modelo Ana Carolina Reston, que na sua obsessiva busca em corresponder aos padrões de beleza da sua profissão foi vítima da anorexia.
"Ah, meninas da moda, de rosto exangues, de pernas finas, com o ar triste de pássaros engaiolados, o que o mundo da moda fez com vocês?
Tirou sua juventude, extirpou de sua expressão a alegria da adolescência, do seu olhar o frescor da juventude, a sexualidade jovem e sadia das outras meninas da sua geração, chupou o seu sangue de tal maneira que o corpo esquálido reflete apenas tristeza da celebração antecipada das purgações da vida adulta.
São estranhas criaturas, com o corpo cinzelado por sopros de anemia, esquálidas, indiferentes, não indiferentes, tristes mesmo, de uma tristeza extravagante, mais discreta que a dos jovens góticos que se estraçalham buscando diferenciações grotescas, mas igualmente tristes.
Aqueles expõem suas chagas, castigam-se por pecados que nem identificam; estas expõem seus ossos como se, nesse mundo do espetáculo permanente, qualquer outra forma de expressão humana já tivesse sido suficientemente banalizada.
Tristes meninas."
Na internet todo mundo mete o dedo na ferida, ou no nariz do outro. Tanto faz se sobre política, economia ou comportamento. O importante é cutucar, informar, ter opinião sobre tudo, seja fazendo graça ou falando sério. Por isso estamos aqui para pensar, falar das injustiças contra minorias e países, e dar nosso palpite sobre a fábula do enfraquecimento moral desse país, suas mazelas e problemas, pois não queremos carregar a maldita herança que estão querendo nos deixar.
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
Que se abra o chiqueiro
Uma pena o que esta camarilha de semianalfabetos políticos do PT está tentando fazer com alguns blogs. Estive fora uns tempos e estou enojado com esta falta de sensatez. Basta que algum blogueiro indique que não vai beijar a mão do homem e o "Comite Contra a Liberdade de Expressão" do PT manda soltar os cachorros em cima. Muitos blogueiros não jornalistas não precisam aturar isso. Meu conselho é para que transformem seus blogs em um ex-blog, como fez o Prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia e enviem suas análises por mailing para aqueles que respeitam suas opiniões. É a solução enquanto eles se enxafurdam na lama. Porcos são porcos e nada mais.
terça-feira, 7 de novembro de 2006
Internet não é celular. Abaixo a repressão! (2)
Outro bom post, este do Blog do Jeferson:
"Menos liberdade na internet"
"A internet já foi o símbolo da liberdade. É o acesso ao mais variado leque de informações, e possibilidade de expressão infinita. No Brasil, a liberdade nem sempre é bem-vinda. Há no Senado um projeto de lei que prevê o controle do acesso à rede, "que obriga a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade" (Folha de São Paulo). Antes de qualquer coisa, mais uma vez a idéia de que as leis fazem parte de um sistema foi esquecida, já que a pena prevista para o acesso sem identificação prévia seria de reclusão de dois a quatro anos. A pena seria mais grave do que a prevista para quem destrói arquivos ou rouba dados na rede. Não que a internet seja espaço de ninguém, região sem lei. Mas a obrigação de identificação de todos os usuários não impede que crimes sejam cometidos. Sem essa ingerência na privacidade de todos os usuários da net já é possível identificar os "ciber" delinqüentes através do número do IP, espécie de digital da rede. Tanto que as prisões estão sendo feitas e os modernos criminosos processados. Não é aceitável que em nome da segurança - ou de uma idéia falha de segurança - a democratização do acesso à internet e a liberdade que ela trouxe sejam esquecidas e ignoradas. Mais do que isso, é a restrição inútil de mais uma liberdade. Se a "world wilde web" esteve ligada à liberdade, a lei é o começo do fim da rede no Brasil."
"Menos liberdade na internet"
"A internet já foi o símbolo da liberdade. É o acesso ao mais variado leque de informações, e possibilidade de expressão infinita. No Brasil, a liberdade nem sempre é bem-vinda. Há no Senado um projeto de lei que prevê o controle do acesso à rede, "que obriga a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade" (Folha de São Paulo). Antes de qualquer coisa, mais uma vez a idéia de que as leis fazem parte de um sistema foi esquecida, já que a pena prevista para o acesso sem identificação prévia seria de reclusão de dois a quatro anos. A pena seria mais grave do que a prevista para quem destrói arquivos ou rouba dados na rede. Não que a internet seja espaço de ninguém, região sem lei. Mas a obrigação de identificação de todos os usuários não impede que crimes sejam cometidos. Sem essa ingerência na privacidade de todos os usuários da net já é possível identificar os "ciber" delinqüentes através do número do IP, espécie de digital da rede. Tanto que as prisões estão sendo feitas e os modernos criminosos processados. Não é aceitável que em nome da segurança - ou de uma idéia falha de segurança - a democratização do acesso à internet e a liberdade que ela trouxe sejam esquecidas e ignoradas. Mais do que isso, é a restrição inútil de mais uma liberdade. Se a "world wilde web" esteve ligada à liberdade, a lei é o começo do fim da rede no Brasil."
Internet não é celular. Abaixo a repressão!
Transcrevo texto que recolhi no Blog do Zé Dirceu contra este absurdo projeto de Sen. Eduardo Azevedo de restringir o acesso democrático à Interenet.
"Entenda melhor a questão lendo artigo de Rico Ferrari, ou Láudano, em seu blog. Reproduzo trechos:"
"(...) Em resumo: a nova lei obrigará o recolhimento e armazenamento por três anos de dados de identificação de todos os usuários de qualquer serviço na Internet, seja provedor de acesso, seja de conteúdo.Trocando em miúdos para quem não é técnico da área: Se você é usuário, seu provedor de acesso terá de guardar dados como seu nome completo, CPF, telefone, etc, e os de qualquer brasileiro que interaja com o seu (dele) servidor, para eventual uso judicial. Todo e qualquer acesso de usuário (você) a qualquer serviço brasileiro na Internet deverá ser registrado dessa maneira.Se voce é dono de um blog, terá de fazer o mesmo com os comentaristas e colaboradores do seu blog, caso contrário você estará infringindo a nova lei. Se você tem um serviço para os amigos, como o Insanus, o Wunderblogs, o Apostos, ou o Embora, ainda que hospedado no exterior e com domínio internacional, estará sujeito às mesmas regras. O que vale é a cidadania do dono do serviço. Ao acessar um chat brasileiro, por exemplo os do Terra ou do UOL, todo e qualquer acesso seu será registrado e guardado por três anos.Para quem não é da área a pergunta talvez seja: Ok, mas qual é mesmo o problema de se guardar esses dados, se eu não tenho nada a esconder? Uma das respostas simples é: Dados em servidores com acesso público (a Internet, por exemplo) nunca são exatamente seguros. Quem será a entidade privada que terá acesso aos seus dados? Ao seu CPF, endereço da sua casa, telefone, email, sabe-se mais o quê? Pela lei, sempre bem-intencionada (como a do desarmamento, por exemplo), só a Justiça e o provedor de acesso ou conteúdo. Mas, e se um braço legal do PCC abrir um provedor de conteúdo, um serviço de sucesso tipo o Orkut, por exemplo? As possibilidades de chantagem, incomodação e achaque ao usuário (você) são infinitas.Sem falar que os custos de todos os serviços aumentarão, pode ter certeza. Se guardar um mês de registros normais de acessos (os famosos logs de servidor, que guardam os números IPs e registram, uma por uma, quais páginas cada usuário acessou) já é algo que consome uma imensidão de recursos (disco rígido e servidores, especialmente), imagine guardar três anos desse tipo de informação - e mais as novas exigidas - e imagine também o custo astronômico da adaptação de TODOS os sistemas existentes no país a essa eventual nova regra.Muitos provedores de acesso e conteúdo migrarão para outros países onde a legislação seja menos insensata, pode ter certeza: exportar empregos parece ser a especialidade dos nossos três poderes nos últimos anos. Os que não fizerem isso, por impossibilidade técnica ou econômica, aumentarão os preços (alguém tem de pagar pela infraestrutura extra que a lei exigirá, e esse alguém será você) ou simplesmente quebrarão. E uma quebradeira nesse setor será algo tão nefando para o país como um apagão, anote aí. Não, não é alarmismo, e, sim, isso atingirá você, que talvez nem saiba o que é um log de servidor".
"Entenda melhor a questão lendo artigo de Rico Ferrari, ou Láudano, em seu blog. Reproduzo trechos:"
"(...) Em resumo: a nova lei obrigará o recolhimento e armazenamento por três anos de dados de identificação de todos os usuários de qualquer serviço na Internet, seja provedor de acesso, seja de conteúdo.Trocando em miúdos para quem não é técnico da área: Se você é usuário, seu provedor de acesso terá de guardar dados como seu nome completo, CPF, telefone, etc, e os de qualquer brasileiro que interaja com o seu (dele) servidor, para eventual uso judicial. Todo e qualquer acesso de usuário (você) a qualquer serviço brasileiro na Internet deverá ser registrado dessa maneira.Se voce é dono de um blog, terá de fazer o mesmo com os comentaristas e colaboradores do seu blog, caso contrário você estará infringindo a nova lei. Se você tem um serviço para os amigos, como o Insanus, o Wunderblogs, o Apostos, ou o Embora, ainda que hospedado no exterior e com domínio internacional, estará sujeito às mesmas regras. O que vale é a cidadania do dono do serviço. Ao acessar um chat brasileiro, por exemplo os do Terra ou do UOL, todo e qualquer acesso seu será registrado e guardado por três anos.Para quem não é da área a pergunta talvez seja: Ok, mas qual é mesmo o problema de se guardar esses dados, se eu não tenho nada a esconder? Uma das respostas simples é: Dados em servidores com acesso público (a Internet, por exemplo) nunca são exatamente seguros. Quem será a entidade privada que terá acesso aos seus dados? Ao seu CPF, endereço da sua casa, telefone, email, sabe-se mais o quê? Pela lei, sempre bem-intencionada (como a do desarmamento, por exemplo), só a Justiça e o provedor de acesso ou conteúdo. Mas, e se um braço legal do PCC abrir um provedor de conteúdo, um serviço de sucesso tipo o Orkut, por exemplo? As possibilidades de chantagem, incomodação e achaque ao usuário (você) são infinitas.Sem falar que os custos de todos os serviços aumentarão, pode ter certeza. Se guardar um mês de registros normais de acessos (os famosos logs de servidor, que guardam os números IPs e registram, uma por uma, quais páginas cada usuário acessou) já é algo que consome uma imensidão de recursos (disco rígido e servidores, especialmente), imagine guardar três anos desse tipo de informação - e mais as novas exigidas - e imagine também o custo astronômico da adaptação de TODOS os sistemas existentes no país a essa eventual nova regra.Muitos provedores de acesso e conteúdo migrarão para outros países onde a legislação seja menos insensata, pode ter certeza: exportar empregos parece ser a especialidade dos nossos três poderes nos últimos anos. Os que não fizerem isso, por impossibilidade técnica ou econômica, aumentarão os preços (alguém tem de pagar pela infraestrutura extra que a lei exigirá, e esse alguém será você) ou simplesmente quebrarão. E uma quebradeira nesse setor será algo tão nefando para o país como um apagão, anote aí. Não, não é alarmismo, e, sim, isso atingirá você, que talvez nem saiba o que é um log de servidor".
segunda-feira, 6 de novembro de 2006
"tensão entre partido de governo e Imprensa"
Leia o apanhado de artigos publicado no OI que resume um pouco desta tensão que está sendo criada pelo governo e pelo PT contra a Imprensa.
Quem é "Paco"
Alberto Dines em seu OI de hoje apresenta ao distinto público no artigo "Espatelamento, modo de emprego" a nesfasta figura de "Paco, o Empastelador". Curioso por saber quem é vou dar apenas as iniciais enquanto não ler o artigo: PHA.
domingo, 5 de novembro de 2006
Da forca a eleição
A condenação de Saddam Hussein à forca causou revolta no pessoal dos direitos humanos. Os americanos não tem peito para deixar matá-lo. A pressa do veredicto tem a ver com a eleição do Bush. O mais provavél é que passada a eleição o deixem morrer encarcerado, como já fizeram com o Milosevic e muitos outros. Doente ele já está, o resto é questão de tempo.
Da forca a eleição
A condenação de Saddam Hussein à forca causou revolta no pessoal dos direitos humanos. Os americanos não tem peito para deixar matá-lo. A pressa do veredicto tem a ver com a eleição do Bush. O mais provavél é que passada a eleição o deixem morrer encarcerado, como já fizeram com o Milosevic e muitos outros. Doente ele já está, o resto é questão de tempo.
"É a economia, sua besta!" (2)
Só para ilustrar o asuunto, do Blog do Zé Dirceu de hoje: 'GOVERNO PARALISA A ANATEL...Na pauta da agência, à espera de deliberação, questões importantes para a sociedade, relacionadas a regulamentos relevantes para o aprofundamento da competição, e questões importantes para os investidores e para o mercado, como a compra, pela Telemar, da operadora de TV a cabo Way Brasil e a entrada da Telefônica no capital da TVA." Onde se lê Telefônica, leia-se Brasil Telecom, a dona do Portal IG. Isso é que lobby descarado!
"É a mídia digital, sua besta!"
Acho que estou ficando doido ou delirando com as tais "teorias conspiratórias" de que tanto se fala. Quando o vi o primeiro movimento do Portal IG em arrumar seu time de blogueiros confesso que fiquei meio intrigado. PHA, Tão Gomes Pinto, Mino Carta, Luis Nassif... Sei não. Ai assisti a uma intervenção do presidente do grupo Brasil Telecom no Observatório da Imprensa, da TVE e me deu o clique: "é a mídia digital sua besta". O governo não está apostando na mídia impressa para reagir aos grandes veículos de comunicação. Nem tampouco na tradicional "TV aberta". Todo o movimento de "democratização" da mídia vai se dar em torno da "mídia digital" é nisso que o governo apostou quando adotou o tal modelo "japonês", que embora muitos pensassem ser favorável a "Globo" foi apenas um movimento estratégico para atacar pelos flancos. Getúlio quando apoiou Samuel Wainer na criação do seu UH teve a mesma visão, oferecendo ao povo um jornal barato, de fácil comunicação através das manchetes. Hoje veículos com estas características existem aos montes e mais um não alcançaria o objetivo. Daí a mídia eletrônica, gratuita e "democrática" entrando pelos celulares, pelos PCs conectados e muito mais. E neste campo da informação o Portal da Brasil Telecom está disparando na frente. A Globo só agora acusa o golpe convocando o Ricardo Noblat. O resto fica pros jornalistas investigativos apurar o que há por trás desta relação Imprensa X Poder. Por mera intuição digo que o Portal da Brasil Telecom é a aposta digital do governo no campo da informação.
"É a mídia digital, sua besta!"
Acho que estou ficando doido ou delirando com as tais "teorias conspiratórias" de que tanto se fala. Quando o vi o primeiro movimento do Portal IG em arrumar seu time de blogueiros confesso que fiquei meio intrigado. PHA, Tão Gomes Pinto, Mino Carta, Luis Nassif... Sei não. Ai assisti a uma intervenção do presidente do grupo Brasil Telecom no Observatório da Imprensa, da TVE e me deu o clique: "é a mídia digital sua besta". O governo não está apostando na mídia impressa para reagir aos grandes veículos de comunicação. Nem tampouco na tradicional "TV aberta". Todo o movimento de "democratização" da mídia vai se dar em torno da "mídia digital" é nisso que o governo apostou quando adotou o tal modelo "japonês", que embora muitos pensassem ser favorável a "Globo" foi apenas um movimento estratégico para atacar pelos flancos. Getúlio quando apoiou Samuel Wainer na criação do seu UH teve a mesma visão, oferecendo ao povo um jornal barato, de fácil comunicação através das manchetes. Hoje veículos com estas características existem aos montes e mais um não alcançaria o objetivo. Daí a mídia eletrônica, gratuita e "democrática" entrando pelos celulares, pelos PCs conectados e muito mais. E neste campo da informação o Portal da Brasil Telecom está disparando na frente. A Globo só agora acusa o golpe convocando o Ricardo Noblat. O resto fica pros jornalistas investigativos apurar o que há por trás desta relação Imprensa X Poder. Por mera intuição digo que o Portal da Brasil Telecom é a aposta digital do governo no campo da informação.
A verdadeira opinião pública
O jornalista Alberto Dines pode não ter de todo razão, mas também não dá pra sair com essa bobagem do Mino Carta de que "a eleição do Lula venceu a mídia". Assim como será preciso refazer a "Lei Geral de Comunicações" será preciso também mexer com a "Lei Eleitoral". A forma como foi expresso o resultado eleitoral está levando muita gente ao delírio. Lula só teve 46% dos votos cadastrados, ou seja, menos da metade dos brasileiros deu a ele um segundo mandato. Daí se fazer ilações do tipo "uma vitória do povo contra a mídia" vai uma longa distância. Outra coisa: a Internet, tal como as pesquisas expressam apenas uma fotografia do momento. Os que se declaram agora á favor do Lula já foram minoria no passado, no escândalo do mensalão, por exemplo. Qualquer levantamento que se fizesse antes da eleição daria muito mais acessos contra o Lula do que a favor. Agora o pessoal pro-Lula esta animado com os tais 62% daí a quantidade de acessos e comentários a seu favor. No primeiro escândalo que acontecer vocês verão o que vai dar. Uma enxurrada de manifestações que farão parecer que a oposição a Lula cresceu de repente. Sou neófito de Internet mas já deu para perceber que ela é fluída, meio impressionista (lembra do "plebiscito da armas", a Internet toda era "da Paz"). Portanto, tanto o Alberto Dines quanto vc e o Mino Carta, ou o PHA, não devem se precipitar e estabelecer um elo meio primário entre Mídia Eletrônica e opinião pública. A verdadeira opinião pública é aquela que vai às urnas, e desta só 46% está fechada com Lula desde criancinha.
sábado, 4 de novembro de 2006
A Revolta de Aragarças?
Fiquei confuso num aspecto do APAGÃO DO LULA: afinal a crise é militar ou sindical? Será que vamos ter a primeira "Revolta de Aragarças" do governo Lula? Bem que falei que esse Ministro da Defesa ia criar confusão. Incompetente é o que ele é.
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
As calcinhas da opressão
O jornalista Alberto Dines reclama em seu comentário de hoje estar sendo vítima da ira dos petistas. Não liga não Dines. O jornalista que esta insuflando a galera contra você é useiro e vezeiro destas traições. Em todos os lugares por onde passa só granjeia inimigos. Aproveitando-se do interesse político-partidário do governo em ter o seu canal de comunicação luta com todas as forças para aparecer e se destacar na hora de ser nomeada a "diretoria". Faz o vergonhoso papel de "puxa-saco". Calou-se durante seis dias diante do APAGÃO AÉREO, e só se manifestou para repercutir a tese governamental que "a culpa é das aéreas". Vai ver ele pensa em te banir da TVE, ou expurgá-lo do Portal da Brasil Telecom, embrião do futuro órgão de imprensa governamental. Não liga não! Quem tem o currículo que você tem não deve se abalar com a ira dessa garotada raivosa e semi-analfabeta de Imprensa, que nada sabe da ditadura do Getúlio, da "Ultima Hora", de "O Cruzeiro". O dia que eles se dispuserem a abrir os livros de história, e entender da relação imprensa/poder que sempre se formou no Brasil, seja do interesse de um lado ou do outro ficarão mais aliviados na hora de urinar na calcinha, para evitar respirar o cheiro do gás lacrimogênio que certamente será jogado contra nós e eles. Ai sentirão saudades da santa Democracia.
Não foi o que pareceu.
Comentário de GOODWOOD do Recife, PE postado do Blog do Jefferson:
"Os números oficiais da eleição colocam em cheque o adjetivo "acachapante" da vitória reeleitoral de Lula da Silva e revelam que o País está dividido politicamente. Dados da totalização final do Tribunal Superior Eleitoral confirmam que o presidente sofreu uma expressiva rejeição nas urnas, e não "a vitória do Brasil" e do povo brasileiro que ele estampou na camiseta, ao comemorar a vitória, no domingo. O nome de Lula foi rejeitado por exatos 67.617.893 cidadãos, que corresponde a 53,70% dos eleitores. A frieza dos números eleitorais quebra o forjado clima de consagração psicológica de poder dada ao presidente pelos seus marketeiros. A rejeição corresponde à soma da abstenção (23.914.714), mais os votos "em branco" (1.351.448), mais os votos nulos (4.808.553), junto com os votos dados ao candidato adversário Geraldo Alckmin (37.543.178). Pelas contas, Lula ficou abaixo da maioria, com seus 58.295.042 votos (ou 60,83%). Obteve apenas 46,3% do total de votos das 125.913.479 pessoas aptas a votar. A tradução objetiva do resultado eleitoral é que 53,7% dos brasileiros não referendaram o seu nome."
"Os números oficiais da eleição colocam em cheque o adjetivo "acachapante" da vitória reeleitoral de Lula da Silva e revelam que o País está dividido politicamente. Dados da totalização final do Tribunal Superior Eleitoral confirmam que o presidente sofreu uma expressiva rejeição nas urnas, e não "a vitória do Brasil" e do povo brasileiro que ele estampou na camiseta, ao comemorar a vitória, no domingo. O nome de Lula foi rejeitado por exatos 67.617.893 cidadãos, que corresponde a 53,70% dos eleitores. A frieza dos números eleitorais quebra o forjado clima de consagração psicológica de poder dada ao presidente pelos seus marketeiros. A rejeição corresponde à soma da abstenção (23.914.714), mais os votos "em branco" (1.351.448), mais os votos nulos (4.808.553), junto com os votos dados ao candidato adversário Geraldo Alckmin (37.543.178). Pelas contas, Lula ficou abaixo da maioria, com seus 58.295.042 votos (ou 60,83%). Obteve apenas 46,3% do total de votos das 125.913.479 pessoas aptas a votar. A tradução objetiva do resultado eleitoral é que 53,7% dos brasileiros não referendaram o seu nome."
O apagão dos blogueiros do Portal BT
Outra coisa: impressionante o silêncio dos blogueiros do "Portal da Brasil Telecom" - aquele que está sendo preparado para se tornar a alternativa de mídia do governo Lula -, neste episódio do APAGÃO DO LULA. Com exceção de Luis Nassif, José Dirceu, Paulo Henrique Amorim, Etevaldo Dias, Mino Carta, e todo o time de articulistas chapa branca convocados para a trincheira de defesa jornalística do Lula, que passados 7 dias de crise no tráfego aéreo estão totalmente calados sobre o APAGÃO DO LULA. O único que deu alguma coisa foi o PHA já anunciando nas entrelinhas a versão governamental: "a culpa e das empresas aéreas que devem ser acionadas no PROCON". Quero ver como irão proceder os teus colegas advogados (gostaria de ouvir a sua posição jurídico-constitucional), que neste caso deverão impor a viúva um dos maiores prejuízos da história.
O marrentinho acertou
Parabéns a Luis Nassif o único a não embarcar na manobra do Ministro Waldir Pires de criminalizar os pilotos do Legacy para não deixar respingar na eleição. Agora vem com o maior cinismo dizer que "não sabia" que poderia ocorrer um APAGÃO AÉREO. Pelo jeito que as coisas estão indo não é difícil especular que houve um pedido aos controladores para não detonar a operação padrão antes das eleições. O isolamento dos que estavam de plantão no dia do acidente, e agora esta explosiva decisão de transformar a profissão de controlador em cargo civil (não foi a toa que o Ministro da Aeronáutica para mostrar força mandou prender todo mundo). Waldir Pires desde a primeira entrevista que assisti já procurava jogar a culpa no colo dos pilotos americanos. Nunca foi isento, e suas declarações sempre procuraram atropelar o Inquérito da Aeronáutica, que pela primeira vez caiu no ridículo de se deixar conduzir por palpiteiros de plantão. Sei que não cabia a Luis Nassif e outros impingir ao Ministro a culpa por uma versão tão esdrúxula, mas neste caso a mídia teve sua culpa por se interessar mais por uma versão "nacionalista" do que pela enorme quantidade de depoimentos e informações que corroboravam uma outra versão. Parabéns a todos aqueles que demonstraram coragem e isenção num momento só queria vender jornal e ganhar pontos no ibope da teve ou do rádio, e que embarcaram na onda do pior e menos isento Ministro da Defesa que o Brasil já teve no pós-democracia responsável, agora já se sabe, pelo APAGÃO AÉREO.
quarta-feira, 1 de novembro de 2006
O marrentinho
Aos poucos Luis Nassif vai se tornando o "Romário" do jornalismo na internet, marrento, comprando briga com Deus e o mundo. Só falta sair com uma frase do tipo "esse é o cara". Ao contrário de outros tem comprado polêmicas pelo estômago. Com isso vai acumulando um bafafá atrás do outro. Vai ter que tomar cuidado para não dar uma de Paulo Henrique Amorim e se deixar levar pelo ressentimento. O Portal IG não merece se transformar no "O Cruzeiro" da internet. A propósito: quando é que ele vai dar continuidade aos desdobramentos do acidente da "gol" e comentar o "APAGÃO DO TRÁFEGO AÉREO"? Esse Ministro da Defesa do Lula está se saindo melhor que a encomenda.
Enfim voltei
Depois do meu retiro numa ilha deserta onde não tinha teve, radio, celular, internet, nem urna eletrônica estou de volta.
segunda-feira, 23 de outubro de 2006
O nosso Berlusconi
Luis Nassif é um jornalista bastante inteligente. Insinua em seu blog que FHC disse que Lula, se eleito governará que nem Hitler. Na fala de FHC hoje a tarde o "e depois?" não tem nada a ver com o Hitler, mas sim com as mentiras que vem sendo anunciadas no programa eleitoral quando fala dos empregos, mas não fala da "taxa de desemprego"; quando fala em classe média e coloca nela pessoas que começaram a ganhar R$ 350,00; quando diz que o pais cresceu, mas só no RJ o PIB caiu 27% nos últimos anos; quando fala em elite e aponta para trabalhadores que ganham algo em torno de R$ 1.500,00; quando fala em SAMU e não se vê as ambulâncias na rua; quando diz que revolucionou a indústria naval e esquece que o processo já estava em andamento quando foi eleito; quando diz que acabou com a inflação e ignora que o processo lento e gradual de acabar com a tal "memória inflacionária" vem desde de 1994; quando faz a abstração de inventor dos programas sociais sabendo que a origem do processo é anterior a ele. Ao invés de ficar chocado com a comparação a Hitler deveria é refletir sobre a outra comparação feita por FHC, a com Berlusconi quando chamou Lula de "fanfarrão". Essa ele pareceu concordar, pois não se insurgiu contra.
Os blogueiros do Portal (2)
Não é o direito de se ter um pai famoso para arranjar um bom emprego, e este emprego como todo bom negócio prosperar pela ação do seu quadro de sócios e funcionários o objeto da matéria de Veja . Nem todo "filhinho de papai" agarra sua chance e prospera. O que se discute ali, no caso do Ronaldinho do Lula é o "lobby" em favor da Telemar, e sobre este tema deveríamos ter uma manifestação dos blogueiros do Portal IG. O texto do Estadão de hoje diz de maneira técnica e com diversos elementos de análise que: "O empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ser convocado pela Câmara dos Deputados para explicar as denúncias de que teria atuado como lobista da Telemar, da Brasil Telecom e da produtora de vídeo Casablanca. O líder da minoria na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) defenderam ontem que uma comissão temática da Câmara investigue a denúncia contra Lulinha, que é sócio da empresa Gamecorp." Com a palavra os blogueiros do Portal IG.
domingo, 22 de outubro de 2006
Os blogueiros do Portal
Às vezes me vem a impressão que o jornalista Luis Nassif faz leitura dinâmica das matérias dos outros veículos fora da linha dos blogueiros do Portal IG. Desta vez cita "matéria técnica com diversos elementos de análise" sobre os negócios do Ronaldinho do Lula publicada no jornal O Estado de São Paulo. Ao ler a matéria não encontrei nada diferente do que Veja diz, do quanto o parentesco ajudou para a entrada do Lulinha no mundo dos grandes negócios. O mal é não comentar o que Veja aponta - a questão do lobby em favor da Telemar para resolução de um outro interesse. Nesse ponto Veja chega a ser didática indicando as ligações com outros personagens que o ESP nem sequer cita, pois sua matéria aborda unicamente a questão do QI para a expansão da Gamecorp. Esse empenho em querer eleger o bom e o mau jornalismo se achando um santo acaba tirando dos blogueiros do Portal IG a credibilidade e isenção. Paulo Henrique Amorim, por exemplo, está metido numa querela com a Globo e FHC que denota ressentimento com alguma coisa do passado. Quanto a Luis Nassif não me parece um ressentido. Apenas mais um partilhando do tal "espírito de corpo".
sábado, 21 de outubro de 2006
A incrível história do Ronaldinho do Lula
Sob o título "Porque não pode todomundo ser o Ronaldinho" - explicação do presidenteLula para o tremendo sucesso de seu filho Fábio Luís, que coincide com o mandato presidencial do pai - a
Revista Veja publica esta semana a verdadeira história do sucesso do filho do presidente.
"Como aconteceria com qualquer pai, o presidente Lula tem demonstrado o orgulho que sente pelo sucesso de seu filho Fábio Luís Lula da Silva. Aos 31 anos, Lulinha, apelido que ele detesta, é um empresário bem-sucedido. É sócio de uma produtora, a Gamecorp, que, com um capital de apenas 100.000 reais, conseguiu fazer um negócio extraordinário: vendeu parte de suas ações à Telemar, a maior empresa de telefonia do país, por 5,2 milhões de reais. Como a Telemar tem capital público e é uma concessionária de serviço público, a sociedade com o filho do presidente sempre causou estranheza. Na segunda-feira passada, em entrevista ao programa Roda Viva, Lula teve de falar em público sobre os negócios do filho. "Não posso impedir que ele trabalhe. Vale para o meu filho o que vale para os 190 milhões de brasileiros. Se têm alguma dúvida, acionem ele", afirmou. Dois dias depois, em entrevista à Folha de S.Paulo, o assunto Lulinha voltou ao foco. Os jornalistas lhe apresentaram uma questão formulada por um leitor do jornal, que não foi identificado. A pergunta dizia o seguinte: "Tenho 61 anos, sou pai de quatro filhos adultos, todos com curso superior, mas com dificuldades de bons empregos ou de empreender. Como é que o seu filho conseguiu virar empresário, sócio da Telemar, com capital vultoso de 5 milhões de reais?".
Em sua resposta, o presidente Lula começou explicando que seu filho virou sócio da Gamecorp quando a empresa, fundada por alguns amigos em Campinas, já tinha mais de dez anos de vida. "Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", disse. Em seguida, o presidente fez menção às suspeitas que cercam a sociedade da Gamecorp com a Telemar. "Se alguém souber de alguma coisa que meu filho tenha cometido de errado, é simples: o meu filho está subordinado à mesma Constituição a que eu estou", disse o presidente, fazendo logo depois uma divagação comparativa que já nasceu imortal: "Porque deve haver um milhão de pais reclamando: por que meu filho não é o Ronaldinho? Porque não pode todo mundo ser o Ronaldinho". Os entrevistadores gostaram do paralelo estabelecido pelo presidente entre seu filho e o astro do futebol e perguntaram se não seria mais fácil virar um Ronaldinho quando se é filho do presidente. Lula respondeu: "Não é mais fácil, pelo contrário, é muito mais difícil. E eu tenho orgulho porque o fato de ser presidente da República não mudou um milímetro o hábito dos meus filhos".
Pouco ou nada se sabe dos hábitos dos filhos de Lula antes ou depois de o pai receber a faixa presidencial. Mas a trajetória profissional de Fábio Luís mudou e muito. Foi só depois da posse que seus dons fenomenais começaram a se expressar – e com tal intensidade a ponto de o pai ver nele um Ronaldinho dos negócios. Ele mostrou talento para as comunicações e, como se lerá nesta reportagem de VEJA, para a atividade de lobista junto ao governo. A reportagem revela que o filho do presidente associou-se ao lobista Alexandre Paes dos Santos, um personagem explosivo, que responde a três inquéritos da Polícia Federal, por suspeitas de corrupção, contrabando e tráfico de influência. Esse dom do filho do presidente se revelaria ainda no episódio de sua associação com a Telemar.
Sabe-se agora que os 15 milhões de reais investidos pela Telemar na empresa de Lulinha não foram um investimento qualquer. As circunstâncias sugerem que o objetivo mais óbvio seria comprar o acesso que o filho do presidente tem a altas figuras da República. O setor de telefonia estava e está em uma guerra em que, a se repetir a tendência mundial, haverá apenas um ou dois vencedores. Ganhar fatias do adversário é vital. Houve uma corrida entre grandes empresas de telecomunicações para ver quem conseguia alinhar o filho do presidente entre seu time de lobistas. A Telemar venceu. A maior empresa de telecomunicações do Brasil em faturamento e em número de telefones fixos instalados, e com 64% do território nacional coberto por ela, a Telemar é uma empresa cujo faturamento anual supera 7 bilhões de dólares. A aposta na associação com Lulinha acabou não sendo muito produtiva para a Telemar porque o escândalo veio à tona. Mas foi por pouco. O governo negociava a queda de barreiras legais que impedem a atuação nacional de empresas de telefonia fixa. Além disso, por orientação do governo, fundos de pensão de estatais preparavam-se para vender fatias relevantes de sua participação acionária no setor. Quem estivesse mais perto do poder se sairia melhor.
O Ronaldinho do presidente Lula é mesmo um fenômeno. Formado em biologia, ele ainda era chamado de Lulinha, apelido que os amigos hoje evitam, quando trabalhava como monitor no zoológico de São Paulo, com um salário de 600 reais por mês. Para reforçar seus ganhos, dava aulas de inglês e computação. Do ponto de vista profissional e financeiro, vivia uma situação que parece ser muito semelhante à dos quatro filhos com curso superior do leitor da Folha. Em dezembro de 2003, no entanto, quando Lula estava em via de completar seu primeiro ano no Palácio do Planalto, Lulinha começou sua decolagem rumo à galeria exclusiva dos indivíduos fenomenais. Junto com Kalil e Fernando Bittar, filhos de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas e um velho amigo do presidente, Fábio Luís tornou-se sócio da Gamecorp, empresa de games que ainda se chamava G4 Entretenimento e Tecnologia Digital. Até aqui a trajetória de Fábio Luís lembra a dos geniozinhos americanos do Vale do Silício que se enfurnam em uma garagem e saem de lá com uma idéia matadora de vanguarda como o Google ou o YouTube, projetando-se para o estrelato dos negócios multimilionários. A Gamecorp continuou a expandir-se. Em junho deste ano, fechou um contrato com a Rede Bandeirantes para alugar seis horas de programação diária no Canal 21. Depois que o contrato foi firmado, a emissora mudou de nome: de Canal 21, passou a chamar-se PlayTV. Oficialmente, trata-se de um arrendamento de horário.
Em janeiro de 2005, apenas um ano depois da chegada de Lulinha à empresa, a Gamecorp já estava recebendo o aporte milionário de 5,2 milhões de reais da Telemar – e Lulinha já era um empreendedor de raro sucesso. A Gamecorp dera um salto estratosférico, coisa rara mesmo num mercado em expansão, como é o caso da internet e dos jogos eletrônicos. A sociedade entre a Telemar e a Gamecorp se materializou por meio de uma operação complexa, que envolveu uma terceira empresa e uma compra de debêntures seguida de conversão quase imediata em ações. O procedimento visava a ocultar a entrada da Telemar no negócio. VEJA revelou a associação em julho do ano passado.
O caso de Lulinha tem uma complexidade maior. Sua relação com a Telemar não se esgota nos interesses de ambos na Gamecorp. O filho do presidente foi acionado para defender interesses maiores da Telemar junto ao governo que o pai chefia. Em especial, em setores em que se estudava uma mudança na legislação de telecomunicações que beneficiava a Telemar. VEJA descobriu agora que a mudança na lei foi tratada por Lulinha e seu sócio Kalil Bittar com altos funcionários do governo. O assunto levou a dupla a três encontros com Daniel Goldberg, titular da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE). Em um desses encontros, ocorrido no início de 2005, Lulinha e Kalil, já então sócios da Telemar, sondaram o secretário sobre a posição que a SDE tomaria caso a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom – fusão que a lei proíbe ainda hoje. Goldberg, ciente do obstáculo legal, disse que o negócio só seria possível mediante mudança na lei. O estouro do escândalo Lulinha abortou os esforços para mudar a legislação e favorecer o sócio do filho do presidente.
Quando a Telemar fez uma oferta de compra à Brasil Telecom, o mercado interpretou o movimento como um sinal de que a mudança na lei era dada como certa. Paralelamente à oferta, estavam em plena efervescência os encontros de Lulinha e Kalil com Goldberg para tratar dos bastidores da negociação entre duas gigantes da telefonia. Oficialmente nada disso ocorreu. O assessor de Lulinha e Kalil, o jornalista Cláudio Sá, diz que, se houve encontros com Goldberg, foram contatos meramente sociais. Mas do que eles falaram? "Encontros sociais. Aperta a mão. Como vai? Tudo bem? Tudo certo? Esse tipo de coisa", responde o assessor. Goldberg diz que não foi nada disso. Ele conta que conversou com Lulinha e Kalil para aconselhá-los a contratar uma "consultoria tributária e um escritório de advocacia". É bastante improvável que essa seja toda a verdade porque, nessa época, a Gamecorp já tinha consultor. Era Antoninho Marmo Trevisan, amigão do presidente.
A constatação que se esconde por trás disso é a de que Lulinha, depois de receber a bolada da Telemar, começou a comportar-se como lobista da empresa junto ao governo de seu pai. Pode-se afirmar com certeza que em pelo menos um encontro oficial Lulinha tratou de ajudá-la. Antes de entrar o dinheiro da Telemar o lobby da dupla Lulinha-Kalil era feito justamente em favor da concorrente, a Brasil Telecom. Com a ajuda de Lulinha e Kalil, Yon Moreira da Silva, da Brasil Telecom, conseguiu ser recebido pelo presidente Lula em uma audiência que, curiosamente, não constou da agenda oficial do Palácio do Planalto. Ela foi marcada por César Alvarez, assessor especial da Presidência, e durou quase duas horas – sem mais ninguém na sala. Sobre o que Yon Moreira e o presidente conversaram? Segundo Yon Moreira, sobre o projeto Computador Conectado, que visaria difundir a venda de computadores populares e o acesso gratuito à internet. "Lula ficou impressionado com o projeto que apresentei a ele", diz Yon. "Houve uma sintonia entre nós. Mas não falamos nenhuma palavra sobre o filho dele." Yon Moreira completa: "Lula queria que os pobres do Brasil tivessem acesso à internet, e eu tinha o melhor projeto para realizar esse sonho". O auxílio de Lulinha e Kalil ao então diretor da Brasil Telecom é grave à luz de uma informação adicional: o encontro ocorreu no mesmo período em que o representante da empresa pagava 60.000 reais mensais a Lulinha e Kalil a pretexto de patrocinar um programa de games da dupla exibido pela Rede Bandeirantes. Essa é a mais simples e clara demonstração de um lobby empresarial junto ao governo: a Brasil Telecom patrocinava Lulinha e Kalil e, ao mesmo tempo, a dupla abria as portas da sala do presidente da República à Brasil Telecom. Parece inocente. Não é. Como esses encontros ocorreram a portas fechadas e como os interesses das teles eram (e são) bilionários, qualquer simpatia do governo por um ou outro contendor é decisiva.
Em suas visitas a Brasília, Lulinha e Kalil ocupavam uma sala no escritório do lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS (veja reportagem). O escritório de APS está instalado em uma imponente mansão com quatro andares e elevador na sofisticada região do Lago Sul. Ali, com regularidade mensal, Lulinha e Kalil despacharam por quase dois anos, entre o fim de 2003 e julho do ano passado. A sala usada pela dupla tem 40 metros quadrados. Fica bem ao lado da sala do lobista APS. Há algumas semanas, estava mobiliada com duas mesas. Todas as cadeiras eram vermelhas. Havia dois computadores, duas linhas telefônicas, uma impressora e um único quadro na parede. Lulinha e Kalil tinham ramais privativos, o 8118 e o 8130. Sobre sua relação com a dupla Lulinha-Kalil, APS diz apenas: "Eu emprestei a sala, mas não tenho a menor idéia do que eles faziam lá". Seria ingênuo esperar que dissesse alguma coisa mais comprometedora sobre os vizinhos de sala e colegas por dois anos.
Além da sala, APS também colocou sua frota à disposição da dupla. Quando Lulinha e Kalil começaram a freqüentar o escritório do lobista, seus deslocamentos por Brasília eram feitos em Ford Fiesta. Com cerca de 1,90 metro de altura, Kalil reclamou que o Fiesta era desconfortável e disse que gostaria de um carro mais espaçoso. APS substituiu o Fiesta por um Omega. Enquanto despachavam na mansão de APS durante o dia, Kalil e Lulinha eram hospedados na Granja do Torto ou no Palácio da Alvorada, residências oficiais da Presidência da República. Quando isso não era possível, Kalil ia para o hotel Blue Tree, a menos de 1 quilômetro do Alvorada. Não se conhecem bem as razões pelas quais Lulinha e Kalil mantinham uma sala no escritório do lobista de métodos heterodoxos. O que faziam ali? Por que despachavam dali? Em busca dessas respostas, VEJA descobriu que a sala foi cedida a Lulinha e Kalil como parte de um acordo dele com a francesa Arlette Siaretta, dona do grupo Casablanca, um conglomerado de 54 empresas que, entre outras atividades, faz produção de filmes e eventos, gravação de comerciais e distribuição de DVDs.
Em 2002, Arlette Siaretta e APS se tornaram sócios num projeto de transmissão de imagens digital via satélite. Desde então, a mansão do lobista passou a funcionar como filial informal da empresa Casablanca em Brasília. "Ela me pediu a sala e eu cedi", diz APS. Mas por que a Casablanca teria interesse em instalar Lulinha e Kalil em sua filial informal em Brasília? Apesar de ser dona de metade do mercado de finalização de comerciais no país, Arlette Siaretta tinha um problemão no início do governo de Lula. Ligada ao PSDB e produtora das últimas três campanhas presidenciais tucanas, a empresária encontrou no PT uma muralha que lhe barrava negócios com o governo federal e as estatais, até então uma de suas grandes fontes de receita. Arlette Siaretta precisava de alguém para lhe abrir as portas do governo.
No fim de 2003, o sócio de Lulinha apareceu em seu escritório, em São Paulo, prometendo exatamente aquilo de que a empresária precisava – portas abertas. "Você tem uma grande empresa. Eu tenho acesso às pessoas que decidem. Podemos ganhar dinheiro juntos", teria dito Kalil, conforme o relato feito a VEJA por uma testemunha do encontro. Arlette Siaretta adorou a idéia. Fecharam negócio: Kalil receberia 5% das transações no governo que a Casablanca conseguisse por seu intermédio. Não poderia haver escolha melhor. Os "meninos" do presidente entregaram o que prometeram. Pois bem, Siaretta continuou tendo no governo petista a mesma participação que tinha no mercado nos oito anos dos tucanos, algo em torno de 50% de todos os contratos de filmes feitos para as empresas de publicidade que prestam serviço ao governo.
Não se sabe por que Arlette Siaretta confiou em Kalil. Procurada por VEJA em cinco oportunidades, a empresária não quis dar entrevista. Sabe-se, porém, que uma das melhores credenciais de Kalil para dizer-se influente foi sua proximidade com Lulinha – que, registre-se, não esteve presente na negociação com Siaretta. A pedido de Kalil, a empresária até concordou em trabalhar com Alberto Lima, conhecido como Beto Lima, amigão de Kalil (há quinze anos) e de Lulinha (há nove anos). Dono de um bar em Campinas que falira em agosto de 2003, Beto Lima passou a despachar diariamente na sede da Casablanca, em São Paulo. Siaretta mandou imprimir cartões de visita com seu nome e a custear suas despesas com passagens aéreas e hospedagem no triângulo São Paulo–Brasília–Rio de Janeiro. Assim como Kalil e Lulinha, Beto Lima também passou a usar o escritório de APS em Brasília, que lhe servia de apoio para suas visitas às principais agências de publicidade que trabalham para o governo e para estatais. Beto Lima dá sua versão: "Minha função é prospectar novos negócios para a Casablanca. Usei o escritório como base operacional, apenas para dar e receber telefonemas".
Em julho de 2004, a turma deu uma grande exibição de sua influência para Arlette Siaretta. O cineasta Aníbal Massaini Neto, diretor de Pelé Eterno, um documentário sobre a vida do craque, queria exibir seu trabalho ao presidente Lula, mas não conseguia romper o bloqueio. Arlette Siaretta, que produziu o filme, colocou em movimento sua engrenagem: acionou Beto Lima, que acionou Kalil, que acionou Lulinha – que marcou uma sessão de cinema no Alvorada com a presença do pai. A exibição aconteceu na noite de 13 de julho de 2004. Depois, houve um jantar, com arroz, feijão, peixe e farofa, além de uísque e charutos cubanos. Estavam todos lá: Lulinha, Kalil, Beto Lima, além de Siaretta. A certa altura, já empolgado, Lula fez um discurso no qual começou afirmando admirar duas pessoas na vida. A platéia apostou que uma seria Pelé, o astro do filme e presente à festa. Mas não. Lula disse que admirava Abraham Lincoln e – tchan, tchan, tchan, tchannn Kalil Bittar. Era a gratidão por tudo de bom que Kalil já fizera por Lulinha. A empresária Arlette Siaretta ficou muito satisfeita com o resultado do jantar, pelo acesso que conseguira e pelo prestígio de seus colaboradores.
Lulinha e Kalil mantêm-se mergulhados no mutismo sobre a real dimensão dos negócios e interesses que ajudaram em Brasília. Não falam também sobre seus despachos na sala ao lado da do lobista APS, bem como sobre suas andanças por empresas privadas e gabinetes federais. O assessor da dupla, procurado por VEJA, conversou com a revista. Disse que Kalil esteve na mansão do lobista APS, mas que Lulinha jamais colocou os pés lá. APS desmente o assessor de Kalil e Lulinha. Ele confirma que o filho do presidente despachava no escritório cedido por ele. Quando VEJA quis saber sobre outros detalhes, o assessor disse que Lulinha e Kalil não prestariam nenhum esclarecimento adicional. As investidas de lobista de Lulinha em Brasília e suas conexões empresariais merecem um esclarecimento mais pormenorizado. Todo pai tem direito de ver no filho um Ronaldinho e na filha uma Gisele Bündchen. Da mesma forma é vital tentar entender o mistério por trás de certas transformações extraordinárias dos filhos de presidentes, em especial quando elas ocorrem durante o ápice de poder dos pais. "
Revista Veja publica esta semana a verdadeira história do sucesso do filho do presidente.
"Como aconteceria com qualquer pai, o presidente Lula tem demonstrado o orgulho que sente pelo sucesso de seu filho Fábio Luís Lula da Silva. Aos 31 anos, Lulinha, apelido que ele detesta, é um empresário bem-sucedido. É sócio de uma produtora, a Gamecorp, que, com um capital de apenas 100.000 reais, conseguiu fazer um negócio extraordinário: vendeu parte de suas ações à Telemar, a maior empresa de telefonia do país, por 5,2 milhões de reais. Como a Telemar tem capital público e é uma concessionária de serviço público, a sociedade com o filho do presidente sempre causou estranheza. Na segunda-feira passada, em entrevista ao programa Roda Viva, Lula teve de falar em público sobre os negócios do filho. "Não posso impedir que ele trabalhe. Vale para o meu filho o que vale para os 190 milhões de brasileiros. Se têm alguma dúvida, acionem ele", afirmou. Dois dias depois, em entrevista à Folha de S.Paulo, o assunto Lulinha voltou ao foco. Os jornalistas lhe apresentaram uma questão formulada por um leitor do jornal, que não foi identificado. A pergunta dizia o seguinte: "Tenho 61 anos, sou pai de quatro filhos adultos, todos com curso superior, mas com dificuldades de bons empregos ou de empreender. Como é que o seu filho conseguiu virar empresário, sócio da Telemar, com capital vultoso de 5 milhões de reais?".
Em sua resposta, o presidente Lula começou explicando que seu filho virou sócio da Gamecorp quando a empresa, fundada por alguns amigos em Campinas, já tinha mais de dez anos de vida. "Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", disse. Em seguida, o presidente fez menção às suspeitas que cercam a sociedade da Gamecorp com a Telemar. "Se alguém souber de alguma coisa que meu filho tenha cometido de errado, é simples: o meu filho está subordinado à mesma Constituição a que eu estou", disse o presidente, fazendo logo depois uma divagação comparativa que já nasceu imortal: "Porque deve haver um milhão de pais reclamando: por que meu filho não é o Ronaldinho? Porque não pode todo mundo ser o Ronaldinho". Os entrevistadores gostaram do paralelo estabelecido pelo presidente entre seu filho e o astro do futebol e perguntaram se não seria mais fácil virar um Ronaldinho quando se é filho do presidente. Lula respondeu: "Não é mais fácil, pelo contrário, é muito mais difícil. E eu tenho orgulho porque o fato de ser presidente da República não mudou um milímetro o hábito dos meus filhos".
Pouco ou nada se sabe dos hábitos dos filhos de Lula antes ou depois de o pai receber a faixa presidencial. Mas a trajetória profissional de Fábio Luís mudou e muito. Foi só depois da posse que seus dons fenomenais começaram a se expressar – e com tal intensidade a ponto de o pai ver nele um Ronaldinho dos negócios. Ele mostrou talento para as comunicações e, como se lerá nesta reportagem de VEJA, para a atividade de lobista junto ao governo. A reportagem revela que o filho do presidente associou-se ao lobista Alexandre Paes dos Santos, um personagem explosivo, que responde a três inquéritos da Polícia Federal, por suspeitas de corrupção, contrabando e tráfico de influência. Esse dom do filho do presidente se revelaria ainda no episódio de sua associação com a Telemar.
Sabe-se agora que os 15 milhões de reais investidos pela Telemar na empresa de Lulinha não foram um investimento qualquer. As circunstâncias sugerem que o objetivo mais óbvio seria comprar o acesso que o filho do presidente tem a altas figuras da República. O setor de telefonia estava e está em uma guerra em que, a se repetir a tendência mundial, haverá apenas um ou dois vencedores. Ganhar fatias do adversário é vital. Houve uma corrida entre grandes empresas de telecomunicações para ver quem conseguia alinhar o filho do presidente entre seu time de lobistas. A Telemar venceu. A maior empresa de telecomunicações do Brasil em faturamento e em número de telefones fixos instalados, e com 64% do território nacional coberto por ela, a Telemar é uma empresa cujo faturamento anual supera 7 bilhões de dólares. A aposta na associação com Lulinha acabou não sendo muito produtiva para a Telemar porque o escândalo veio à tona. Mas foi por pouco. O governo negociava a queda de barreiras legais que impedem a atuação nacional de empresas de telefonia fixa. Além disso, por orientação do governo, fundos de pensão de estatais preparavam-se para vender fatias relevantes de sua participação acionária no setor. Quem estivesse mais perto do poder se sairia melhor.
O Ronaldinho do presidente Lula é mesmo um fenômeno. Formado em biologia, ele ainda era chamado de Lulinha, apelido que os amigos hoje evitam, quando trabalhava como monitor no zoológico de São Paulo, com um salário de 600 reais por mês. Para reforçar seus ganhos, dava aulas de inglês e computação. Do ponto de vista profissional e financeiro, vivia uma situação que parece ser muito semelhante à dos quatro filhos com curso superior do leitor da Folha. Em dezembro de 2003, no entanto, quando Lula estava em via de completar seu primeiro ano no Palácio do Planalto, Lulinha começou sua decolagem rumo à galeria exclusiva dos indivíduos fenomenais. Junto com Kalil e Fernando Bittar, filhos de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas e um velho amigo do presidente, Fábio Luís tornou-se sócio da Gamecorp, empresa de games que ainda se chamava G4 Entretenimento e Tecnologia Digital. Até aqui a trajetória de Fábio Luís lembra a dos geniozinhos americanos do Vale do Silício que se enfurnam em uma garagem e saem de lá com uma idéia matadora de vanguarda como o Google ou o YouTube, projetando-se para o estrelato dos negócios multimilionários. A Gamecorp continuou a expandir-se. Em junho deste ano, fechou um contrato com a Rede Bandeirantes para alugar seis horas de programação diária no Canal 21. Depois que o contrato foi firmado, a emissora mudou de nome: de Canal 21, passou a chamar-se PlayTV. Oficialmente, trata-se de um arrendamento de horário.
Em janeiro de 2005, apenas um ano depois da chegada de Lulinha à empresa, a Gamecorp já estava recebendo o aporte milionário de 5,2 milhões de reais da Telemar – e Lulinha já era um empreendedor de raro sucesso. A Gamecorp dera um salto estratosférico, coisa rara mesmo num mercado em expansão, como é o caso da internet e dos jogos eletrônicos. A sociedade entre a Telemar e a Gamecorp se materializou por meio de uma operação complexa, que envolveu uma terceira empresa e uma compra de debêntures seguida de conversão quase imediata em ações. O procedimento visava a ocultar a entrada da Telemar no negócio. VEJA revelou a associação em julho do ano passado.
O caso de Lulinha tem uma complexidade maior. Sua relação com a Telemar não se esgota nos interesses de ambos na Gamecorp. O filho do presidente foi acionado para defender interesses maiores da Telemar junto ao governo que o pai chefia. Em especial, em setores em que se estudava uma mudança na legislação de telecomunicações que beneficiava a Telemar. VEJA descobriu agora que a mudança na lei foi tratada por Lulinha e seu sócio Kalil Bittar com altos funcionários do governo. O assunto levou a dupla a três encontros com Daniel Goldberg, titular da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE). Em um desses encontros, ocorrido no início de 2005, Lulinha e Kalil, já então sócios da Telemar, sondaram o secretário sobre a posição que a SDE tomaria caso a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom – fusão que a lei proíbe ainda hoje. Goldberg, ciente do obstáculo legal, disse que o negócio só seria possível mediante mudança na lei. O estouro do escândalo Lulinha abortou os esforços para mudar a legislação e favorecer o sócio do filho do presidente.
Quando a Telemar fez uma oferta de compra à Brasil Telecom, o mercado interpretou o movimento como um sinal de que a mudança na lei era dada como certa. Paralelamente à oferta, estavam em plena efervescência os encontros de Lulinha e Kalil com Goldberg para tratar dos bastidores da negociação entre duas gigantes da telefonia. Oficialmente nada disso ocorreu. O assessor de Lulinha e Kalil, o jornalista Cláudio Sá, diz que, se houve encontros com Goldberg, foram contatos meramente sociais. Mas do que eles falaram? "Encontros sociais. Aperta a mão. Como vai? Tudo bem? Tudo certo? Esse tipo de coisa", responde o assessor. Goldberg diz que não foi nada disso. Ele conta que conversou com Lulinha e Kalil para aconselhá-los a contratar uma "consultoria tributária e um escritório de advocacia". É bastante improvável que essa seja toda a verdade porque, nessa época, a Gamecorp já tinha consultor. Era Antoninho Marmo Trevisan, amigão do presidente.
A constatação que se esconde por trás disso é a de que Lulinha, depois de receber a bolada da Telemar, começou a comportar-se como lobista da empresa junto ao governo de seu pai. Pode-se afirmar com certeza que em pelo menos um encontro oficial Lulinha tratou de ajudá-la. Antes de entrar o dinheiro da Telemar o lobby da dupla Lulinha-Kalil era feito justamente em favor da concorrente, a Brasil Telecom. Com a ajuda de Lulinha e Kalil, Yon Moreira da Silva, da Brasil Telecom, conseguiu ser recebido pelo presidente Lula em uma audiência que, curiosamente, não constou da agenda oficial do Palácio do Planalto. Ela foi marcada por César Alvarez, assessor especial da Presidência, e durou quase duas horas – sem mais ninguém na sala. Sobre o que Yon Moreira e o presidente conversaram? Segundo Yon Moreira, sobre o projeto Computador Conectado, que visaria difundir a venda de computadores populares e o acesso gratuito à internet. "Lula ficou impressionado com o projeto que apresentei a ele", diz Yon. "Houve uma sintonia entre nós. Mas não falamos nenhuma palavra sobre o filho dele." Yon Moreira completa: "Lula queria que os pobres do Brasil tivessem acesso à internet, e eu tinha o melhor projeto para realizar esse sonho". O auxílio de Lulinha e Kalil ao então diretor da Brasil Telecom é grave à luz de uma informação adicional: o encontro ocorreu no mesmo período em que o representante da empresa pagava 60.000 reais mensais a Lulinha e Kalil a pretexto de patrocinar um programa de games da dupla exibido pela Rede Bandeirantes. Essa é a mais simples e clara demonstração de um lobby empresarial junto ao governo: a Brasil Telecom patrocinava Lulinha e Kalil e, ao mesmo tempo, a dupla abria as portas da sala do presidente da República à Brasil Telecom. Parece inocente. Não é. Como esses encontros ocorreram a portas fechadas e como os interesses das teles eram (e são) bilionários, qualquer simpatia do governo por um ou outro contendor é decisiva.
Em suas visitas a Brasília, Lulinha e Kalil ocupavam uma sala no escritório do lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS (veja reportagem). O escritório de APS está instalado em uma imponente mansão com quatro andares e elevador na sofisticada região do Lago Sul. Ali, com regularidade mensal, Lulinha e Kalil despacharam por quase dois anos, entre o fim de 2003 e julho do ano passado. A sala usada pela dupla tem 40 metros quadrados. Fica bem ao lado da sala do lobista APS. Há algumas semanas, estava mobiliada com duas mesas. Todas as cadeiras eram vermelhas. Havia dois computadores, duas linhas telefônicas, uma impressora e um único quadro na parede. Lulinha e Kalil tinham ramais privativos, o 8118 e o 8130. Sobre sua relação com a dupla Lulinha-Kalil, APS diz apenas: "Eu emprestei a sala, mas não tenho a menor idéia do que eles faziam lá". Seria ingênuo esperar que dissesse alguma coisa mais comprometedora sobre os vizinhos de sala e colegas por dois anos.
Além da sala, APS também colocou sua frota à disposição da dupla. Quando Lulinha e Kalil começaram a freqüentar o escritório do lobista, seus deslocamentos por Brasília eram feitos em Ford Fiesta. Com cerca de 1,90 metro de altura, Kalil reclamou que o Fiesta era desconfortável e disse que gostaria de um carro mais espaçoso. APS substituiu o Fiesta por um Omega. Enquanto despachavam na mansão de APS durante o dia, Kalil e Lulinha eram hospedados na Granja do Torto ou no Palácio da Alvorada, residências oficiais da Presidência da República. Quando isso não era possível, Kalil ia para o hotel Blue Tree, a menos de 1 quilômetro do Alvorada. Não se conhecem bem as razões pelas quais Lulinha e Kalil mantinham uma sala no escritório do lobista de métodos heterodoxos. O que faziam ali? Por que despachavam dali? Em busca dessas respostas, VEJA descobriu que a sala foi cedida a Lulinha e Kalil como parte de um acordo dele com a francesa Arlette Siaretta, dona do grupo Casablanca, um conglomerado de 54 empresas que, entre outras atividades, faz produção de filmes e eventos, gravação de comerciais e distribuição de DVDs.
Em 2002, Arlette Siaretta e APS se tornaram sócios num projeto de transmissão de imagens digital via satélite. Desde então, a mansão do lobista passou a funcionar como filial informal da empresa Casablanca em Brasília. "Ela me pediu a sala e eu cedi", diz APS. Mas por que a Casablanca teria interesse em instalar Lulinha e Kalil em sua filial informal em Brasília? Apesar de ser dona de metade do mercado de finalização de comerciais no país, Arlette Siaretta tinha um problemão no início do governo de Lula. Ligada ao PSDB e produtora das últimas três campanhas presidenciais tucanas, a empresária encontrou no PT uma muralha que lhe barrava negócios com o governo federal e as estatais, até então uma de suas grandes fontes de receita. Arlette Siaretta precisava de alguém para lhe abrir as portas do governo.
No fim de 2003, o sócio de Lulinha apareceu em seu escritório, em São Paulo, prometendo exatamente aquilo de que a empresária precisava – portas abertas. "Você tem uma grande empresa. Eu tenho acesso às pessoas que decidem. Podemos ganhar dinheiro juntos", teria dito Kalil, conforme o relato feito a VEJA por uma testemunha do encontro. Arlette Siaretta adorou a idéia. Fecharam negócio: Kalil receberia 5% das transações no governo que a Casablanca conseguisse por seu intermédio. Não poderia haver escolha melhor. Os "meninos" do presidente entregaram o que prometeram. Pois bem, Siaretta continuou tendo no governo petista a mesma participação que tinha no mercado nos oito anos dos tucanos, algo em torno de 50% de todos os contratos de filmes feitos para as empresas de publicidade que prestam serviço ao governo.
Não se sabe por que Arlette Siaretta confiou em Kalil. Procurada por VEJA em cinco oportunidades, a empresária não quis dar entrevista. Sabe-se, porém, que uma das melhores credenciais de Kalil para dizer-se influente foi sua proximidade com Lulinha – que, registre-se, não esteve presente na negociação com Siaretta. A pedido de Kalil, a empresária até concordou em trabalhar com Alberto Lima, conhecido como Beto Lima, amigão de Kalil (há quinze anos) e de Lulinha (há nove anos). Dono de um bar em Campinas que falira em agosto de 2003, Beto Lima passou a despachar diariamente na sede da Casablanca, em São Paulo. Siaretta mandou imprimir cartões de visita com seu nome e a custear suas despesas com passagens aéreas e hospedagem no triângulo São Paulo–Brasília–Rio de Janeiro. Assim como Kalil e Lulinha, Beto Lima também passou a usar o escritório de APS em Brasília, que lhe servia de apoio para suas visitas às principais agências de publicidade que trabalham para o governo e para estatais. Beto Lima dá sua versão: "Minha função é prospectar novos negócios para a Casablanca. Usei o escritório como base operacional, apenas para dar e receber telefonemas".
Em julho de 2004, a turma deu uma grande exibição de sua influência para Arlette Siaretta. O cineasta Aníbal Massaini Neto, diretor de Pelé Eterno, um documentário sobre a vida do craque, queria exibir seu trabalho ao presidente Lula, mas não conseguia romper o bloqueio. Arlette Siaretta, que produziu o filme, colocou em movimento sua engrenagem: acionou Beto Lima, que acionou Kalil, que acionou Lulinha – que marcou uma sessão de cinema no Alvorada com a presença do pai. A exibição aconteceu na noite de 13 de julho de 2004. Depois, houve um jantar, com arroz, feijão, peixe e farofa, além de uísque e charutos cubanos. Estavam todos lá: Lulinha, Kalil, Beto Lima, além de Siaretta. A certa altura, já empolgado, Lula fez um discurso no qual começou afirmando admirar duas pessoas na vida. A platéia apostou que uma seria Pelé, o astro do filme e presente à festa. Mas não. Lula disse que admirava Abraham Lincoln e – tchan, tchan, tchan, tchannn Kalil Bittar. Era a gratidão por tudo de bom que Kalil já fizera por Lulinha. A empresária Arlette Siaretta ficou muito satisfeita com o resultado do jantar, pelo acesso que conseguira e pelo prestígio de seus colaboradores.
Lulinha e Kalil mantêm-se mergulhados no mutismo sobre a real dimensão dos negócios e interesses que ajudaram em Brasília. Não falam também sobre seus despachos na sala ao lado da do lobista APS, bem como sobre suas andanças por empresas privadas e gabinetes federais. O assessor da dupla, procurado por VEJA, conversou com a revista. Disse que Kalil esteve na mansão do lobista APS, mas que Lulinha jamais colocou os pés lá. APS desmente o assessor de Kalil e Lulinha. Ele confirma que o filho do presidente despachava no escritório cedido por ele. Quando VEJA quis saber sobre outros detalhes, o assessor disse que Lulinha e Kalil não prestariam nenhum esclarecimento adicional. As investidas de lobista de Lulinha em Brasília e suas conexões empresariais merecem um esclarecimento mais pormenorizado. Todo pai tem direito de ver no filho um Ronaldinho e na filha uma Gisele Bündchen. Da mesma forma é vital tentar entender o mistério por trás de certas transformações extraordinárias dos filhos de presidentes, em especial quando elas ocorrem durante o ápice de poder dos pais. "
"O Golpe da ideologização da campanha"
Transcrevo artigo de Ruy Fabiano publicado hoje no Blog do Noblat:
"O grande mérito da campanha petista neste segundo turno advém menos de seu candidato, Lula, e mais de seu departamento de marketing. Numa manobra competente, os marqueteiros petistas conseguiram tirar a campanha da delegacia de polícia (onde a haviam colocado os companheiros aloprados do presidente) e dar-lhe contornos ideológicos (se consistentes ou não, é outra história).
Saiu momentaneamente de cena o dossiê anti-Serrra, com seu cortejo de delitos e assessores presidenciais inacreditáveis, e assumiu o comando das ações a velha dicotomia esquerda-direita. Alckmin acabou sendo coadjuvante involuntário da manobra ao morder a isca das privatizações. Em vez de explicá-las, passou a defender-se delas.
Jurou que não mais as faria, confirmando perante a maciça maioria do eleitorado, que delas tem remota noção, a idéia de que são malignas para o país. De quebra, com o restabelecimento do debate maniqueísta e a revogação de seu viés criminal, a militância petista, que andava acanhada com as sucessivas quebras de decoro por parte de seu candidato e companheiros, voltou às ruas, bandeiras em punho, a exercer sua obstinada pressão. A memória dos delitos foi para o brejo – e de lá trouxe de volta ao pódio a candidatura Lula.
Alckmin e tucanos não souberam lidar com o tema da privatização, nem servir-se dele para uma abordagem diferenciada da mesma questão, sob um ponto de vista desfavorável ao adversário: o aparelhamento do Estado – este, sim, uma forma oblíqua e deletéria de privatizar, partidarizando o que é público.
Privatização não é, em si, um mal. Basta ver os números da expansão da telefonia brasileira depois de privatizado o Sistema Telebrás – números que o próprio Lula costuma proclamar como performance de seu governo (“Nunca houve, neste país...etc.”).
Há as privatizações necessárias e as inconvenientes – e podem e devem ser discutidas, mas o aparelhamento do Estado, sua ocupação física por pessoas de um único partido, a serviço tão-somente dos interesses da legenda, é nociva em qualquer circunstância.
Cabe aí uma ação crítica, que os tucanos inacreditavelmente não exerceram. Quantos cargos em comissão o governo Lula criou? Em quanto aumentou a despesa de pessoal e com os cartões corporativos só no âmbito do Palácio do Planalto? E a qualificação técnica dos companheiros nomeados para essas funções? Se ao menos existisse, seria menos chocante. Mas não é o caso.
Jorge Lorenzetti, por exemplo, um dos aloprados do escândalo do dossiê, é técnico em enfermagem, e, no entanto, ocupava – pasmem! - a Diretoria Administrativa do Banco do Estado de Santa Catarina, respeitável instituição estatal.
O que faz um enfermeiro em tal cargo? Como seria se um bacharel em administração de empresas ou um economista fosse chamado a uma sala de cirurgia para auxiliar um médico numa delicada operação? Se é assim que o governo Lula trata o Estado, então é hora de propor a reestatização da administração pública.
Com relação à Petrobrás, Alckmin deixou de explorar, em seu bojo, o atualíssimo e controverso tema da política externa de Lula. Poderia dizer, sem medo de errar, que, se alguém está em débito com nossa principal estatal, esse alguém é o governo Lula, que não reagiu ao ultraje que lhe impôs o governo Evo Morales, da Bolívia.
Como pode se arvorar em defensor da Petrobras quem a viu passivamente ser assaltada, manu militari, por um país vizinho e, além de não protestar e acionar os instrumentos legais de defesa, previstos no Direito Internacional – por exemplo: uma representação à Organização Mundial do Comércio -, solidarizou-se com o agressor?
No debate da TV Bandeirantes, em que o tema foi apenas tangenciado, Lula se enrolou. Disse que o povo da Bolívia é pobre (e o nosso é o quê?) e tem direito a explorar suas riquezas. Nenhuma menção ao fato de que a Petrobras era o instrumento de que se servia o povo da Bolívia para explorar sua riqueza natural, mediante contrato, em que a cada parte cabe uma remuneração.
Contrato pressupõe convergência entre as partes. Pode ser rediscutido, mas não violado – e muito menos acrescido do roubo do patrimônio de uma das partes. É crime. E quem tem o dever constitucional de agir em tal circunstância e não o faz peca por omissão. Juridicamente, isso tem nome – e conseqüências.
O debate sucessório, no entanto, banalizou-se em torno da dinossáurica mística esquerda x direita, dicotomia fictícia que sataniza o adversário e, a partir daí, torna desnecessária a discussão de programas, práticas e critérios de governo.
Basta bradar que o adversário é “de direita”, ou que vai privatizar a Petrobras, ou ainda que “pertence à Opus Dei” (mesmo não pertencendo e mesmo que a imensa maioria desconheça o que é efetivamente aquela inofensiva prelazia de beatos da Igreja Católica) para encerrar o assunto.
O maniqueísmo político favorece o simplismo e é um prato cheio para marqueteiros e militantes. E aí, convenhamos, o PT nada de braçada. A menos que a campanha volte à delegacia – e esse retorno seja retumbante – não há reversão à vista."
"O grande mérito da campanha petista neste segundo turno advém menos de seu candidato, Lula, e mais de seu departamento de marketing. Numa manobra competente, os marqueteiros petistas conseguiram tirar a campanha da delegacia de polícia (onde a haviam colocado os companheiros aloprados do presidente) e dar-lhe contornos ideológicos (se consistentes ou não, é outra história).
Saiu momentaneamente de cena o dossiê anti-Serrra, com seu cortejo de delitos e assessores presidenciais inacreditáveis, e assumiu o comando das ações a velha dicotomia esquerda-direita. Alckmin acabou sendo coadjuvante involuntário da manobra ao morder a isca das privatizações. Em vez de explicá-las, passou a defender-se delas.
Jurou que não mais as faria, confirmando perante a maciça maioria do eleitorado, que delas tem remota noção, a idéia de que são malignas para o país. De quebra, com o restabelecimento do debate maniqueísta e a revogação de seu viés criminal, a militância petista, que andava acanhada com as sucessivas quebras de decoro por parte de seu candidato e companheiros, voltou às ruas, bandeiras em punho, a exercer sua obstinada pressão. A memória dos delitos foi para o brejo – e de lá trouxe de volta ao pódio a candidatura Lula.
Alckmin e tucanos não souberam lidar com o tema da privatização, nem servir-se dele para uma abordagem diferenciada da mesma questão, sob um ponto de vista desfavorável ao adversário: o aparelhamento do Estado – este, sim, uma forma oblíqua e deletéria de privatizar, partidarizando o que é público.
Privatização não é, em si, um mal. Basta ver os números da expansão da telefonia brasileira depois de privatizado o Sistema Telebrás – números que o próprio Lula costuma proclamar como performance de seu governo (“Nunca houve, neste país...etc.”).
Há as privatizações necessárias e as inconvenientes – e podem e devem ser discutidas, mas o aparelhamento do Estado, sua ocupação física por pessoas de um único partido, a serviço tão-somente dos interesses da legenda, é nociva em qualquer circunstância.
Cabe aí uma ação crítica, que os tucanos inacreditavelmente não exerceram. Quantos cargos em comissão o governo Lula criou? Em quanto aumentou a despesa de pessoal e com os cartões corporativos só no âmbito do Palácio do Planalto? E a qualificação técnica dos companheiros nomeados para essas funções? Se ao menos existisse, seria menos chocante. Mas não é o caso.
Jorge Lorenzetti, por exemplo, um dos aloprados do escândalo do dossiê, é técnico em enfermagem, e, no entanto, ocupava – pasmem! - a Diretoria Administrativa do Banco do Estado de Santa Catarina, respeitável instituição estatal.
O que faz um enfermeiro em tal cargo? Como seria se um bacharel em administração de empresas ou um economista fosse chamado a uma sala de cirurgia para auxiliar um médico numa delicada operação? Se é assim que o governo Lula trata o Estado, então é hora de propor a reestatização da administração pública.
Com relação à Petrobrás, Alckmin deixou de explorar, em seu bojo, o atualíssimo e controverso tema da política externa de Lula. Poderia dizer, sem medo de errar, que, se alguém está em débito com nossa principal estatal, esse alguém é o governo Lula, que não reagiu ao ultraje que lhe impôs o governo Evo Morales, da Bolívia.
Como pode se arvorar em defensor da Petrobras quem a viu passivamente ser assaltada, manu militari, por um país vizinho e, além de não protestar e acionar os instrumentos legais de defesa, previstos no Direito Internacional – por exemplo: uma representação à Organização Mundial do Comércio -, solidarizou-se com o agressor?
No debate da TV Bandeirantes, em que o tema foi apenas tangenciado, Lula se enrolou. Disse que o povo da Bolívia é pobre (e o nosso é o quê?) e tem direito a explorar suas riquezas. Nenhuma menção ao fato de que a Petrobras era o instrumento de que se servia o povo da Bolívia para explorar sua riqueza natural, mediante contrato, em que a cada parte cabe uma remuneração.
Contrato pressupõe convergência entre as partes. Pode ser rediscutido, mas não violado – e muito menos acrescido do roubo do patrimônio de uma das partes. É crime. E quem tem o dever constitucional de agir em tal circunstância e não o faz peca por omissão. Juridicamente, isso tem nome – e conseqüências.
O debate sucessório, no entanto, banalizou-se em torno da dinossáurica mística esquerda x direita, dicotomia fictícia que sataniza o adversário e, a partir daí, torna desnecessária a discussão de programas, práticas e critérios de governo.
Basta bradar que o adversário é “de direita”, ou que vai privatizar a Petrobras, ou ainda que “pertence à Opus Dei” (mesmo não pertencendo e mesmo que a imensa maioria desconheça o que é efetivamente aquela inofensiva prelazia de beatos da Igreja Católica) para encerrar o assunto.
O maniqueísmo político favorece o simplismo e é um prato cheio para marqueteiros e militantes. E aí, convenhamos, o PT nada de braçada. A menos que a campanha volte à delegacia – e esse retorno seja retumbante – não há reversão à vista."
Bem que eu desconfiava
Informação do site do Claudio Humberto:
"As conversas de José Dirceu com Jorge Lorenzetti, da gangue do dossiê, descobertas pela Polícia Federal, não surpreendem os policiais. A “unidade de inteligência” da qual Lorenzetti faz parte foi criada pelo ex-ministro, segundo Wagner Cinchetto, ex-integrante do SNI petista, revelou há uma semana ao jornalista Jack Chang, do jornal americano Monterey Herald".
"As conversas de José Dirceu com Jorge Lorenzetti, da gangue do dossiê, descobertas pela Polícia Federal, não surpreendem os policiais. A “unidade de inteligência” da qual Lorenzetti faz parte foi criada pelo ex-ministro, segundo Wagner Cinchetto, ex-integrante do SNI petista, revelou há uma semana ao jornalista Jack Chang, do jornal americano Monterey Herald".
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Aprenda como se faz
Pimenta no dos outros é refresco
Luis Nassif está empenhado numa "guerra" com o Prof. Fábio Zambiagi devido a uma leitura das estatísticas diferente das suas pregações econômicas. Exibe inclusive texto (parte) do professor e gráfico com a evolução do mínimo desde a década de 80. Na parte que me toca como cidadão a leitura que faço do gráfico e do texto (parte) não são as mesmas do jornalista. As políticas de distribuição de renda que estão por aí não tem como base o crescimento econômico, mas sim do aumento de impostos e achatamento do poder aquisitivo da classe média. A velocidade que o salário mínimo ganhou a partir da criação do Fundo de Combate a Pobreza é impressionante. Tanto FHC quanto o Lula fizeram políticas sociais à custa de quem podia gerar novas riquezas para o país. Pimenta no dos outros é refresco. Como disse outro dia, só não me mudo para a Rocinha ou para o Vidigal porque daqui para frente à violência só vai aumentar. Lula não tem como fazer a minha renda cair mais - aqui no Rio só no PIB foram 27% e olha que eu não tinha gordura para tanto -, e quero ver de onde ele vai tirar sem fazer o país crescer, sem dar um 'pau' nos juros, porque me encontro no meio e sinto o efeito dos dois, de um lado o Governo do outro os banqueiros. E não me venham com essa conversa fiada de crescimento com crédito barato, consignado ou coisa e tal. Deixa o efeito desse mínimo de R$ 350,00 passar e o povão ver que não tem renda para pagar a renovação do empréstimo bancário, pois outra eleição com outro aumento igual só daqui a 4 anos. Só quem ganha com essa política econômica do Lula é a banca. Deviam distribuir a renda não com o meu, mas sim com o dos banqueiros.
Solta 'Os Garotinhos'
Tenho lido alguns comentários para o chuchu convocar uma tropa de 'pitbulls' para soltar em cima do Lula. O voto HH e Cristovam ele já perdeu. Era um voto 'bonitinho' da esquerda ZS que estava fazendo 'birra' com o Lula. E agora está perdendo o pouco do voto 'popular' que detinha. Só existe uma saída: SOLTA 'OS GAROTINHOS'! Será que o pessoal lá do grotão, lá da baixada sabe que o Garotinho está do lado do Alckimn? Sei não, mas a única saída que ainda lhe resta é correr atrás do voto do 'povão' que o Garotinho detêm e remontar a estratégia que ele pensou em fazer quando apareceu ao seu lado, lépido e fagueiro na televisão.
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Adeus Chuchu!
Como já declarei no espaço deste blogue no dia da eleição estarei viajando. Não me comove o Lula nem tampouco o Chuchu. Fosse José Serra o candidato dormiria na fila da minha zona eleitoral. Todo mundo sabe da minha queda pelo ex-ministro do FHC, que em seu governo me proporcionou a alegria de ter um presidente do nível de um Clinton, de um Chirac, de um Allende. Pela primeira vez em 60 anos de vida senti-me um cidadão de classe média, nível universitário padrão de vida de primeiro mundo. De lá para cá empobreci, e só não tomo o caminho da Rocinha ou Vidigal porque a violência daqui para frente só vai aumentar. O açodamento do Alckmin em querer ser prefeito de Pindamonhanga em 2010 esquecendo-se do que se decidia em 2006 deu a ele aquilo que mereceu. Em nenhum momento se preparou para o verdadeiro debate, cujo resultado o está jogando ao chão. Foi tímido nas propostas e não saiu daquela imagem de "Zé Bonitinho da Daslu" que para si arvorou. Não ouviu o César Maia e está tendo que amargar a desconstrução que adiou fazer com o Lula. Aquele sorriso irônico de canto de boca mostra para o que veio. Pensou que sedução e eleição fossem sinônimos. E assim teremos mais quatro anos de atraso, de lero-lero e mendicância, de roubo e mensalão juntando quadrilhas antigas às novas, o pior do clientelismo peemedebista com o melhor da hipocrisia petista, que cinicamente tudo faz e nada sabe.
Assinamos em baixo
Não gosto muito do Ilimar Franco, de O Globo. Mas desta vez ele matou a pau. Vejam o que escreveu em seu blogue sobre a polêmica do papel da Imprensa a partir da publicação da matéria da Carta Capital. Assino em baixo:
"Querem saber o que acho da reportagem de Carta Capital?
Eu publicaria a foto do dinheiro. É de interesse jornalístico, ponto. Protegeria e ocultaria minha fonte. É assim que funciona a apuração jornalística. Se um jornalista disser para você o contrário pode ter certeza que estás diante de um mentiroso. A tentativa de criminalizar a apuração jornalística é um erro grave. Tem muita gente boa fazendo isso sem pensar nas consequências para o nosso árduo trabalho diário.É o seguinte: os jornalistas que conseguiram as fotos não revelaram a fonte. Tentaram proteger a fonte. Deviam tê-lo feito? Sim. Deviam fazer como a reportagem de Carta Capital, que conta uma história sem citar uma única fonte sequer. O mesmo método dos três delegados da PF da Veja, no governo Lula, ou das quatro fontes do mercado sobre corrupção no Banco Central, no governo Fernando Henrique. É assim mesmo. São histórias sensacionais, que denigrem instituições e lançam suspeitas sobre pessoas, diretorias ou corporações inteiras, mas sem um único patriota disposto a denunciar publicamente.Fazer certo tipo de jornalismo investigativo é o mais fácil dos jornalismos. Alguém produz um dossiê ou uma história, passa a um jornalista, que faz checagens mínimas e manda bala. Há inclusive técnicas, orientadas por Departamentos Jurídicos, sobre como escrever as maiores barbaridades, sem correr o risco de processo. Acho que qualquer jornalista profissional tinha a obrigação de conseguir aquela foto do dinheiro. Publicá-la não é crime nem é conspiração. Contra fatos não há argumentos. Estão errados os que pensam assim. Estão errados os que tentam construir uma história baseada em boatos que se espalham como praga nestas horas. Infelizmente tem muita gente boa que escreve reportagens usando este método ou baseado em fontes de terceira ou quarta mão.O básico nessa história, do delegado e das fotos do dinheiro, é que se os petistas não tivessem tentado comprar um dossiê, se não tivessem sido presos pela Polícia Federal, nada disso teria acontecido. Se o fato existe, como alguém pode tentar enlamear o exercício da atividade jornalística? Na base da suposição e da insinuação tudo é possível. Menos reproduzir os fatos da forma mais fiel possível.Eu estava trabalhando no dia do acidente do avião da Gol. Sei o quanto foi difícil obter informações. Nem mesmos os militares que estavam na base de Cachimbo tinham informações. Naquele dia ninguém chegou perto do avião nem se sabia onde estava. O absurdo seria produzir um amplo noticiário no dia seguinte, ou naquela noite, sobre algo que não se tinha informação. No dia seguinte foi uma guerra para se confirmar as mortes. Acho que muita gente surtou nesse processo eleitoral. Que a sorte me proteja.Mas deve se dizer, para o bem da verdade, que a reportagem de Carta Capital é apenas um capítulo de um processo que tenta empurrar a atividade jornalística para a partidarização. Este processo teve início nas páginas da revista Veja. É a lei da selva. O que dá para rir dá para chorar. Tinha gente que estava se divertindo com a valentia do covarde, agora todos temos que dormir com um barulho destes.Só tem uma coisa, quem aposta no jornalismo insinuativo, quem se acomoda preguiçosamente nas elocubrações sobre intenções, ao invés de ir aos fatos, não pode reclamar. Quem não aceita a crítica sincera que enfrente as metralhadoras giratórias."
"Querem saber o que acho da reportagem de Carta Capital?
Eu publicaria a foto do dinheiro. É de interesse jornalístico, ponto. Protegeria e ocultaria minha fonte. É assim que funciona a apuração jornalística. Se um jornalista disser para você o contrário pode ter certeza que estás diante de um mentiroso. A tentativa de criminalizar a apuração jornalística é um erro grave. Tem muita gente boa fazendo isso sem pensar nas consequências para o nosso árduo trabalho diário.É o seguinte: os jornalistas que conseguiram as fotos não revelaram a fonte. Tentaram proteger a fonte. Deviam tê-lo feito? Sim. Deviam fazer como a reportagem de Carta Capital, que conta uma história sem citar uma única fonte sequer. O mesmo método dos três delegados da PF da Veja, no governo Lula, ou das quatro fontes do mercado sobre corrupção no Banco Central, no governo Fernando Henrique. É assim mesmo. São histórias sensacionais, que denigrem instituições e lançam suspeitas sobre pessoas, diretorias ou corporações inteiras, mas sem um único patriota disposto a denunciar publicamente.Fazer certo tipo de jornalismo investigativo é o mais fácil dos jornalismos. Alguém produz um dossiê ou uma história, passa a um jornalista, que faz checagens mínimas e manda bala. Há inclusive técnicas, orientadas por Departamentos Jurídicos, sobre como escrever as maiores barbaridades, sem correr o risco de processo. Acho que qualquer jornalista profissional tinha a obrigação de conseguir aquela foto do dinheiro. Publicá-la não é crime nem é conspiração. Contra fatos não há argumentos. Estão errados os que pensam assim. Estão errados os que tentam construir uma história baseada em boatos que se espalham como praga nestas horas. Infelizmente tem muita gente boa que escreve reportagens usando este método ou baseado em fontes de terceira ou quarta mão.O básico nessa história, do delegado e das fotos do dinheiro, é que se os petistas não tivessem tentado comprar um dossiê, se não tivessem sido presos pela Polícia Federal, nada disso teria acontecido. Se o fato existe, como alguém pode tentar enlamear o exercício da atividade jornalística? Na base da suposição e da insinuação tudo é possível. Menos reproduzir os fatos da forma mais fiel possível.Eu estava trabalhando no dia do acidente do avião da Gol. Sei o quanto foi difícil obter informações. Nem mesmos os militares que estavam na base de Cachimbo tinham informações. Naquele dia ninguém chegou perto do avião nem se sabia onde estava. O absurdo seria produzir um amplo noticiário no dia seguinte, ou naquela noite, sobre algo que não se tinha informação. No dia seguinte foi uma guerra para se confirmar as mortes. Acho que muita gente surtou nesse processo eleitoral. Que a sorte me proteja.Mas deve se dizer, para o bem da verdade, que a reportagem de Carta Capital é apenas um capítulo de um processo que tenta empurrar a atividade jornalística para a partidarização. Este processo teve início nas páginas da revista Veja. É a lei da selva. O que dá para rir dá para chorar. Tinha gente que estava se divertindo com a valentia do covarde, agora todos temos que dormir com um barulho destes.Só tem uma coisa, quem aposta no jornalismo insinuativo, quem se acomoda preguiçosamente nas elocubrações sobre intenções, ao invés de ir aos fatos, não pode reclamar. Quem não aceita a crítica sincera que enfrente as metralhadoras giratórias."
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
Este blogue errou
A partir de um PS do Luis Nassif de que "o blogueiro não tem controle como as páginas do seu blogue viram" resolvi rever uma nota minha quando disse que o José Dirceu tinha retido posts do seu blog e não publicado um comentário contrário ao seu. Fui ao histórico do blogue dele e os posts estão lá, inclusive meus comentários. Faço um "mea culpa" e tendo a concordar com a afirmação do Luis Nassif, que "o patrulhamento e a desqualificação é atitude torpe em si". Acho que isso se dá devido a posição de determinados blogueiros que encampam teses da "central de teses do PT" como a da 'não existência do mensalão' e de 'aloprados e meninos' do Guilherme Wanderley dos Santos, e a do 'complô da mídia' da Marilena Chauí.
sábado, 14 de outubro de 2006
De onde veio o dinheiro?
Carta Capital desta semana vem com matéria acusando a mídia de um complô sobre o dossiêgate. A prisão da gangue do dossiê ocorreu na noite de 14 de setembro. Dia seguinte, por volta das 13h o jornalista Cláudio Humberto sabe da notícia e publica no seu site. Entrou em contato com as direções do PT e PSBD querendo uma entrevista. O PSDB, mais esperto parte para a PF e encontra com as outras equipes de jornalismo. Isso se dá cerca de 3 a 4 horas depois da primeira nota de CH. Só que não foi CH o primeiro, a saber. Está provado que dentro do PT havia um SNI que durante muito tempo foi comandado pelo José Dirceu. O resto é disse me disse entre vocês jornalistas, guerra de vaidades entre quem trabalha e ganha bem, e quem não tanto. Se as campanhas de Serra e Alkmin pagam bem a ex-jornalistas da Globo, que paguem também. Competência não é só marketing do João Santana – preferível jornalistas bem informados a serviços de informação partidários usando dinheiro de origem não identificada para comprar informações. Querer dizer que a matéria de Carta Capital é apartidária como dizem alguns não bate com a realidade pois no site da revista, ao invés do delegado Bruno ou da montanha de dinheiro tem uma logomarca que mistura um tucano com o símbolo da Globo. Se for assim quando do infernal astral do Alckmin com o caso PCC a imprensa era petista? O mais radical dos partidos de esquerda que concorreram no primeiro turno, o PCO gastou todo seu horário político dizendo que havia um complô da Imprensa para eleger o Lula. O "Complô da Imprensa" é a mais bem urdida tese da "Central de Teses" do PT. Primeiro foi o Guilherme Wanderley dos Santos com a "não existência do mensalão", agora esta da Marilena Chauí. A propósito: para compor a matéria a Carta Capital ouviu o Claudio Humberto, equipes Serra/Alkmin, Globo e outros veículos ou ele apenas acha que foi assim que ocorreu? O bom jornalismo implica em ouvir o outro lado do fato. Daí sim poderia fazer suas ilações. Parafraseando o Josias de Souza "o resto é parolagem para encobrir a interrogação que remanesce pendente de resposta: de onde veio o dinheiro."
Controladores poderiam ter evitado a tragédia do vôo da Gol
Este Blogue como o de Luis Nassif nunca aceitaram a versão da exclusiva culpa do Legacy (continuo achando que tem uma forte motivação política). Agora a CBN acaba de anunciar que a comissão que investiga o caso acha que os controladores de vôo poderiam ter desviado o avião da Gol da sua rota como os técnicos ouvidos pelo Luis Nassif (e O Globo ontem) indicaram.
De autores a vítima
Ainda da matéria da Revista Veja quadro publicado com a contestação para a versão do casoi do dossiê que o PT tenta apresentar:
"DE AUTORES A VÍTIMAS
Como Lula e o Partido dos Trabalhadores tentam transformar-se em vítimas de um escândalo patrocinado por eles mesmos
OS FATOS...
1. Uma dupla de petistas foi flagrada comprando por quase 2 milhões de reais um conjunto de denúncias falsas contra tucanos. Com o dossiê nas mãos, o partido pretendia eleger um governador em São Paulo e, em nível nacional, disparar um tiro de morte contra José Serra
2. Os dois petistas carregavam 1,7 milhão de reais, dinheiro cuja origem (ainda incerta) pode resultar na impugnação da diplomação de Lula, caso seja reeleito, ou estimular a instalação de um processo de impeachment pelo Congresso Nacional
3. Os mandantes têm laços com a campanha reeleitoral do presidente Lula e com a própria instituição da Presidência da República
...E COMO O PT TENTA DISTORCÊ-LOS
1. O presidente absolve seu partido da armação sob o argumento de que ele, na condição de candidato, saiu prejudicado. Como se golpes desse tipo nascessem para dar errado. Na verdade, se tudo tivesse dado certo, Lula seria o maior beneficiado
2. Julgando-se vítima do episódio, o presidente sugere agora a existência de um complô de adversários políticos que, maquiavelicamente, induziram os "meninos" do PT a tentar comprar o dossiê. Por trás desse complô estariam os verdadeiros culpados no episódio
3. Como o PT arriscou o pouco que restou de sua imagem na compra fracassada do dossiê falso contra os tucanos, Lula diz que deve haver "coisas muito boas" dentro dele. "Quero conhecer o conteúdo", diz Lula. Isso não passa de cortina de fumaça: o dossiê é fajutíssimo. "
"DE AUTORES A VÍTIMAS
Como Lula e o Partido dos Trabalhadores tentam transformar-se em vítimas de um escândalo patrocinado por eles mesmos
OS FATOS...
1. Uma dupla de petistas foi flagrada comprando por quase 2 milhões de reais um conjunto de denúncias falsas contra tucanos. Com o dossiê nas mãos, o partido pretendia eleger um governador em São Paulo e, em nível nacional, disparar um tiro de morte contra José Serra
2. Os dois petistas carregavam 1,7 milhão de reais, dinheiro cuja origem (ainda incerta) pode resultar na impugnação da diplomação de Lula, caso seja reeleito, ou estimular a instalação de um processo de impeachment pelo Congresso Nacional
3. Os mandantes têm laços com a campanha reeleitoral do presidente Lula e com a própria instituição da Presidência da República
...E COMO O PT TENTA DISTORCÊ-LOS
1. O presidente absolve seu partido da armação sob o argumento de que ele, na condição de candidato, saiu prejudicado. Como se golpes desse tipo nascessem para dar errado. Na verdade, se tudo tivesse dado certo, Lula seria o maior beneficiado
2. Julgando-se vítima do episódio, o presidente sugere agora a existência de um complô de adversários políticos que, maquiavelicamente, induziram os "meninos" do PT a tentar comprar o dossiê. Por trás desse complô estariam os verdadeiros culpados no episódio
3. Como o PT arriscou o pouco que restou de sua imagem na compra fracassada do dossiê falso contra os tucanos, Lula diz que deve haver "coisas muito boas" dentro dele. "Quero conhecer o conteúdo", diz Lula. Isso não passa de cortina de fumaça: o dossiê é fajutíssimo. "
Anjo Negro coage testemunha
O anjo negro de Lula
Lula já tem seu "anjo negro". Chama-se Freud Godoy. Matéria da Revista Veja desta semana trás em detalhes o papel desta criatura nos bastidores do escândalo do dossiê. Para quem não sabe "anjo negro" era o apelido do segurança de Getúlio Vargas responsável pelo atentado contra Carlos Lacerda, lider da oposição e que resulto na morte do seu "ajudante de ordens", um major da aeronáutica de nome Vaz. Este episódio precedeu o suicídio de Getúlio em agôsto de 1954. Leia a versão da matéria de Veja publicada no site da revista:
"Nas últimas semanas, uma operação abafa foi deflagrada para tentar apagar as chamas mais destruidoras levantadas pelo escândalo da compra do dossiê. Nessa operação aparece o que pode ser a impressão digital de um personagem muito próximo do presidente Lula. Esse personagem é Freud Godoy, ex-segurança pessoal de Lula e que até sua demissão, há quase um mês, ocupava o cargo de assessor especial do presidente. Freud teve seu nome citado pelo ex-policial federal Gedimar Pereira Passos, aquele que trabalhava com "tratamento de informações" na campanha de Lula e foi preso no dia 15 de setembro passado num hotel em São Paulo junto com o petista Valdebran Padilha. Gedimar e Valdebran foram flagrados com 1,7 milhão de reais para a compra do dossiê falso que serviria para ligar os tucanos à máfia dos sanguessugas. Depois de acusar Freud de ser o mandante da compra do dossiê em seu depoimento inicial, Gedimar recuou, retirando a única referência a Freud feita até agora na investigação do caso. Depois desse recuo, Freud tem desfilado por colunas jornalísticas e eventos sociais como um injustiçado. Tudo graças ao "novo" Gedimar, que agora diz ter sido pressionado a entregar o nome de Freud por métodos de tortura psicológica praticadas pelo delegado que o prendeu – Edmilson Bruno, o mesmo que divulgou as fotos do
dinheiro usado para comprar o dossiê. Bruno será alvo de uma investigação interna da Polícia Federal e pode ser demitido do cargo.
O que fez Gedimar mudar sua versão inicial e inocentar o assessor próximo do presidente da República? A apuração dos repórteres de VEJA mostra que a operação abafa seguiu um padrão mais ou menos constante na crônica policial do governo petista. Primeiro se comete um ilícito e depois se seguem outros ainda mais demolidores na tentativa de encobrir o primeiro. A operação faxina do dossiêgate contou com a colaboração jurídica do ministro Márcio Thomaz Bastos (sempre ele), da mãozinha financeira do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, e da força bruta de um cidadão até agora distante do caso: José Carlos Espinoza – como Freud, um grandalhão que trabalhou como segurança de Lula e ganhou um emprego no governo. Espinoza trabalhou no escritório paulista da Presidência da República até se afastar para dedicar-se à campanha à reeleição de Lula. Nessa operação, coube a Márcio Thomaz Bastos conversar com Freud quando o escândalo estourou e indicar a ele um advogado de sua confiança (do ministro, é claro). Thomaz Bastos cobrou esforços diários de Freud, do advogado indicado por ele e do tesoureiro do PT no que parecia ser a tarefa mais urgente: convencer Gedimar a recuar.
Seguindo o mesmo padrão dos escândalos do mensalão e da quebra do sigilo do caseiro, a missão principal de Thomaz Bastos foi a de blindar o presidente da República colocando-o a salvo das ondas de choque das investigações. Tão logo Gedimar foi preso, o ministro telefonou para Geraldo José Araújo, superintendente da PF em São Paulo, para perguntar: "Isso respinga no presidente?". Na semana passada, Thomaz Bastos mobilizou-se para defender o governo depois da notícia divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo dando conta de um depósito de 396.000 reais que teria sido feito pelo investidor Naji Nahas na conta bancária de Freud. Partiu do ministro Bastos a orientação final sobre a forma pela qual Freud e Nahas deveriam negar a história. Eles a cumpriram à risca. Não se tem a confirmação do depósito. Essas operações só são verificáveis com a quebra do sigilo dos envolvidos. Isso é uma violência. Ela foi praticada ilegalmente por um ministro (Antonio Palocci) contra um simples caseiro (Francenildo dos Santos Costa), e isso lhe custou o cargo e um processo criminal. Quebrar o sigilo bancário e telefônico de Freud Godoy é uma violência? Com base nos indícios levantados até agora, o Ministério Público Federal decidiu, na semana passada, fazer esse pedido à Justiça.
A atividade do outro segurança e assessor de Lula, Espinoza, também chamou a atenção dos promotores. Ele foi um personagem ativo na negociação do providencial recuo de Gedimar. Foi no apartamento de Espinoza em São Paulo que se colocou de pé um plano e suas bases materiais capazes de dar a Freud a tranqüilidade necessária para enfrentar as acusações de que estava sendo alvo. Bons amigos, Freud e Espinoza são unidos também pelo devotamento total a Lula. Em seu livro Do Golpe ao Planalto – Uma Vida de Repórter, o jornalista Ricardo Kotscho – amigo de Lula desde 1984, seu assessor em diversas campanhas e secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência até 2004 – refere-se a Espinoza como o "faz-tudo de Lula". Em muitas das viagens de campanha, Kotscho dividia o quarto com Espinoza e Wander Bueno, ex-secretário de Governo da prefeitura de Santo André na gestão Celso Daniel.
Segundo um relato escrito por três delegados da Polícia Federal e encaminhado a VEJA, Espinoza e Freud, acompanhados de dois homens não identificados, fizeram uma visita a Gedimar na noite de 18 de setembro, quando ele ainda estava preso na carceragem da PF em São Paulo. A visita ocorreu fora do horário regular e sem um memorando interno a autorizando. Um encontro com um preso nessas condições é ilegal. Ele pode ser encarado como obstrução das investigações ou coação de testemunha. De acordo com o relato dos policiais, o encontro foi facilitado por Severino Alexandre, diretor executivo da PF paulista. O encontro ocorreu logo depois da acareação regular entre Freud e Gedimar, um encontro de cinco minutos que, segundo o relato oficial, transcorreu em silêncio da parte de Gedimar. O mais interessante, no relato dos policiais, viria a seguir. Severino teria acomodado os petistas em seu gabinete e determinado a Jorge Luiz Herculano, chefe do núcleo de custódia da PF, que retirasse Gedimar de sua cela. Herculano resistiu, pretextando corretamente que o preso estava sob sua guarda e que não havia um "memorando de retirada".
A PF é uma organização altamente profissional mas seus delegados são pessoas, eleitores e têm lá suas ligações políticas com o PT e com seu adversário, o PSDB. VEJA procurou esclarecer se os delegados que narraram as cenas citadas o fizeram por motivação política e, principalmente, se elas podiam ser levadas a sério. Em conversas telefônicas com os três delegados da PF, duas delas presenciadas por repórteres de VEJA, Herculano disse ter obedecido a ordem do delegado Severino de levar o preso Gedimar para um encontro com os petistas. Ele alegou na conversa presenciada pelos repórteres que o fez por receio de problemas futuros com seu superior hierárquico. Disse também que receava confirmar o caso a jornalistas e deu a seguinte explicação: "Depois nossos chefes vão dizer que sou louco e vão tentar me demitir, como fizeram com o delegado Bruno", disse ele. Foi nesse encontro que se armou o recuo de Gedimar? Não se sabe. Os policiais da PF não sabem o que se passou na sala fechada. O carcereiro diz que não ouviu nada. Nem gritos, nem sussurros.
Procurado pela repórter Julia Duailibi na última sexta-feira, o carcereiro Herculano não confirmou a história que narrara aos colegas pelo telefone. Mas deu um jeito de dizer que também não a desmentia. O superintendente da PF, Geraldo José de Araújo, procurado por VEJA, apresentou ao repórter Marcelo Carneiro documentos que provariam que não há possibilidade de Freud Godoy ter visitado Gedimar no dia 18 de setembro. Nos documentos – registros manuscritos das visitas recebidas por Gedimar e de sua saída com destino à cidade de Cuiabá – não há nenhuma referência à entrada de Freud Godoy na carceragem do órgão. Verdade. Freud Godoy não entrou na carceragem. Foi Gedimar, segundo a denúncia dos policiais, quem saiu para se encontrar com o segurança de Lula no conforto do gabinete de Severino.
Freud Godoy encontra-se no meio de um turbilhão. A se confirmar sua visita ao preso Gedimar e caso se prove que ela foi instrumental na mudança de 180 graus nas declarações do preso, ele deve muitas explicações à Justiça. A favor de Freud, é claro, se pode levantar a hipótese de que um homem inocente tem o direito de tentar de todas as maneiras, mesmo as mais desesperadas, provar sua inocência. Outros indícios parecem desacreditar a versão do inocente em estado de desespero depois de ver seu nome envolvido em um crime com o qual nada tem a ver. No encontro no apartamento de Espinoza, Freud e o tesoureiro Ferreira conversaram sobre dinheiro e sobre como ele, sempre ele, poderia manter a calma dos implicados de modo que não se sentissem tentados a envolver gente mais graúda no PT e no governo. A quebra do sigilo bancário de Freud Godoy poderia esclarecer muita coisa – inclusive inocentá-lo de vez. Existem suspeitas de que ele e sua mulher receberam dinheiro sujo do "valerioduto", o mesmo que abasteceu as operações de compra de parlamentares chefiadas pelo deputado cassado por corrupção José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo do PT.
A Caso Comércio e Serviços, empresa de segurança em nome da mulher de Freud, recebeu 98.500 reais da SMPB Comunicação, empresa de Marcos Valério. Outra empresa, a Caso Sistemas de Segurança, recebeu 23.000 reais da Duda Mendonça e Associados. Até agora não há explicação convincente para esses pagamentos realizados entre 2003 e 2004.
Freud foi fisgado pelo Coaf, órgão do governo que monitora operações financeiras suspeitas, em pelo menos uma oportunidade. Em 2006, ele depositou 150.000 reais, em dinheiro vivo, na conta da empresa de sua mulher. A operação foi considerada atípica por duas razões. A primeira é que ela ocorreu em moeda sonante. A segunda é que, naquela data, Freud tinha como única fonte de renda declarada o contracheque que recebia do Palácio do Planalto, no valor de 6.650 reais. Por meio de seu advogado, contudo, Freud limitou-se a informar que o dinheiro foi usado para o pagamento de equipamentos de segurança da empresa de sua mulher.
Em sua ficha de serviços prestados à família Lula da Silva, Freud exibe uma série de tarefas comezinhas. Quando Lula e familiares passavam fins de semana em São Paulo, ele providenciava até as refeições deles. Quando os filhos do presidente queriam assistir a um show de rock sem os apetrechos oficiais, Freud providenciava toda a operação – do ingresso ao transporte, como fez, por exemplo, na apresentação da banda U2, em fevereiro passado, em São Paulo. Nisso, já provocou constrangimentos. Foi ele quem arranjou o DVD pirata do filme 2 Filhos de Francisco, exibido no avião presidencial durante a ida de Lula a Moscou, em outubro do ano passado. Certa vez, numa viagem oficial do presidente a Foz do Iguaçu, Marisa quis presentear familiares com bugigangas do Paraguai. Coube a Freud Godoy ir a Ciudad del Este e voltar com vários embrulhos de presentes, entre brinquedos, perfumes e aparelhos eletrônicos.
Mas as atividades de Freud não ficaram restritas ao trabalho de serviçal. Além de ter gabinete no mesmo andar que o presidente no Palácio do Planalto, Freud acompanhava Lula desde a primeira campanha presidencial, em 1989. Era o segurança mais dedicado, o chamado "mosca", aquele preparado para, em caso de um atentado, se lançar na frente do atirador. Logo depois da posse de Lula, ele tentou se integrar ao esquema de segurança do presidente. Acabou se envolvendo em atritos com os militares responsáveis e se afastou. Mas continuou próximo a Lula. Ele era um dos poucos assessores com trânsito livre no Palácio da Alvorada nos fins de semana. Participava dos churrascos e organizava jogos de futebol. Embora tenha se ocupado com outras atividades nos últimos quatro anos, o ex-assessor nunca se desligou das questões de segurança. Em julho, quando o PT alugou o prédio para sediar o comitê reeleitoral de Lula, em Brasília, Freud encarregou-se de checar as condições do local. A empresa Caso, que no papel pertence a sua mulher, foi contratada pelo PT para, entre outras coisas, garantir a segurança das comunicações e prevenir espionagem. Freud incumbiu-se também de escoltar o tesoureiro caído em desgraça Delúbio Soares em suas andanças por São Paulo com malas de dinheiro.
O governo tem feito um esforço, compreensível dada a proximidade de Freud com o primeiro-casal, para tirá-lo da zona de choque do dossiêgate. No fim de setembro, quando a Justiça Federal decretou a sua prisão temporária, a PF estava impedida de cumprir a ordem judicial por força da lei eleitoral. A PF vazou a decisão judicial, dando tempo para que Freud conseguisse reverter a decisão numa instância superior antes de ser preso. Além disso, antes mesmo de examinar os extratos telefônicos de Freud, a polícia deu a entender que ele deixara de ser suspeito no caso da compra do dossiê. Tudo porque, examinando as chamadas telefônicas realizadas pelos petistas presos com o 1,7 milhão de reais, foram encontradas apenas três ligações entre Gedimar e Freud. Como os telefonemas teriam ocorrido em agosto, um mês antes da compra do dossiê, isso inocentaria Freud de qualquer envolvimento no episódio. Sem que nenhuma autoridade policial assumisse a informação, a versão foi plantada pelo governo nos jornais na semana passada. O número de telefonemas entre comparsas não inocenta ninguém. Mas também não incrimina. Para que Freud Godoy possa retomar sua boa vida de fiel assessor do presidente da República, precisa ser exonerado das suspeitas que pairam sobre ele. Suspeitas que não foram fabricadas pelas "elites", pela "nossa querida imprensa" ou pelo PSDB. Foram lançadas sobre Freud pela própria maneira de ser do PT. "
"Nas últimas semanas, uma operação abafa foi deflagrada para tentar apagar as chamas mais destruidoras levantadas pelo escândalo da compra do dossiê. Nessa operação aparece o que pode ser a impressão digital de um personagem muito próximo do presidente Lula. Esse personagem é Freud Godoy, ex-segurança pessoal de Lula e que até sua demissão, há quase um mês, ocupava o cargo de assessor especial do presidente. Freud teve seu nome citado pelo ex-policial federal Gedimar Pereira Passos, aquele que trabalhava com "tratamento de informações" na campanha de Lula e foi preso no dia 15 de setembro passado num hotel em São Paulo junto com o petista Valdebran Padilha. Gedimar e Valdebran foram flagrados com 1,7 milhão de reais para a compra do dossiê falso que serviria para ligar os tucanos à máfia dos sanguessugas. Depois de acusar Freud de ser o mandante da compra do dossiê em seu depoimento inicial, Gedimar recuou, retirando a única referência a Freud feita até agora na investigação do caso. Depois desse recuo, Freud tem desfilado por colunas jornalísticas e eventos sociais como um injustiçado. Tudo graças ao "novo" Gedimar, que agora diz ter sido pressionado a entregar o nome de Freud por métodos de tortura psicológica praticadas pelo delegado que o prendeu – Edmilson Bruno, o mesmo que divulgou as fotos do
dinheiro usado para comprar o dossiê. Bruno será alvo de uma investigação interna da Polícia Federal e pode ser demitido do cargo.
O que fez Gedimar mudar sua versão inicial e inocentar o assessor próximo do presidente da República? A apuração dos repórteres de VEJA mostra que a operação abafa seguiu um padrão mais ou menos constante na crônica policial do governo petista. Primeiro se comete um ilícito e depois se seguem outros ainda mais demolidores na tentativa de encobrir o primeiro. A operação faxina do dossiêgate contou com a colaboração jurídica do ministro Márcio Thomaz Bastos (sempre ele), da mãozinha financeira do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, e da força bruta de um cidadão até agora distante do caso: José Carlos Espinoza – como Freud, um grandalhão que trabalhou como segurança de Lula e ganhou um emprego no governo. Espinoza trabalhou no escritório paulista da Presidência da República até se afastar para dedicar-se à campanha à reeleição de Lula. Nessa operação, coube a Márcio Thomaz Bastos conversar com Freud quando o escândalo estourou e indicar a ele um advogado de sua confiança (do ministro, é claro). Thomaz Bastos cobrou esforços diários de Freud, do advogado indicado por ele e do tesoureiro do PT no que parecia ser a tarefa mais urgente: convencer Gedimar a recuar.
Seguindo o mesmo padrão dos escândalos do mensalão e da quebra do sigilo do caseiro, a missão principal de Thomaz Bastos foi a de blindar o presidente da República colocando-o a salvo das ondas de choque das investigações. Tão logo Gedimar foi preso, o ministro telefonou para Geraldo José Araújo, superintendente da PF em São Paulo, para perguntar: "Isso respinga no presidente?". Na semana passada, Thomaz Bastos mobilizou-se para defender o governo depois da notícia divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo dando conta de um depósito de 396.000 reais que teria sido feito pelo investidor Naji Nahas na conta bancária de Freud. Partiu do ministro Bastos a orientação final sobre a forma pela qual Freud e Nahas deveriam negar a história. Eles a cumpriram à risca. Não se tem a confirmação do depósito. Essas operações só são verificáveis com a quebra do sigilo dos envolvidos. Isso é uma violência. Ela foi praticada ilegalmente por um ministro (Antonio Palocci) contra um simples caseiro (Francenildo dos Santos Costa), e isso lhe custou o cargo e um processo criminal. Quebrar o sigilo bancário e telefônico de Freud Godoy é uma violência? Com base nos indícios levantados até agora, o Ministério Público Federal decidiu, na semana passada, fazer esse pedido à Justiça.
A atividade do outro segurança e assessor de Lula, Espinoza, também chamou a atenção dos promotores. Ele foi um personagem ativo na negociação do providencial recuo de Gedimar. Foi no apartamento de Espinoza em São Paulo que se colocou de pé um plano e suas bases materiais capazes de dar a Freud a tranqüilidade necessária para enfrentar as acusações de que estava sendo alvo. Bons amigos, Freud e Espinoza são unidos também pelo devotamento total a Lula. Em seu livro Do Golpe ao Planalto – Uma Vida de Repórter, o jornalista Ricardo Kotscho – amigo de Lula desde 1984, seu assessor em diversas campanhas e secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência até 2004 – refere-se a Espinoza como o "faz-tudo de Lula". Em muitas das viagens de campanha, Kotscho dividia o quarto com Espinoza e Wander Bueno, ex-secretário de Governo da prefeitura de Santo André na gestão Celso Daniel.
Segundo um relato escrito por três delegados da Polícia Federal e encaminhado a VEJA, Espinoza e Freud, acompanhados de dois homens não identificados, fizeram uma visita a Gedimar na noite de 18 de setembro, quando ele ainda estava preso na carceragem da PF em São Paulo. A visita ocorreu fora do horário regular e sem um memorando interno a autorizando. Um encontro com um preso nessas condições é ilegal. Ele pode ser encarado como obstrução das investigações ou coação de testemunha. De acordo com o relato dos policiais, o encontro foi facilitado por Severino Alexandre, diretor executivo da PF paulista. O encontro ocorreu logo depois da acareação regular entre Freud e Gedimar, um encontro de cinco minutos que, segundo o relato oficial, transcorreu em silêncio da parte de Gedimar. O mais interessante, no relato dos policiais, viria a seguir. Severino teria acomodado os petistas em seu gabinete e determinado a Jorge Luiz Herculano, chefe do núcleo de custódia da PF, que retirasse Gedimar de sua cela. Herculano resistiu, pretextando corretamente que o preso estava sob sua guarda e que não havia um "memorando de retirada".
A PF é uma organização altamente profissional mas seus delegados são pessoas, eleitores e têm lá suas ligações políticas com o PT e com seu adversário, o PSDB. VEJA procurou esclarecer se os delegados que narraram as cenas citadas o fizeram por motivação política e, principalmente, se elas podiam ser levadas a sério. Em conversas telefônicas com os três delegados da PF, duas delas presenciadas por repórteres de VEJA, Herculano disse ter obedecido a ordem do delegado Severino de levar o preso Gedimar para um encontro com os petistas. Ele alegou na conversa presenciada pelos repórteres que o fez por receio de problemas futuros com seu superior hierárquico. Disse também que receava confirmar o caso a jornalistas e deu a seguinte explicação: "Depois nossos chefes vão dizer que sou louco e vão tentar me demitir, como fizeram com o delegado Bruno", disse ele. Foi nesse encontro que se armou o recuo de Gedimar? Não se sabe. Os policiais da PF não sabem o que se passou na sala fechada. O carcereiro diz que não ouviu nada. Nem gritos, nem sussurros.
Procurado pela repórter Julia Duailibi na última sexta-feira, o carcereiro Herculano não confirmou a história que narrara aos colegas pelo telefone. Mas deu um jeito de dizer que também não a desmentia. O superintendente da PF, Geraldo José de Araújo, procurado por VEJA, apresentou ao repórter Marcelo Carneiro documentos que provariam que não há possibilidade de Freud Godoy ter visitado Gedimar no dia 18 de setembro. Nos documentos – registros manuscritos das visitas recebidas por Gedimar e de sua saída com destino à cidade de Cuiabá – não há nenhuma referência à entrada de Freud Godoy na carceragem do órgão. Verdade. Freud Godoy não entrou na carceragem. Foi Gedimar, segundo a denúncia dos policiais, quem saiu para se encontrar com o segurança de Lula no conforto do gabinete de Severino.
Freud Godoy encontra-se no meio de um turbilhão. A se confirmar sua visita ao preso Gedimar e caso se prove que ela foi instrumental na mudança de 180 graus nas declarações do preso, ele deve muitas explicações à Justiça. A favor de Freud, é claro, se pode levantar a hipótese de que um homem inocente tem o direito de tentar de todas as maneiras, mesmo as mais desesperadas, provar sua inocência. Outros indícios parecem desacreditar a versão do inocente em estado de desespero depois de ver seu nome envolvido em um crime com o qual nada tem a ver. No encontro no apartamento de Espinoza, Freud e o tesoureiro Ferreira conversaram sobre dinheiro e sobre como ele, sempre ele, poderia manter a calma dos implicados de modo que não se sentissem tentados a envolver gente mais graúda no PT e no governo. A quebra do sigilo bancário de Freud Godoy poderia esclarecer muita coisa – inclusive inocentá-lo de vez. Existem suspeitas de que ele e sua mulher receberam dinheiro sujo do "valerioduto", o mesmo que abasteceu as operações de compra de parlamentares chefiadas pelo deputado cassado por corrupção José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo do PT.
A Caso Comércio e Serviços, empresa de segurança em nome da mulher de Freud, recebeu 98.500 reais da SMPB Comunicação, empresa de Marcos Valério. Outra empresa, a Caso Sistemas de Segurança, recebeu 23.000 reais da Duda Mendonça e Associados. Até agora não há explicação convincente para esses pagamentos realizados entre 2003 e 2004.
Freud foi fisgado pelo Coaf, órgão do governo que monitora operações financeiras suspeitas, em pelo menos uma oportunidade. Em 2006, ele depositou 150.000 reais, em dinheiro vivo, na conta da empresa de sua mulher. A operação foi considerada atípica por duas razões. A primeira é que ela ocorreu em moeda sonante. A segunda é que, naquela data, Freud tinha como única fonte de renda declarada o contracheque que recebia do Palácio do Planalto, no valor de 6.650 reais. Por meio de seu advogado, contudo, Freud limitou-se a informar que o dinheiro foi usado para o pagamento de equipamentos de segurança da empresa de sua mulher.
Em sua ficha de serviços prestados à família Lula da Silva, Freud exibe uma série de tarefas comezinhas. Quando Lula e familiares passavam fins de semana em São Paulo, ele providenciava até as refeições deles. Quando os filhos do presidente queriam assistir a um show de rock sem os apetrechos oficiais, Freud providenciava toda a operação – do ingresso ao transporte, como fez, por exemplo, na apresentação da banda U2, em fevereiro passado, em São Paulo. Nisso, já provocou constrangimentos. Foi ele quem arranjou o DVD pirata do filme 2 Filhos de Francisco, exibido no avião presidencial durante a ida de Lula a Moscou, em outubro do ano passado. Certa vez, numa viagem oficial do presidente a Foz do Iguaçu, Marisa quis presentear familiares com bugigangas do Paraguai. Coube a Freud Godoy ir a Ciudad del Este e voltar com vários embrulhos de presentes, entre brinquedos, perfumes e aparelhos eletrônicos.
Mas as atividades de Freud não ficaram restritas ao trabalho de serviçal. Além de ter gabinete no mesmo andar que o presidente no Palácio do Planalto, Freud acompanhava Lula desde a primeira campanha presidencial, em 1989. Era o segurança mais dedicado, o chamado "mosca", aquele preparado para, em caso de um atentado, se lançar na frente do atirador. Logo depois da posse de Lula, ele tentou se integrar ao esquema de segurança do presidente. Acabou se envolvendo em atritos com os militares responsáveis e se afastou. Mas continuou próximo a Lula. Ele era um dos poucos assessores com trânsito livre no Palácio da Alvorada nos fins de semana. Participava dos churrascos e organizava jogos de futebol. Embora tenha se ocupado com outras atividades nos últimos quatro anos, o ex-assessor nunca se desligou das questões de segurança. Em julho, quando o PT alugou o prédio para sediar o comitê reeleitoral de Lula, em Brasília, Freud encarregou-se de checar as condições do local. A empresa Caso, que no papel pertence a sua mulher, foi contratada pelo PT para, entre outras coisas, garantir a segurança das comunicações e prevenir espionagem. Freud incumbiu-se também de escoltar o tesoureiro caído em desgraça Delúbio Soares em suas andanças por São Paulo com malas de dinheiro.
O governo tem feito um esforço, compreensível dada a proximidade de Freud com o primeiro-casal, para tirá-lo da zona de choque do dossiêgate. No fim de setembro, quando a Justiça Federal decretou a sua prisão temporária, a PF estava impedida de cumprir a ordem judicial por força da lei eleitoral. A PF vazou a decisão judicial, dando tempo para que Freud conseguisse reverter a decisão numa instância superior antes de ser preso. Além disso, antes mesmo de examinar os extratos telefônicos de Freud, a polícia deu a entender que ele deixara de ser suspeito no caso da compra do dossiê. Tudo porque, examinando as chamadas telefônicas realizadas pelos petistas presos com o 1,7 milhão de reais, foram encontradas apenas três ligações entre Gedimar e Freud. Como os telefonemas teriam ocorrido em agosto, um mês antes da compra do dossiê, isso inocentaria Freud de qualquer envolvimento no episódio. Sem que nenhuma autoridade policial assumisse a informação, a versão foi plantada pelo governo nos jornais na semana passada. O número de telefonemas entre comparsas não inocenta ninguém. Mas também não incrimina. Para que Freud Godoy possa retomar sua boa vida de fiel assessor do presidente da República, precisa ser exonerado das suspeitas que pairam sobre ele. Suspeitas que não foram fabricadas pelas "elites", pela "nossa querida imprensa" ou pelo PSDB. Foram lançadas sobre Freud pela própria maneira de ser do PT. "
Os melhores anos de nossas vidas(3)
Outro comentário recebido, este de Regina Aparecida da Silva:
"Se eu fosse olhar para meu umbigo como você faz eu diria que os melhores anos da minha vida foram na decada de 70 quando comprei meu 1º carro , construi minha casa, emprego saindo pelas janelas. Estava bom para mim, mas para o povão péssimo, nem por isso eu quero voltar aqueles tempos. No presente momento não esta como eu gostaria, mas analisando vasta matérias sobre as diferenças dos governos PSDB X PT esta claro que com todos os acontecimentos o País melhorou muito em 4 anos a despeito de o congresso não ajudar. Vou te dizer mais não me importa quem seja o presidente, barbudo ou narigudo o que interessa para a maioria são resultados e este trouxe, capiche."
"Se eu fosse olhar para meu umbigo como você faz eu diria que os melhores anos da minha vida foram na decada de 70 quando comprei meu 1º carro , construi minha casa, emprego saindo pelas janelas. Estava bom para mim, mas para o povão péssimo, nem por isso eu quero voltar aqueles tempos. No presente momento não esta como eu gostaria, mas analisando vasta matérias sobre as diferenças dos governos PSDB X PT esta claro que com todos os acontecimentos o País melhorou muito em 4 anos a despeito de o congresso não ajudar. Vou te dizer mais não me importa quem seja o presidente, barbudo ou narigudo o que interessa para a maioria são resultados e este trouxe, capiche."
Os melhores anos de nossas vidas(2)
Sobre o meu artigo "Os melhores anos de nossas vidas" publicado aqui no blogue e no Jornal de Debates do Portal IG recebi o seguinte comentário do Sr. Carlos Beltrão:
"É realmente estranho estes tempos em que vivemos, temos um governo que está encerrando seu primeiro mandato (acredito que terá um segundo) mas que esqueceu de crescer! Esqueceu que havia um vácuo na economia mundial e o Brasil perdeu a oportunidade de, também, acompanhar alguns de nossos vizinhos e outros no mundo. Gastou tal qual menino em barraca de doces, deixou de fazer muito, por pura letargia e ainda (hoje mesmo em entrevista) culpa a governos passados por não fazer mais (!!!???). Sabemos que tem gente com saudades de algumas épocas, onde a moeda não possuia valor de fato, e que corroia a capacidade de compra sendo traduzida em certos produtos de qualidade ruim e sem chances no mercado internacional. Mas aqui em nossa Pindorama (como diz o Hélio Gaspari) tínhamos orgulho de ter um fusca "rebaixado", uma Brasília Amarela e outras tralhas que não é nem bom lembrar. O governo que aí está, bem sabemos, tomou posse sem um plano para o país trazendo em suas malas bolorentas apenas as idéias e a velha cartilha dos tempos de sindicato, quando viu o tamanho do pasto ficou de boca aberta e devem ter perguntado uns aos outros: e agora? O jeito foi tocar a música com os instrumentos da orquestra anterior, tenhamos cuidado para não errar as notas! Até que num primeiro momento deu para levar, porém o deslumbre foi à cabeça e começou a operação governar de fato e o que se vê é que sem investir, gasta-se 40% do PIB com o próprio governo, sendo que dentro deste gasto ainda tem os investimentos a "fundo perdido" com estes doidos dos MST, MLST e outros Tês da vida, desta forma ficam os investimentos por conta do investidor privado, que sem garantias ou segurança no que virá pela frente não o faz, então as estradas esburacam, os portos deixam de receber melhorias, a educação vai às favas, a Saúde na UTI, a Segurança de cabeça para baixo e nós aqui a ouvir que o Brasil está auto-suficiente daqui, que fizemos mais que outros governos desde a Proclamação da República e....tome falação! Assim vamos passar mais quatro anos a ver candidato em palanque, a viajar a gastar e o Brasil a marchar o passo de ganso! "
"É realmente estranho estes tempos em que vivemos, temos um governo que está encerrando seu primeiro mandato (acredito que terá um segundo) mas que esqueceu de crescer! Esqueceu que havia um vácuo na economia mundial e o Brasil perdeu a oportunidade de, também, acompanhar alguns de nossos vizinhos e outros no mundo. Gastou tal qual menino em barraca de doces, deixou de fazer muito, por pura letargia e ainda (hoje mesmo em entrevista) culpa a governos passados por não fazer mais (!!!???). Sabemos que tem gente com saudades de algumas épocas, onde a moeda não possuia valor de fato, e que corroia a capacidade de compra sendo traduzida em certos produtos de qualidade ruim e sem chances no mercado internacional. Mas aqui em nossa Pindorama (como diz o Hélio Gaspari) tínhamos orgulho de ter um fusca "rebaixado", uma Brasília Amarela e outras tralhas que não é nem bom lembrar. O governo que aí está, bem sabemos, tomou posse sem um plano para o país trazendo em suas malas bolorentas apenas as idéias e a velha cartilha dos tempos de sindicato, quando viu o tamanho do pasto ficou de boca aberta e devem ter perguntado uns aos outros: e agora? O jeito foi tocar a música com os instrumentos da orquestra anterior, tenhamos cuidado para não errar as notas! Até que num primeiro momento deu para levar, porém o deslumbre foi à cabeça e começou a operação governar de fato e o que se vê é que sem investir, gasta-se 40% do PIB com o próprio governo, sendo que dentro deste gasto ainda tem os investimentos a "fundo perdido" com estes doidos dos MST, MLST e outros Tês da vida, desta forma ficam os investimentos por conta do investidor privado, que sem garantias ou segurança no que virá pela frente não o faz, então as estradas esburacam, os portos deixam de receber melhorias, a educação vai às favas, a Saúde na UTI, a Segurança de cabeça para baixo e nós aqui a ouvir que o Brasil está auto-suficiente daqui, que fizemos mais que outros governos desde a Proclamação da República e....tome falação! Assim vamos passar mais quatro anos a ver candidato em palanque, a viajar a gastar e o Brasil a marchar o passo de ganso! "
sexta-feira, 13 de outubro de 2006
Manobra e dissimulação
Aécio Neves é um dissimulado. Faz pelo amigo Lula o possível e o impossível. Essa notícia de dossiê contra ele à véspera do primeiro turno nada mais é do que uma manobra para tirar do colo do Lula o escândalo reforçando a tese que a vítima não era o presidenciável Alkmin, mas sim os adversários estaduais. Divulgar uma notícia dessas é um acinte a inteligência humana, um desserviço a democracia num momento em que a disputa pega fogo. Manobra igual só a do Garotinho que conseguiu tirar Sergio Cabral do colo para colocá-lo sentado no Palácio das Laranjeiras.
O retorno nos braços do inimigo
Collor foi um bom presidente. Lançou as bases de um Brasil moderno, e na educação incorporou teses revolucionárias do Brizola. Pena que sua equipe econômica não tenha sido criativa como foi a de FHC, Malan e Palocci para lidar com o monstro da inflação. Durante seu pouco tempo no poder foi alvo do ódio e rancor do PT que viu nele o adversário a sua idéia de estado corruptor. Com Collor quem corrompia eram as empresas querendo obter do estado as benesses gerais. Com Lula que corrompe é o estado querendo calar a voz dos que a ele se opõe, ou animando o bolso de dirigentes partidários. Collor levou o povo para o Planalto. Lula levou os amigos. Pena que com Collor ao lado de Lula teremos um Brasil moderno e nacionalista com um nível de corrupção jamais visto já que, Collor tanto quanto Lula sempre deixou os amigos à vontade para fazer aquilo que sabiam que tinham que fazer por "elles" .
Os melhores anos de nossas vidas
Os quatro anos entre 1994 a 1998 foram os melhores anos para aqueles que, como eu, não se considera da elite e pertencem a chamada classe média, e para uma grande parcela da população que se considera pobre. Íamos aos supermercados cheio de gente fazendo compras porque os alimentos estavam baratos. Consumíamos supérfluos sem nenhum prejuízo do nosso orçamento. O salário mínimo tinha aumentado e o poder aquisitivo do trabalhador também, com uma inflação civilizada. Todo mundo estava empregado ou realizando o sonho de abrir seu próprio negócio. Os pobres não precisavam dos programas sociais pois prestavam serviço para as madames a preços que compensavam, podendo construir sua casa e botar o filho na escola particular. Íamos aos bares e restaurantes lotados nos fins de semana com todo mundo gastando sem parar. Os estacionamentos cheios de carros, todo mundo com o seu comprado a juros zero. Nos shoppings gente se espremendo podendo adquirir os produtos que víamos nos filmes, com a mais alta tecnologia, a preços compensadores. Todo mundo se divertindo, realizando o sonho de viajar para o estrangeiro pela primeira vez. Brasileiros voltavam do exterior às pencas e quase não havia imigração. Não precisávamos das ilusórias ofertas dos cartões de crédito, dos empréstimos bancários e cheque especial com taxas absurdas, e o trabalhador e o aposentando viviam do valor do seu trabalho, sem a faca de dois gumes dos empréstimos consignados, dos juros mais caros do planeta. Naquele tempo os privilegiados banqueiros passavam o maior sufoco com a queda do imposto inflacionário e a falta de clientela. Mas veio 1998, e o governo para se reeleger teve que se juntar ao PMDB e fazer uma atrapalhada desvalorização do real que trouxe de volta a miséria. A classe média começou a empobrecer e o governo teve de criar um "Fundo de Combate à Pobreza" para milhões de famílias que perderam sua renda com o baixo crescimento que viria depois provocado pela volatilidade dos capitais especulativos. E teve de estabelecer políticas compensatórias - que por mal controladas se tornaram assistencialistas -, para combater a fome e a miséria que, primeiro o aumento dos impostos, e depois a corrupção e o aparelhamento do estado criou. Se a máquina pública não fosse tão grande esse dinheiro poderia ser usado para fomentar a pequena e média indústria nacional, os prestadores de serviço, gerar empregos. E a crítica que antes se fazia livre e democrática hoje corre constante risco com o autoritarismo e o populismo, que volta e meia tenta calar jornais e revistas. E a educação, que deveria ser a mola mestra de tudo continua fazendo dos pobres cada vez mais pobres, dando-lhes apenas a ilusão do acesso às Universidades de baixa qualidade de ensino sem transformá-la no entanto, numa prioridade numa verdadeira revolução."
Nota: Para escrever este artigo tive que me valer do comentário de um petista postado abaixo, que na sua míope visão acha que os anos do governo Lula foram os melhores de nossas vidas.
Nota: Para escrever este artigo tive que me valer do comentário de um petista postado abaixo, que na sua míope visão acha que os anos do governo Lula foram os melhores de nossas vidas.
Voando contra a correnteza
Dos blogues que acompanho o de Luis Nassif foi o único a nadar contra a correnteza e questionar a exclusiva versão de culpa dos pilotos do Legacy no caso da tragédia com o avião da Gol. Só esqueceu de fazer menção a posição de natureza política do Ministro Waldir Pires que o tempo todo tentou pegar carona no caso com objetivos "republicanos".
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
A opinião de um profissional
Se o marketing político e institucional do Presidente Lula e nota 10 o mesmo não se pode dizer do PSDB. Desde o tempo do FHC todo mundo falava. Vacilaram tanto que hoje ninguém mais se lembra que tudo de bom ou de pior que hoje Lula tem começou na era FHC. No caso da campanha do Geraldo "Chuchu" aquilo que parecia um grande acerto (e até mesmo eu embarquei nessa), a aliança com os Garotinhos se demonstrou um fiasco. Neste caso vale a pena ler a análise de um profissional em marketing político, o Prefeito Cesar Maia. Leiamos o que remeteu em mailing aos assinantes do seu ex-blog:
O QUE HOUVE NO RIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1. Este Ex-Blog tem recebido centenas de e-mails preocupados com o que ocorreu no Rio neste início do segundo turno presidencial e qual a posição do PFL-RJ. Bem, quanto a isto não há no que ter dúvidas: o PFL-RJ é Geraldo. Perguntam por que este Ex-Blog o tratava de Alckmin e agora o trata de Geraldo. A resposta é simples: houve efetivamente mudanças aqui e respeitamos as decisões do comando da campanha.
2. Os seniors do PMDB-RJ leram bem os resultados do primeiro turno e viram que o voto contra o Lula foi amplamente majoritário nas duas "capitais" -Rio e Niterói- que representam 48% do eleitorado do estado. Isso pela força agregada de Geraldo, HH e Cristovam. E viram mais: que em importantes regiões do Estado, Geraldo venceu em grande parte do Norte, com exceção de Campos, e com larga margem como nas regiões serranas. Lula ficou com a região dos Lagos e o Sul-Industrial. E claro, com a Baixada Fluminense, área receptiva à prática populista, onde Lula ganha e não precisa do apoio de ninguém.
3. Com este mapa na mão e com apoio do presidente nacional do PSDB e a simpatia do PSDB-RJ -que não esconde que prefere Cabral, que já foi parte integrante do grupo deles como presidente do legislativo. Com isso aplicaram um golpe: parte do PMDB ligada a Michel Temer, numa farsa, apóia Geraldo. Com isso, a prioridade deles -a eleição estadual (dados os riscos que enfrentam numa vitória de Denise Frossard, pelos descaminhos que ocorreram no estado, mais uma vez quebrado) passa a contar com um link presidencial onde a candidatura do PMDB é fraca -boa parte do interior e grande parte da Capital.
4. Com isso Cabral passa a ter dois palanques presidenciais -Lula e Geraldo- onde interessar a eles. Onde Geraldo+Denise são fortes (ou Lula leva uma surra dos demais), e lembro que isso representa 60% do eleitorado do Estado, eles fazem a chapa e o panfleto: Geraldo-Cabral. Onde Lula é forte eles fazem a chapa e o panfleto Lula-Cabral. Ou seja, Cabral passa a ter os dois candidatos a presidente onde eles quiserem.
5. Garotinho e Rosinha tem um desgaste tão grande no Estado todo -e claro terminal nas "capitais"- que por isso Cabral os escondeu no primeiro turno. O PSDB-BR tirou Garotinho da clandestinidade e deu palanque para ele fazer a campanha do Cabral. Imediatamente Garotinho passou a agredir o PFL-RJ e não Lula. Em todas as entrevistas dadas -depois que veio à luz do dia pelas mãos do PSDB- o único foco é agredir o PFL.
6. Se o PSDB queria priorizar a eleição presidencial se equivocou, pois seus novos parceiros usam Geraldo para priorizar a campanha estadual, com a chancela de Geraldo, com direito a fotos e imagens.
7. E mais grave ainda: Lula não venceu no primeiro turno no estado e menos ainda na classe média onde nas "capitais" a chapa Geraldo-Denise obteve mais de 55% em várias zonas eleitorais. O mesmo nas regiões serranas. Mas isso ocorreu também pela votação de Heloisa Helena e Cristovam que somaram quase 25% dos votos. Aliás, um eleitor histórico no Rio que faz um voto pela esquerda ou de rebeldia ou ético.
8. Mas quando Geraldo aparece com Garotinho, esse eleitor passa a fazer o discurso que os ditos artistas fizeram na reunião na casa do showman Gilberto Gil: se todos são iguais fiquemos com Lula que está mais perto do povão. A pesquisa do último fim de semana no Estado do Rio mostrou isso e de forma contundente. Eleitores potenciais de Geraldo como Gabeira, o deputado mais votado do estado, preferem a sombra por enquanto, dado que se integraram à necessidade de mudar o comando político do estado.
9. E o que pode fazer a campanha de Denise Frossard? De um lado coerentemente votar e indicar o nome de Geraldo. E de outro sublinhar uma marca de independência -de candidata de Estado que a caracteriza, como comunicação geral e atuar pragmaticamente em apoio a Geraldo na medida que os constrangimentos da armadilha Cabral-Lula-Geraldo, permitam. O PMDB já faz isso amplamente: faz campanha nas áreas fortes de Geraldo-Denise com um panfleto lastreado pelo PSDB, de Geraldo-Cabral. O PSDB-RJ se articula e se reúne neste esquema.
10. Essas são as questões que este Ex-Blog imagina que todos saibam, mas que pelas centenas de e-mails, muitos não sabiam.
O QUE HOUVE NO RIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1. Este Ex-Blog tem recebido centenas de e-mails preocupados com o que ocorreu no Rio neste início do segundo turno presidencial e qual a posição do PFL-RJ. Bem, quanto a isto não há no que ter dúvidas: o PFL-RJ é Geraldo. Perguntam por que este Ex-Blog o tratava de Alckmin e agora o trata de Geraldo. A resposta é simples: houve efetivamente mudanças aqui e respeitamos as decisões do comando da campanha.
2. Os seniors do PMDB-RJ leram bem os resultados do primeiro turno e viram que o voto contra o Lula foi amplamente majoritário nas duas "capitais" -Rio e Niterói- que representam 48% do eleitorado do estado. Isso pela força agregada de Geraldo, HH e Cristovam. E viram mais: que em importantes regiões do Estado, Geraldo venceu em grande parte do Norte, com exceção de Campos, e com larga margem como nas regiões serranas. Lula ficou com a região dos Lagos e o Sul-Industrial. E claro, com a Baixada Fluminense, área receptiva à prática populista, onde Lula ganha e não precisa do apoio de ninguém.
3. Com este mapa na mão e com apoio do presidente nacional do PSDB e a simpatia do PSDB-RJ -que não esconde que prefere Cabral, que já foi parte integrante do grupo deles como presidente do legislativo. Com isso aplicaram um golpe: parte do PMDB ligada a Michel Temer, numa farsa, apóia Geraldo. Com isso, a prioridade deles -a eleição estadual (dados os riscos que enfrentam numa vitória de Denise Frossard, pelos descaminhos que ocorreram no estado, mais uma vez quebrado) passa a contar com um link presidencial onde a candidatura do PMDB é fraca -boa parte do interior e grande parte da Capital.
4. Com isso Cabral passa a ter dois palanques presidenciais -Lula e Geraldo- onde interessar a eles. Onde Geraldo+Denise são fortes (ou Lula leva uma surra dos demais), e lembro que isso representa 60% do eleitorado do Estado, eles fazem a chapa e o panfleto: Geraldo-Cabral. Onde Lula é forte eles fazem a chapa e o panfleto Lula-Cabral. Ou seja, Cabral passa a ter os dois candidatos a presidente onde eles quiserem.
5. Garotinho e Rosinha tem um desgaste tão grande no Estado todo -e claro terminal nas "capitais"- que por isso Cabral os escondeu no primeiro turno. O PSDB-BR tirou Garotinho da clandestinidade e deu palanque para ele fazer a campanha do Cabral. Imediatamente Garotinho passou a agredir o PFL-RJ e não Lula. Em todas as entrevistas dadas -depois que veio à luz do dia pelas mãos do PSDB- o único foco é agredir o PFL.
6. Se o PSDB queria priorizar a eleição presidencial se equivocou, pois seus novos parceiros usam Geraldo para priorizar a campanha estadual, com a chancela de Geraldo, com direito a fotos e imagens.
7. E mais grave ainda: Lula não venceu no primeiro turno no estado e menos ainda na classe média onde nas "capitais" a chapa Geraldo-Denise obteve mais de 55% em várias zonas eleitorais. O mesmo nas regiões serranas. Mas isso ocorreu também pela votação de Heloisa Helena e Cristovam que somaram quase 25% dos votos. Aliás, um eleitor histórico no Rio que faz um voto pela esquerda ou de rebeldia ou ético.
8. Mas quando Geraldo aparece com Garotinho, esse eleitor passa a fazer o discurso que os ditos artistas fizeram na reunião na casa do showman Gilberto Gil: se todos são iguais fiquemos com Lula que está mais perto do povão. A pesquisa do último fim de semana no Estado do Rio mostrou isso e de forma contundente. Eleitores potenciais de Geraldo como Gabeira, o deputado mais votado do estado, preferem a sombra por enquanto, dado que se integraram à necessidade de mudar o comando político do estado.
9. E o que pode fazer a campanha de Denise Frossard? De um lado coerentemente votar e indicar o nome de Geraldo. E de outro sublinhar uma marca de independência -de candidata de Estado que a caracteriza, como comunicação geral e atuar pragmaticamente em apoio a Geraldo na medida que os constrangimentos da armadilha Cabral-Lula-Geraldo, permitam. O PMDB já faz isso amplamente: faz campanha nas áreas fortes de Geraldo-Denise com um panfleto lastreado pelo PSDB, de Geraldo-Cabral. O PSDB-RJ se articula e se reúne neste esquema.
10. Essas são as questões que este Ex-Blog imagina que todos saibam, mas que pelas centenas de e-mails, muitos não sabiam.
A vitória do marketing político e institucional
Para mim o Lula já venceu as eleições. Não pelas razões elencadas pelo cidadão no comentário que postei abaixo. Sou da classe média morador do Rio de Janeiro cidade onde o PIB per capita teve uma queda de 27% em seis anos e sei o sufoco que foram principalmente os últimos quatro. No entanto não se pode lutar contra a realidade. Lula tem a melhor equipe de marketing que já se viu em 20 anos. Desde a ditadura não se via tamanha competência. Sem contar a eleição do Lula em 2002 onde variáveis econômicas se juntaram a propaganda para favorecê-lo, em todo o seu governo o marketing foi um primor. Não só a propaganda institucional como também o marketing político, o sentido da estratégia e a habilidade da superação das crises, com teses e argumentos que se impõe a realidade de maneira insofismável. Nessa afirmação conta o presidente com uma rede de divulgação política que repercute em massa qualquer máxima contida numa frase ou pensamento saída da cabeça do setor de propaganda. Agora mesmo na conquista do voto do segundo turno agem com extrema sofisticação conseguindo agradar os eleitores do Cristovam e da HH mantendo teses anacrônicas nas quais nem mesmo eles acreditam. Transformaram a derrota no debate numa retumbante vitória ao conseguir transformar as incisivas intervenções do Alkmin em "agressividade", vitimando o presidente e salvando a pele do candidato. Agora, nada disso teria acontecido sem a cabeça do "blockbuster político" chamado José Dirceu que lapidou a guinada do seu guia para o centro, e transformou os social-democratas daqui em retrógrados conservadores. Parabéns a todos, José Dirceu, Duda Mendonça, Gushiken, João Santana, Luis Dulci e outros que nos brindaram com mais quatro anos do senhor Luis Inácio.
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Quem concordar que vote nele
Comentário irônico no Blog do Josias de um eleitor do Lula:
"Cansei, vou votar no Alckmin. Cansei de ir ao supermercado cheio de gente fazendo compras porque os alimentos estão baratos, porque o salário aumentou, porque o poder aquisitivo aumentou, porque tanta gente está empregada. Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana, agora todo mundo pode gastar. Cansei dos estacionamentos sem vagas, agora todo mundo tem carro. Cansei dos shoppings com gente se espremendo, agora todo mundo pode comprar e se divertir. Cansei das ofertas de crédito bancário, de cartão de crédito, de empréstimo consignado com juros baratos para todo mundo - isso antes era privilégio, agora perdeu a graça. Cansei desse governo que distribui dinheiro dos impostos para milhões de famílias sem renda, só para combater a fome e reduzir a miséria - esse dinheiro poderia ser usado para ajudar os empresários endividados da mídia, para editar melhores jornais e revistas. Cansei do PROUNI, que colocou na universidade jovens da classe pobre, misturando-os com os ricos."
Você concorda?
"Cansei, vou votar no Alckmin. Cansei de ir ao supermercado cheio de gente fazendo compras porque os alimentos estão baratos, porque o salário aumentou, porque o poder aquisitivo aumentou, porque tanta gente está empregada. Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana, agora todo mundo pode gastar. Cansei dos estacionamentos sem vagas, agora todo mundo tem carro. Cansei dos shoppings com gente se espremendo, agora todo mundo pode comprar e se divertir. Cansei das ofertas de crédito bancário, de cartão de crédito, de empréstimo consignado com juros baratos para todo mundo - isso antes era privilégio, agora perdeu a graça. Cansei desse governo que distribui dinheiro dos impostos para milhões de famílias sem renda, só para combater a fome e reduzir a miséria - esse dinheiro poderia ser usado para ajudar os empresários endividados da mídia, para editar melhores jornais e revistas. Cansei do PROUNI, que colocou na universidade jovens da classe pobre, misturando-os com os ricos."
Você concorda?
O medo venceu a esperança
A serem verdadeiros os números do último Datafolha parece ter dado certo a estratégia da campanha do Lula de botar medo no eleitor do Cristovam e da Helosa Helena. O que eles mais temem é a volta da privatização do governo FHC que modernizou o estado mas botou muita gente para correr atrás de trabalho pelas chamadas leis de mercado, e que até hoje estão por ai subempregados. Outros tentaram empreender e quebraram a cara com o baixo crescimento econômico pós 1999. Essa "elite" que trabalha para o estado é a unica parcela da classe média que ainda consegue suportar os altos juros e impostos do governo Lula. A outra está quebrada vivendo da esperança que o Lula prometeu.
Mas será o impossível? (2)
As leituras que se podem fazer do Datafolha de ontem, acreditando-se como verdadeiros os números finais, todos dentro da margem de erro são:
1) O Debate da Band agradou a militância do Alkmin e irritou o Lula;
2) O tracking de campanha do Lula é muito bom. Detectou rapidamente o sentimento de uma parcela do eleitor e fixou o contra-ataque na imagem de agressividade do Chuchu;
3) Foi esta imagem que repercutiu na imprensa no dia seguinte. Quem não viu ouviu, e ficou ao lado do Presidente - a vítima -, não do candidato;
4) Se por um lado a dicotomia presidente/candidato afetou Lula emocionalmente durante o debate, não o afetou no dia a dia. Continuou a trabalhar e a fazer política de uma maneira muito mais visível haja vista que abriu as portas do palácio para a imprensa em tempo quase integral;
5) Definitivamente o PFL não é um bom conselheiro. Atrapalha mais do que ajuda o Geraldo, que ficou parado quase 48 horas ao invés de ir a luta logo no primeiro momento. Sua tropa de choque ficou deitada em cima dos louros de uma pseudo vitória como se dissesse ao PFL "dessa vez nós falamos a mesma língua";
6) A estranhar um Datafolha sem a Globo, diferentemente do que vinha ocorrendo desde o início da propaganda política. Será que a divulgação da pesquisa foi precipitada pelo vazamento, ou se trata de uma pesquisa fora da "combinação", o que retiraria dela a credibilidade que o acordo Folha/Globo vinha dando;
7) Fernando Rodrigues é um jornalista muito bem informado. Coincidência ou não na mesma hora em que o resultado vazava ele sutilmente já o anunciava com uma análise da disputa Cristovam/Roriz acontecida em 2002.
1) O Debate da Band agradou a militância do Alkmin e irritou o Lula;
2) O tracking de campanha do Lula é muito bom. Detectou rapidamente o sentimento de uma parcela do eleitor e fixou o contra-ataque na imagem de agressividade do Chuchu;
3) Foi esta imagem que repercutiu na imprensa no dia seguinte. Quem não viu ouviu, e ficou ao lado do Presidente - a vítima -, não do candidato;
4) Se por um lado a dicotomia presidente/candidato afetou Lula emocionalmente durante o debate, não o afetou no dia a dia. Continuou a trabalhar e a fazer política de uma maneira muito mais visível haja vista que abriu as portas do palácio para a imprensa em tempo quase integral;
5) Definitivamente o PFL não é um bom conselheiro. Atrapalha mais do que ajuda o Geraldo, que ficou parado quase 48 horas ao invés de ir a luta logo no primeiro momento. Sua tropa de choque ficou deitada em cima dos louros de uma pseudo vitória como se dissesse ao PFL "dessa vez nós falamos a mesma língua";
6) A estranhar um Datafolha sem a Globo, diferentemente do que vinha ocorrendo desde o início da propaganda política. Será que a divulgação da pesquisa foi precipitada pelo vazamento, ou se trata de uma pesquisa fora da "combinação", o que retiraria dela a credibilidade que o acordo Folha/Globo vinha dando;
7) Fernando Rodrigues é um jornalista muito bem informado. Coincidência ou não na mesma hora em que o resultado vazava ele sutilmente já o anunciava com uma análise da disputa Cristovam/Roriz acontecida em 2002.
terça-feira, 10 de outubro de 2006
Mas será o impossível?
Bomba! Bomba! Marta Suplicy afirma em comício no Clube Tietê, em São Paulo que Datafolha de amanhã sairá com 56 para Lula e 44 para Alkmin nos votos válidos. Segundo ela Lula cresceu após o debate. A conferir. A notícia está no Blog do Noblat.
Político não tem colaborador, tem interesses
Começa a rolar uma onda em torno do pensamento acadêmico do economista Yoshiaki Nakano tido como "colaborador" do Geraldo Alkmin. Luis Nassif, jornalista e blogueiro de economia e política, que se declara admirador das idéias de Nakano (desvalorização do real, câmbio controlado, drástica redução dos gastos de custeio, etc.) pergunta ao Chuchu se este não vai sair em defesa de Nakano na polêmica com outro economista coroado, Alexandre Schwartzman, aventando a hipótese do candidato vir a perdê-lo como colaborador. Essa história de "perder" colaborador me traz à lembrança aquela propaganda eleitoral de 2002 em que apareciam grupos de "colaboradores" que davam a impressão de estar preparando uma ação governamental espetacular para por em prática assim que o governo assumisse. Como consequência tivemos um ano de recessão e a continuidade, principalmente, da política econômica do governo anterior. Gostaria de saber onde se encontram aqueles senhores e senhoras de então e perguntar se tudo aquilo que os bem intencionados "planejaram" foi aplicado. Luis Nassif que é um jornalista bastante aplicado teve ter acesso a estes arquivos e recuperar quem eram, e se a pessoa a quem eles se reportavam teve dificuldade de enfrentar "divididas", e mandá-los para o chuveiro junto com suas brilhantes idéias.
Soltando fumaça pelo nariz
Gente! Hoje é terça-feira e já faz 48 horas que terminou o debate e o Lula continua soltando fumaça pelo nariz. Parece a encarnação do demônio. O homem abriu o palácio para a imprensa e praticamente a cada meia hora solta uma. Em cada atividade política da sua agenda cria uma frase nova, parte para um novo ataque. Dispensou o Ciro Gomes e começou ele mesmo a destilar o veneno. O "lulinha paz e amor" foi para o brejo. Se antes não sabia quando era candidato ou presidente agora tem certeza que é candidado, e que não gostou de ver o seu lado presidente ser reduzido a um pinóquio ventríloquo. Hoje tem pesquisa e tudo indica que teremos novidade. Afinal quem tinha que estar estrilando e tentando aparecer mais que melancia seria o Geraldo "Chuchu com camarão", que até sexta-feira passada estava perdendo a eleição por 7 pontos de diferença. Notem que toda a bronca é voltada para um assunto que a classe média "nacionalista" tem como tabu: o estado empreendedor, as estatais. Dar uma de "clóvis" e sair por ai assustando funcionários públicos e os de Furnas, Petrobras, Caixa e BB, este o estado necessário, só pode ser desespero de não perder os ex-votos do Cristovam e da HH.
segunda-feira, 9 de outubro de 2006
Chega de debate! Falemos de futebol
Luis Nassif em seu blog pede para que se mude de assunto e pare de falar em debate. Também acho! Vamos falar da sensacional partida de futebol que assistimos ontem entre o São Paulo e o Corintians. Os corintianos passaram a semana toda anunciando que iriam partir para cima, botaram o vice de futebol Ciro Cara Feia e o assistente técnico Marco Aurélio Trombadinha para deitar falação e assustar "os bambi". E o que se viu? "Os bambi" partiram para cima e meteram dois gols logo de cara, meu. Os corintianos não sabiam onde enfiar a cabeça. Começaram a chutar as canelas dos são-paulinos, e não acertaram um passe sequer. Parecia que os jogadores tinham treinado com o Íbis e não sabiam o que iam enfrentar. O que mais estranhei foi o Corintians, time de maior torcida, não ter se prevalecido da vantagem que adquiriu com o dinheiro vindo de fora, e ao invés de argumentar como campeão, com a bola no pé e chute ao gol ter ficado com aquela lengalenga de se deixar levar pelo discurso que a diretoria preparou para ele. Jogando assim certamente irá perder. Certo que equilibrou o jogo lá pelo segundo tempo, mas aí o estádio já estava quase às moscas e quase ninguém assistiu. Para quem assistiu ao jogo e torceu pelo São Paulo ficou com a impressão que aquele gol marcado no minuto final deu a vitória. Só que ai a partida já tinha sido interrompida e vamos ter que esperar a continuação do jogo. Espero que vocês tenham assistido esta sensacional partida. Como, não assistiu? Passou na Band ontem às 8:30 da noite.
As sandálias da humildade
A novidade de ontem no debate da Band foi o fato de o presidente em exercício ter que ouvir poucas e boas cara a cara, na "lata". Tivesse Lula se acostumado durante todo seu mandato a conceder entrevistas coletivas, a ir ao parlamento debater com deputados e senadores (só não assume o parlamentarismo do nosso regime quem não quer) teria evitado a catástrofe de termos um presidente nocauteado num estúdio de TV. No poder a platéia é composta normalmente por bajuladores, puxa-sacos, gente que vive para dizer aquilo que o presidente gosta de ouvir - que ele é o maior presidente que o Brasil já teve na sua história, e que nada do que foi construido por ele ninguém pensou antes em fazer -. Bem ou mal Alkmin representou o pensamento de quase metade do povo brasileiro que a muito tempo andava querendo dizer ao presidente "umas verdades". É aquela coisa que os seguranças impedem de deixar você caminhar solto pelas ruas e poder ouvir um impropérios, ganhar um tomate na cara de algum engraçadinho (lembram do José Dirceu levando uma guardachuvada, ou do José Sarney ganhando uma machadada). Só assim um governante desce da sua empáfia e veste as sandálias da humildade.
domingo, 8 de outubro de 2006
Pimenta no dos outros é refresco
Quando começou a propaganda política lembro-me da pressa do prefeito Cesar Maia em querer que o Alkmin partisse para o ataque e "desconstruí-se" o Lula. Os marqueteiros do Alkmin pediam um tempo enquanto os analistas diziam que se demorasse a bater o eleitor não iria aceitar a "baixaria". Agora o Lula acuado no segundo turno começa a partir para a "guerra" depois de um primeiro turno de "propostas". Como reagirá o eleitor diante desta mudança no tempo final, irá considerar ou não "baixaria" os ataques que vem promovendo a oposição?
Quem debateu para quem
Alkmin debateu para o eleitor médio, aquele que ganha acima de 700/900 reais. Lula se defendeu e não debateu para ninguém, a não ser para ele mesmo, coerente com a sua idéia superlativa de ter sido o melhor em 500 anos.
O chuchu virou bicho
O debate pegou fogo! Lula pensou que fosse encontrar um chuchu para fazer uma sopa, e encontrou pela frente um abacaxi pra descascar. Teve que engolir sapo e ouvir o que não queria ouvir. Não sei se perdeu ou ganhou, mas de nada adiantou ter passado a semana toda pensando que fosse encontrar um Alkmin acanhado e medroso. Encontrou um adversário "zen" que bateu pesado e conseguiu colar nele alguns decalques como "mentiroso", "arrogante", "corrupto", "incompetente", entre outros.
Assinar:
Postagens (Atom)