sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Para entender a guerra

Gustavo Chacra, jornalista e blogueiro do jornal "O Estado de São Paulo" publicou hoje o artigo "Tudo o que você queria saber sobre a guerra e tinha medo de perguntar". Eis a seguir:

- Nenhum míssil foi disparado da Cisjordânia contra Israel no atual conflito
- Se fosse, Israel teria que fechar o aeroporto Ben Gurion, a poucos quilômetros da fronteira
- Como qualquer país do mundo, Israel tem o direito de se defender de mísseis e foguetes lançados contra o seu território
- O Hamas prega a destruição de Israel na sua carta de fundação, mas líderes do grupo já deram a entender que aceitariam uma trégua de anos caso fosse criado um Estado palestino na Cisjordânia e Gaza. Os israelenses exigem um reconhecimento incondicional
- Palestinos de Gaza e da Cisjordânia não se encontram nunca, a não ser por autoridades
- Existem muitos cristãos palestinos
- O principal líder do Hamas, Khaled Meshal, vive em Damasco, bem longe da destruída faixa de Gaza
- Israel desrespeita acordos com os palestinos e determinações da ONU ao construir e manter assentamentos na Cisjordânia e nas partes árabes de Jerusalém, tornando praticamente impossível a criação de um Estado palestino na área
- Palestinos sofrem enormes restrições para se movimentar pela Cisjordânia, não podendo dirigir em algumas estradas usadas por israelenses e sendo obrigados a passar por checkpoints de Israel ao ir de uma cidade palestina para outra
- Foram retirados 8.000 colonos da Faixa de Gaza. Esse número é cerca de 3% do total de colonos judeus que vivem na Cisjordânia
- Nenhum assentamento foi desmantelado na Cisjordânia. Todos são considerados ilegais pela ONU
- O "pacifista" Shimon Peres, e não Netanyahu e Sharon, foi o responsável pelo maior número de assentamentos construídos nosterritórios palestinos
- Peres também era premiê quando Israel bombardeou um abrigo da ONU em Qana, no Líbano, matando mais de cem pessoas
- Sharon retirou os assentamentos de Gaza, Netanyahu entregou Hebron para a Autoridade Palestina e Begin assinou o acordo de paz com o Egito. Todos eles eram conservadores
- O mandato do presidente palestino, Mahmoud Abbas, acaba hoje
- No seu mandato, foram retirados todos os cartazes que louvavam mártires (terroristas suicidas) das ruas de Ramallah. A cidade tem se desenvolvido bem, longe de ter aquela imagem de destruição de cinco anos atrás, quando era governada por Arafat, que vivia cercado por tanques na Muqata (quartel-general da Autoridade Palestina)
- Não foram realizadas novas eleições lesgislativas nos territórios palestinos e, em teoria, o Hamas ainda tem maioria no Parlamento
- Israel retirou os assentamentos da Faixa de Gaza, mas nunca perdeu o controle do espaço aéreo e marítimo do território
- O Hamas executou, durante o atual conflito, membros do Fatah (grupo rival palestino). A informação é de Amira Hass, repórter israelense que viveu por anos em Gaza e é respeitada mesmo por autoridades do Hamas
- As pessoas não vivem em bunkers nas cidades do sul de Israel, apesar, de muitas vezes, terem que se refugiar em abrigos por medo de serem alvo de mísseis
- Os jornalistas são proibidos por Israel e pelo Egito de entrar em Gaza. Ficam posicionados a quilômetros de distância da fronteira. A imagem que se vê de Gaza nas TVs vem de canais como a Al Jazeera ou por zoom das câmeras que estão em Israel
- Não se vê tanta destruição nas cidades israelenses porque o governo de Israel é rápido na reconstrução
- Não foi cometido nenhum atentado suicida desde o início da ofensiva
- Além do Hamas, o Jihad Islâmico também enfrenta Israel
- O território de Israel hoje não é o que ficou definido na partilha da ONU, em 1947. Mas sim o dos acordos de armísticio, de 1949
- Até 1967, Israel não ocupava territórios palestinos fora da área do armistício
- Jenin, símbolo dos combates na ofensiva israelense contra a Cisjordânia em 2002, é uma das cidades palestinas mais estáveis atualmente
- Os disparos de mísseis feitos por palestinos desde o território libanês poderiam ter massacrado 26 idosos israelenses que viviam em um asilo em Naharyiah. Vejam descrição em reportagem minha no Estado
- O líder Hamas, xeque Ahmed Yassin, assassinado por Israel em 2004, nasceu em Ashkelon, hoje território israelense e alvo de ataques do grupo palestino. Shimon Peres, presidente de Israel, nasceu na Polônia
- O governo libanês condenou o lançamento de mísseis a partir do seu território contra Israel, dizendo que os responsáveis violaram a resolução 1701 da ONU. Foi uma das raras vezes que a administração libanesa ficou ao lado dos israelenses
- Aviões israelenses também violam a mesma resolução da ONU ao voar sobre o Líbano todo (não apenas o sul), durante quase todo o ano
- O conflito árabe-israelense tem na liderança do lado "árabe" um país que não é "árabe" - O Irã, que é persa. Os países "árabes", como o Egito e a Arábia Saudita, estão contra o Hamas
- O Irã, mesmo atacando verbalmente Israel, nunca teve coragem de bater de frente com os israelenses
- A visita de Celso Amorim à região não ganhou muito "destaque" na imprensa israelense

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